quarta-feira, 29 de julho de 2009

SÉRIE PRA PENSAR...

Sobre a Confiança e a Amizade


Nestes últimos dias venho pensando um pouco mais profundamente sobre estas questões tão importantes para a nossa vida de relação. Talvez seja mesmo verdade que o nosso pensamento sempre conduz a nossa ação para o que nos aflige, preocupe ou incomode. Acho até que esta seja uma estratégia de sobrevivência para o enfrentamento das questões da nossa vida e que podem nos levar a escolha de um caminho, de uma atitude ou uma ação que precisamos tomar em relação a uma determinada situação que estamos vivendo.
Para falar de Amizade e Confiança, precisamos falar da Vida, tanto no seu sentido mais ampliado como no seu sentido mais intimo, mais pessoal. É muito difícil externar sentimentos e impressões que guardamos dentro de nós e formam o arcabouço e a sustentação das nossas relações de vida. Desde sempre, crescemos e vemos crescer em nós algumas atitudes que acabam por moldar a forma e a maneira como somos, como nos mostramos e como somos vistos. Ao fazermos as nossas escolhas, estamos orientando as nossas preferências e os nossos caminhos, a cor que gostamos, a roupa que odiamos, o nosso time de coração e até os nossos amigos. E é o conjunto dessas coisas que constroem a maneira como vemos e nos relacionamos com o mundo que habitamos.
São as nossas atitudes que nos dirigem pra os lugares em que estamos e para as pessoas que convivemos.E mais ainda, são os nossos sentimentos que nos fazem escolher no nosso caminho, os lugares e as pessoas que gostamos. Assim, acho que vamos estabelecendo a nossa rede de amigos, os lugares que gostamos, os cheiros e os aromas que nos dão prazer, as flores e as frutas que mais gostamos, e vamos construindo os nossos afetos – e os desafetos também e aprendemos a conservar as nossas lembranças. Longe de ser piegas, penso que esse processo é ao mesmo tempo comum a todo mundo e particular a cada um de nós. Acredito que é dessa maneira que construímos a nossa individualidade e desenvolvemos as nossas afinidades.
Só assim, podemos experimentar as diferentes situações que se apresentam para nós. Se conhecemos um pouco a nossa condição e criamos em torno de nós uma ambiência favorável , estaremos valorizando todo o esforço que naturalmente tivermos de empreender para o alcance desse estado em nós e no nosso caminho . Por isso, penso ser de grande importância e valor a conquista da Confiança e da Amizade em todas as nossas relações. Precisamos cultivar esses sentimentos com os nossos familiares - vejam como é fundamental essa prática dentro de casa, entre os que compõem um núcleo familiar, com os nossos colegas de trabalho - com a parceria e a integração fortalecendo um propósito comum e entre os verdadeiros amigos – trazendo a cumplicidade e a parceria para o convívio.
Mas, a questão que ora tem me feito pensar é a seguinte: Como agir quando a desconfiança começa a aparecer? Se estamos nos esforçando para deixar (re) nascer em nós o homem novo, como devemos nos comportar? Será que essa não é uma oportunidade para experimentarmos em nós o que apontamos para os outros? Porque será que nos incomodamos tanto na posição de traídos? São respostas difíceis – e em muitas vezes, até nem estamos preparados para recebê-las. De qualquer forma, é sempre bom pensar sobre essa(s) questão (ões). Vamos lá, então....?

sábado, 25 de abril de 2009

SOBRE O CULTO NO LAR...

O Culto do Evangelho no Lar


artigo publicado na revista “Reformador”, Ed. FEB
JAQUELINE S. LEAL FONSECA

“Orar em família é ver derramar-se sobre ela o cálice aurífico dos céus, acondicionando-nos nesse imenso bojo de ventura que o Cristo traz a visitar-nos.” – Tereza de Brito (1)

Conta-nos o Espírito Neio Lúcio (2), pela psicografia de Francisco C. Xavier, que Jesus, quando se asilava provisoriamente na casa de Simão Pedro, percebendo que o teor das conversações já descambava para a improdutividade, tomou das Sagradas Escrituras e, após colocações simples, por meio das quais trouxe à realidade daqueles Espíritos a importância do instituto doméstico, desenrolou os Escritos Divinos e convidou os familiares de Simão à palestra edificante e à meditação.

Iniciava-se o primeiro culto cristão no lar.

Mas, o que é o Culto do Evangelho no Lar?

Segundo André Luiz, na obra Desobsessão (3), trata--se de “estudo da Doutrina Espírita, à luz do Evangelho do Cristo e sob a cobertura moral da oração”.

O Culto do Evangelho no Lar (CEL) é o momento semanal em que, beneficiando-nos da companhia dos nossos familiares que comungam dos mesmos princípios religiosos que nós, podemos elevar o nosso pensamento ao Mais Alto através da prece reconfortante e do estudo e debate de problemas corriqueiros, do âmbito familiar ou social, à luz do Evangelho de Jesus decodificado pelo Espiritismo. É “a festiva oportunidade de conviver algumas horas com os Espíritos de Luz que virão ajudar-te nas provações purificadoras, em nome daquele que é o Benfeitor vigilante e Amigo de todos nós ”. (4)

Bom, mas para que serve o CEL?

André Luiz, no livro Conduta Espírita (5), diz que “quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.”

Em primeiro lugar, podemos colocar o que os Espíritos nos dizem com relação às bênçãos familiares que podem ser recolhidas desta prática cultivada em várias religiões, que é a da leitura e interpretação dos textos do Evangelho.

Os momentos de culto são dedicados exclusivamente ao reduto doméstico. Portanto, ali os seus componentes estão à vontade para discutir suas dores e seus problemas, as dificuldades vividas no dia-a-dia e interpretá-las à luz da Doutrina Espírita. É um momento de intimidade, de troca de boas vibrações e de bons sentimentos, é um momento em que a Espiritualidade Amiga se destaca para acompanhar aqueles Espíritos que estão em luta juntos, na romagem carnal, a fim de que eles possam recolher os melhores benefícios daqueles minutos.

Orando juntos, segundo a nossa querida Tereza de Brito, no livro Vereda Familiar (6), nós nos utilizamos “das formidáveis bênçãos que movimentamos para o equilíbrio e para a presença da luz em nosso cenário doméstico”. Então, podemos concluir que o CEL contribui para a manutenção do equilíbrio e da paz doméstica.

Joanna de Ângelis, no livro Florações Evangélicas (7), coloca que, mesmo num ambiente familiar conturbado, em que existe a evidente reunião de Espíritos não afinados, quando se institui a presença de Jesus naquele lar, esta “(...) produz sinais evidentes de paz, e aqueles que antes experimentavam repulsa pelo ajuntamento doméstico descobrem sintomas de identificação, necessidade de auxílio mútuo.”

Durante o CEL, a família restaura suas forças despendidas ao longo da semana, enquanto eleva o padrão vibratório da casa, unificando os laços familiares por terem a oportunidade de partilhar conhecimentos e dores.

E no Âmbito Espiritual, qual a repercussão do CEL?

André Luiz, no livro Os Mensageiros (8), cap. 37, conta-nos que, após presenciar o CEL de D. Isabel, uma devotada companheira de Nosso Lar que ainda estava encarnada, cuidando de três filhos, e cujo marido a amparava e guardava o seu lar do Plano Espiritual, foi para o jardim de sua casa e observou curiosa cena. Ameaçava tempestade e, naquele momento, entidades de aspecto desagradável, algumas com formas até um tanto quanto aterradoras, arrastavam-se para sua direção, mas quando se aproximavam, recuavam, amedrontadas. Intrigado, perguntou ao seu Mentor, Aniceto, a razão daquela fuga repentina, como se tivessem aquelas entidades se encontrado com algo aterrorizante.

Aniceto, com toda a sua paciência e amor, disse a André Luiz que aqueles irmãos eram os “seres vagabundos da sombra”, que procuravam asilo nos dias de tormenta, porque ainda muito ligados às sensações grosseiras da carne, e por isso, os aguaceiros os incomodavam tanto quanto a nós encarnados. Disse que eles buscavam preferencialmente as casas de diversão noturna, sendo que as residências abertas também eram por eles penetradas, porque as viam como que da mesma matéria que lhes constituía o perispírito.

Aumentando, ainda, os conhecimentos de André Luiz, complementou Aniceto:

“Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão-só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos...” (Destaque nosso.)

Joanna de Ângelis diz, em seu livro Messe de Amor (9), página “Jesus Contigo”, que nós distendemos da nossa casa a luz do Evangelho para o “mundo atormentado”. E diz, ainda mais, que a casa que ora beneficia a rua inteira, e que num prédio, um único apartamento em que haja CEL é capaz de iluminar todo o edifício.

Portanto, para que resguardemos o nosso lar dos Espíritos salteadores e vagabundos das Trevas, formando barreiras vibratórias capazes de os isolar, e para que possamos distender aos nossos irmãos que sofrem os benefícios que colhemos com a prece, mantenhamos o Culto do Evangelho.

E como podemos fazê-lo?

Joanna de Ângelis, na mesma página (10), fala-nos: “Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora.”

Todavia, indispensável que tomemos das palavras de Jesus como base para os comentários principais da noite.

André Luiz, no livro Os Mensageiros (11), cap. 35, conta--nos o que assistiu no Culto do Evangelho em casa de D. Isabel.

Disse o nosso Benfeitor Amigo que, primeiramente, a filha mais jovem proferiu a prece, ao que se seguiu que a filha mais velha leu uma página instrutiva consoladora e, logo após, uma nota triste do noticiário comum. Quando a leitura acabou, D. Isabel abriu o Novo Testamento, como se estivesse procedendo ao acaso, mas, em verdade, André Luiz viu que o marido de Isabel, do Plano Espiritual, intervinha diretamente na abertura do Livro Sagrado, ajudando a focalizar o assunto da noite.

E D. Isabel leu um versículo do Evangelho e o comentou, com o amparo de um Benfeitor Espiritual que a inspirava, fazendo alusão ao que a filha mais velha lera como página inicial e ao episódio triste do jornal leigo.

No livro Renúncia (12), romance mediúnico ditado por Emmanuel ao nosso querido Chico Xavier, Alcíone, protagonista da citada obra, em Culto do Evangelho na casa de seu pai, contara que quando vivia sob tutela do Padre Damiano e de sua mãe, na Espanha, “nunca nos reunimos no culto doméstico sem suplicar o socorro da inspiração divina” e que liam “apenas um versículo de cada vez e esse mesmo, não raro, fornecia cabedal de exame e iluminação para outras noites de estudo.” Dá agora para perceber por que Emmanuel escreveu quatro livros* comentando apenas um versículo de cada vez, em cada leitura edificante que fazemos...

Podemos, assim, concluir que, ao colocarmo-nos confortavelmente em torno da mesa com copos de água pura, a fim de que seja devidamente fluidificada, podemos proferir uma prece simples, e proceder à leitura de página edificante, de um recorte de jornal ou alguma reportagem de revista, além do versículo do Novo Testamento para que possamos, através dele, elucidar o que lemos previamente.

Contudo, podemos utilizar-nos dos recursos literários disponíveis na Doutrina Espírita, quais sejam: livros cujas páginas ou mensagens são lidas antes da prece inicial; leitura e comentários de O Evangelho segundo o Espiritismo ou do Novo Testamento; livros infantis que poderão ser utilizados por aqueles que têm filhos pequenos, dando-lhes, assim, o ensejo de participação ativa no CEL, lendo eles próprios alguma passagem de um livro infantil edificante, que conte alguma história do seu dia-a-dia na escola e que tenha a ver com o tema da noite, além do contato com o conhecimento espírita e a moral cristã contida no Evangelho de Jesus.

Ao final, que seja proferida a prece de agradecimento.

E não podemos esquecer de fixar um horário e um dia da semana específicos para o mister, o qual não deverá ser burlado nem relegado ao esquecimento. Joanna de Ângelis, na já citada página do livro Messe de Amor (13), é clara ao nos informar: “Não demandes a rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres que não possas adiar.

Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar.” (Destaque nosso.)

É importante frisar que o CEL não é um momento para manifestações mediúnicas, salvo em situações extremas, em que se faça necessário a um Mentor Espiritual dar algum recado mais importante. Apesar de o CEL beneficiar alguns companheiros desencarnados que, porventura, estejam em nossa casa ou sejam trazidos até ela para se beneficiarem dos ensinamentos da noite, como exemplifica André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu14, é muito importante que nos abstenhamos de dar passividade a Espíritos sofredores no âmbito doméstico, por ser medida de resguardo do lar, que não possui os aparatos devidos para as medidas de socorro necessárias a esses irmãos. Que os nossos companheiros desencarnados em sofrimento se manifestem na reunião mediúnica do Centro Espírita, que é a sua clínica de psicoterapia em grupo, sob a égide dos ensinamentos de Jesus.

Mas, e se só eu em casa sou espírita? Então não há CEL na minha casa?

Tereza de Brito, por intermédio de José Raul Teixeira, no livro Vereda Familiar (15), fala que “caso os seus familiares não concordem, por serem adultos e pensarem de maneira diferente, não se iniba. Ore e vibre com Jesus você sozinho, seja nos seus aposentos de dormir ou em alguma parte da casa onde você possa recolher-se por alguns momentos.” E se nos lembrarmos de que Joanna de Ângelis disse que podemos beneficiar um prédio inteiro, uma rua toda, o que não faremos àqueles que não participam do CEL mas vivem sob o mesmo teto que nós! “Se os teus se negarem compartir o ministério a que te propões, a sós, reservadamente na limitação de tua peça de dormir, instala a primeira lâmpada do estudo evangélico e porfia...” 16

Em contrapartida, diz que não devemos assim proceder quando temos filhos sob nossa tutela: “Se, todavia, os teus filhos estiverem, ainda, sob a tua tutela, não creias na validade do conceito de deixá-los ir, sem religião, sem Deus... Como lhes dás agasalho e pão, medicamento e instrução, vestuário e moedas, oferta-lhes, igualmente, o alimento espiritual (...)”.

Nós somos responsáveis pelos nossos tutelados e responderemos se, por acaso, eles falharem por omissão nossa. É nosso dever levar a eles uma educação moral com base na Lei Natural, que é a Lei de Deus, contida no Evangelho de Amor que o Cristo nos legou. Portanto, eles têm que participar do CEL, preferencialmente desde bem pequenos, quando já comecem a ensaiar o entendimento das coisas, para que se habituem à rotina semanal e para que incorporem tal hábito, levando-o, a posteriori, ao íntimo de seus futuros lares.

E afinal, é importante mesmo que o espírita faça o CEL todas as semanas, ou basta só freqüentar o Centro e ler os livros doutrinários?

Por vezes, o espírita desavisado, em especial quando pouco estuda as obras da Codificação e complementares, acha que, para que seu lar esteja devidamente protegido dos ataques dos Espíritos levianos e zombeteiros, basta que esteja cumprindo sua “escala” semanal no Centro Espírita e que, antes de dormir, faça a sua prece.

Entretanto, é importante, imprescindível mesmo, que todo espírita faça o CEL, independentemente do número de vezes que compareça ao Centro Espírita, porque a sua prática significa a proteção que o lar necessita contra as investidas das trevas. É mediante o CEL que o nosso lar adquire aquelas barreiras magnéticas mencionadas por André Luiz no cap. 37 de Os Mensageiros 17, citadas anteriormente. É através do CEL que colhemos os benefícios de apaziguamento das animosidades no lar, o aumento da cordialidade entre os que vivem sob o mesmo teto, a força necessária para resolver os problemas familiares de difícil solução, o estreitamento dos laços de consangüinidade.

Vale ressaltar que, independentemente do número de membros da família que ora unida, o importante, e que realmente dá valia às potencialidades magnéticas e vibratórias do Culto do Evangelho no Lar, é a boa intenção na sua prática, é a verdadeira ligação com os Mentores Espirituais, é a freqüência na sua realização e a mudança de atitude dentro de casa, que muito contribuirão para que se mantenha o clima de paz e harmonia que se segue aos minutos de leitura do Evangelho.

Instituamos o Culto do Evangelho em nossos lares, cuidando de nossos filhos para que lhes seja dado o devido encaminhamento religioso, o “pão da vida” de que Jesus nos falou, aquele que realmente nos sacia a fome de luz. E levemos aos irmãos que ainda não o cultivam a informação dos benefícios que ele proporciona, ensinando-os, ajudando-os nos dois ou três primeiros cultos, para que, assim, mais famílias possam recolher as luzes que nós já começamos a receber.

Referências Bibliográficas:

1 TEIXEIRA, José Raul. Vereda Familiar. Pelo Espírito Tereza de Brito. 3. ed. Niterói: Ed. Fráter, 1995. 134 p., cap. 25, p. 99.

2 XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. 213 p., cap. 1.

3 _______. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. 248 p., cap. 70, p. 239.

4 FRANCO, Divaldo Pereira. S.O.S. Família. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 8. ed. Salvador: LEAL, 1998. 158 p., cap. Estudo Evangélico no Lar, p. 63.

5 XAVIER, Francisco Cândido. Conduta Espírita. Pelo Espírito André Luiz. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 155 p., cap. 5, p. 33.

6 Op. cit., cap. 25, p. 99.

7 FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed. Salvador: LEAL, 1987. 192 p., cap. 3, p. 20.

8 XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros. 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. 268 p., cap. 37.

9 FRANCO, Divaldo Pereira. Messe de Amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed. Salvador: LEAL, 1993. 166 p., p. 162, cap. 59.

10 Idem, ibidem.

11 XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros, 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 35.

12 ________. Renúncia. Pelo Espírito Emmanuel. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. 464p., 2a parte, cap. III, p. 333.

13 FRANCO, Divaldo Pereira. Messe de Amor, cap. 59, p. 163.

14 XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu, 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. VI, p. 37.

15 Teixeira, José Raul. Vereda Familiar, cap. 24, p. 96.

16 Op. cit.. cap. Estudo Evangélico, p. 62.

17 XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros, 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 37.

SÉRIE PRA PENSAR...

Necessário e
Supérfluo


715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?

“Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”

716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?

“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.”

717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?

“Olvidam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”

Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.

Resumo

O homem ponderado conhece o limite do necessário por intuição, mas muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. Sendo insaciável, os vícios lhe alteram a constituição e criam necessidades que não são reais. Os que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário, olvidam a lei de Deus e terão que responder pelas privações que houverem causado aos outros.

Comentários

Grande parte dos sofrimentos que experimentamos advém não da falta do necessário, mas porque nos lamentamos de não possuir o supérfluo. Compreender a diferença entre o que é necessário e o que é supérfluo não é matéria exclusiva dos compêndios espíritas. Leiam a respeito algumas citações de autorias variadas:

“Compra não o que consideras oportuno, mas o que te falta; o supérfluo é caro, mesmo que custe apenas um soldo.” (Catão, Citado em Sêneca, Cartas a Lucílio)

“A utilidade mede a necessidade: e como avalias o supérfluo?” (Sêneca)

“Os bens supérfluos tornam a vida supérflua.” (Píer Pasolini, Scritti Corsari)

“Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.” (Marquês de Maricá, Máximas)

“Todo o Mal Provém não da Privação, mas do Supérfluo.” (Fernando Namora)

“A economia significa o poder de repelir o supérfluo no presente, com o fim de assegurar um bem futuro e sobre este aspecto representa o domínio da razão sobre o instinto animal.” (Thomas Atkinson)

“O supérfluo, com o tempo, torna-se numa coisa muito necessária.” (George Buffon)

“A lei seca da arte é esta: 'Ne quid nimis', nada além do necessário. Tudo o que é supérfluo, tudo aquilo que podemos suprimir sem alterar a essência é contrário à existência da beleza.” (Ortega y Gasset)

“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil.” (Copérnico)

Voltando ao aspecto espírita de nosso estudo, acrescentamos dois textos de Emmanuel a respeito do necessário e do supérfluo:

Supérfluo

Por toda parte na Terra, vemos o fantasma do supérfluo enterrando a alma do homem no sepulcro da provação.

Supérfluo de posses estendendo a ambição…

Supérfluo de dinheiro gerando intranqüilidade…

Supérfluo de preocupações imaginárias abafando a harmonia…

Supérfluo de indagações empanando a fé…

Supérfluo de convenções expulsando a caridade…

Supérfluo de palavras destruindo o tempo…

Supérfluo de conflitos mentais determinando o desequilíbrio…

Supérfluo de alimentação aniquilando a saúde…

Supérfluo de reclamações arrasando o trabalho…

No entanto, se o homem vivesse de acordo com as próprias necessidades, sem exigir o que ainda não merece, sem esperar o que não lhe cabe, sem perguntar fora do propósito e sem reprovar nos outros aquilo que ainda não retificou em si mesmo, decerto a existência na Terra estaria exonerada da grande maioria dos tributos que aí se pagam quase diariamente à perturbação.

Se procuras no Cristo o mentor de cada dia, soma as tuas possibilidades no bem, subtrai as próprias deficiências, multiplica os valores do próprio serviço e divide o amor para com todos, a fim de que os que te cercam aprendam com a vida o que convém realmente à própria segurança.

O problema da felicidade não está em sermos possuídos pelas posses humanas, quaisquer que elas sejam, mas em possuí-las, com prudência e serenidade, usando-as no bem para os semelhantes, que resultará sempre em nosso próprio benefício.

Alija o supérfluo de teu caminho e acomoda-te com o necessário à tua paz. Somente assim encontrarás em ti mesmo o espaço mental indispensável à comunhão clara e simples com o nosso Divino Mestre e Senhor. (Do livro Plantão da Paz, Cap. 12, psicografia de Francisco Cândido Xavier)

No bem de todos

“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes, porque ele disse: não te deixarei, nem te desampararei.” — PAULO (Hebreus, 13.5).

Encarna-se e reencarna-se o Espírito na Terra, a fim de aperfeiçoar-se no rumo das Estâncias Superiores do Universo.

Não te encarceres, assim, nos tormentos do supérfluo que a avareza retém, como sendo recurso indispensável à vida, na cegueira com que inventa fantasiosas necessidades.

O dono do pomar não comerá dos frutos senão a quota compatível com os recursos do estômago.

O atacadista de algodão vestirá uma camisa de cada vez.

Entretanto, o cultivador e o negociante serão abençoados nos Céus se libertam os valores que administram, em louvor do trabalho que dignifica, da educação que eleva, da beneficência que restaura ou da fraternidade que sublima.

Atendamos aos deveres que as circunstâncias nos atribuem, acalentando ideais de melhoria, mas aprendamos a contentar-nos com o que temos, sem ambicionar o que não possuímos, em matéria de aquisições passageiras, a fim de conquistarmos, sem atritos desnecessários, os talentos que nos faltam.

Ainda não se viu homem no mundo, cercado de tesouros infrutíferos, que se livrasse, tão-somente por isso, das leis que regem o sofrimento e a enfermidade, a velhice e a morte.

Respeitemos os princípios divinos do bem para todos.

Confiemos, trabalhando.

Caminhemos, servindo.

“Não te deixarei, nem te desampararei”— disse-nos o Senhor.

Sim, o Senhor jamais nos deixará, nem nos desamparará, mas, se não queremos experiências dolorosas, espera naturalmente que não nos releguemos à ilusão, nem lhe desprezemos a companhia. (Do livro Palavras de vida eterna, cap. 142, psicografia de Francisco Cândido Xavier)

Aos que quiserem aprofundar um pouco mais sobre esse assunto:

SOUZA, Juvanir Borges de. Tempo de transição. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 5 (Necessário e supérfluo), p. 50.

XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Por diversos Espíritos. 14. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 1 (Problemas do mundo - mensagem do Espírito Bezerra de Menezes), p. 15-16.

sábado, 18 de abril de 2009

SOBRE A CURA

A Cura , por MIRAMEZ


São várias as maneiras pelas quais se processa a cura dos enfermos. Nos casos operados por Jesus e os apóstolos, foram curas instantâneas, nas quais, como por encanto, as enfermidades desapareciam rapidamente. Para essa operação, é preciso grande saber espiritual, conhecer os fundamentos da vida do enfermo e, por vezes, modificar algo em sua mente, afim de que ele mude o modo de pensar e de agir. A enfermidade é a fermentação de muitas existências vividas desregradamente; é a resposta, a conseqüência. Por isso, a dor, em certas circunstancias, é a própria cura. Os duros padecimentos são indícios de elevação de alma, porque ela já começou a pagar os débitos passados, pelo guante da enfermidade.
O enfermo, ao ser curado, abre-se como a flor ligada ao caule e os seus centros de força ativam toda a sua sensibilidade, de maneira a facilitar a absorção dos fluidos doados pelo operador. Em muitos casos, Jesus já dizia “A tua fé te curou”. Isso porque determinados enfermos fazem o trabalho quase por si próprios. Assim a fé é de muita importância em toda a nossa vida .Quando existe fé, na cura a distancia, de cuja operação curativa o enfermo não participa, e por vezes, ignora por se encontrar inconsciente, o operador se desdobra, de modo impressionante em todas as direções do saber, para encontrar a equação desejada, ou seja, a cura. Examina pela clarividência, o tipo de doença, suas causas e busca no grande manancial divino elementos para substituir os que já estão cansados e gastos . Observa e ativa os pontos energéticos do corpo e da alma, faz transfusão imediata de força vital, serena a mente adoentada e acomoda nos seus mais sensíveis departamentos, idéias favoráveis à cura. Pensamentos positivos, alegria de viver e uma grande paz caem na sua consciência profunda. Aí o doente favorece o trabalho, como se fosse submeter-se a uma operação e como se relaxasse na mesa de cirurgia, pelas bênçãos da anestesia completa. Mas, tudo isso ocorre em minutos, dependendo da elevação do Espírito encarregado da cura e, em muitos casos, do tipo de enfermo. A variação é infinita. Entra em ação, como já falamos, a lei do carma.
Há forças desconhecidas que se interpõem às curas imediatas. Não é muito repetir que o Evangelho não pode deixar de nos acompanhar em todo esse trabalho. Ele é a força de Deus que faz a cura se eternizar, pois traduz os princípios das leis. Todos os desequilíbrios orgânicos e psíquicos são a não observância dos preceitos divinos. No entanto, ainda existem muitas coisas no campo da cura que os homens não estão preparados para conhecer. O tempo, na dinâmica do progresso, vai revelar essas coisas gradativamente, a todas as criaturas, na Terra e fora dela.
Existem muitos métodos de curar, desde a mastigação de ervas entre os índios às mais sofisticadas invenções no reino de Hipócrates, desde os xaropes de longa vida na área iniciática, à medicina homeopática, fundada por Samuel Hahnemann, nas concentradas gotas de energismo curativo, desde as benzeções dos camponeses com ramos específicos, à flora medicinal, desde as massagens dos antigos egípcios às famosas agulhadas orientais, desde os sopros dos Pais Iogues, aos passes nos templos espíritas. Enfim, há um sem número de modalidades de curas, por todos os ângulos que podemos imaginar E hoje, há muitas pessoas se curando pela alimentação; no entanto, todas as curas mencionadas e as de que não precisamos falar carecem da força do (nosso) pensamento, cuja energia é transmutada naquilo que dispusemos a transformar, pela luz do coração.
Pedimos licença a todos os curadores, encarnados ou desencarnados, para dizer que toda cura divina nasce da energia sublimada que vem de Deus, passando pelas mãos santas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como está comprovada, as mãos que tocam os enfermos de qualquer natureza e que curam instantaneamente, por trás delas estão as do Mestre dos mestres. Somente Ele sabe transformar a luz de Deus, para restabelecer a harmonia orgânica dos homens.

(*) Este material foi retirado do livro Francisco de Assis psicografado por João Nunes Maia e ditado pelo espírito Miramez, Editora Espírita Cristã Fonte Viva.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

SÉRIE CAMINHANDO...

Reforma Íntima


Grupo Espírita Seara do Mestre

A Doutrina Espírita esclarece a respeito da transformação moral que deve ser operada em nós mesmos. Somos todos iguais perante Deus, nosso Criador. Ele nos dá a oportunidade, através de inúmeras encarnações, de modificar o nosso interior, pois possuímos o gérmen divino que dormita em nossos corações.
É imprescindível uma mudança de dentro para fora, sendo necessário identificar todos os sentimentos negativos, como o orgulho, o egoísmo. Vigiar pensamentos, atos e atitudes. A reforma é lenta e gradativa e exige persistência. Através da leitura de bons livros, de palestras edificantes, do estudo que nos eleva espiritualmente, da busca do conhecimento e esclarecimento, vamos nos auto-conhecendo para proporcionar a colocação de valores positivos em nossas vidas.
Necessário se faz, ainda, julgarmos a nós próprios, ignorar os defeitos alheios, empregar o perdão, aniquilar com a maledicência, exercitar a caridade, anular as ofensas.
Nosso modelo e guia é Jesus, que há dois mil anos veio nos mostrar a melhor forma de caminhar até a perfeição, ensinando-nos a amar a Deus e aos nossos irmãos como a nós mesmos.
Muitas vezes, a dor nos bate à porta. Trata-se de uma alerta de que algo em nós não está de acordo com a Justiça Divina. São ocasiões que nos oportunizam melhorias mais intensas.
Também através da convivência com a nossa família e amigos observaremos a ocorrência de mudanças, num exercício diário de despertar virtudes e dominar más tendências.
Grande auxílio, nesse fim, nos proporciona a oração. Quando feita com fé e vibração, ela nos liga ao Pai Celeste e torna receptivos coração e mente às energias que fortalecem o espírito. Além disso, deixa-nos em sintonia com benfeitores espirituais que nos auxiliam na busca do bem viver, estimulando o amor, esse sublime sentimento que conduz à felicidade, à paz interior e à harmonia.
Neste mundo de provas e expiações, onde nos deparamos com inúmeras dificuldades e desentendimentos, sejamos tal qual uma pequena luz, a irradiar esperança, fé, otimismo, alegria. Aprendamos a valorizar as pequenas maravilhas que Deus nos oferece todos os dias, incondicionalmente...
E quem sabe, a partir de agora, cultivaremos melhor aqueles gestos tão simples, mas tão poderosos e importantes: as palavras de gentileza, a saudação jovial e vibrante, o aperto de mão firme e o abraço caloroso, o permanente sorriso no rosto, aberto e sincero...
Evitemos queixas e lamentações, respondendo sempre aos cumprimentos com um "Eu vou bem!". Pois, apesar de eventuais dificuldades, na qualidade de filhos de Deus, possuímos enorme força interior, capaz de vencer qualquer desafio. Dispomos de amparo e de infinitas bênçãos divinas, basta saber ver e direcionar a nossa vontade.
Ao acordar pela manhã, agradeçamos a oportunidade de recomeçar tudo outra vez, de corrigir, de acertar, de melhorar! Mentalizemos bons propósitos para o dia que inicia. E à noite, agradeçamos por tudo o que passou, bons ou difíceis momentos. É importante fazer uma avaliação diária de nossas atitudes. Assim, com o desejo sincero da reforma íntima, vamos trocando valores negativos por positivos.
Através de nossa conduta moral elevada, com nosso exemplo, influenciaremos os que estão a nossa volta, sendo instrumentos de Jesus a transmitir os seus ensinamentos, que são todos de amor.
A única maneira de nos unirmos a Deus é com a auto-reforma. Ele espera pacientemente cada um de nós, sem violentar nosso livre-arbítrio, para que atinjamos a perfeição, a felicidade absoluta, e nos unamos em uma grande e fraterna família universal.
Aproveitemos as oportunidades presentes para apressar nossa evolução, através de melhoria íntima. Nosso Pai sempre nos dá novas chances, mas nunca iguais a estas. Na encarnação atual essa pode ser a última oportunidade, e talvez amanhã não haja mais tempo. Portanto, não adiemos a felicidade para amanhã!

Boletim Informativo Seara - Ano II Nº 15 Fevereiro de 2000

sábado, 14 de fevereiro de 2009

SÉRIE DEPOIMENTO...

SAUDADE É O AMOR QUE FICA...

De um médico oncologista do Recife.

No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem com suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades. Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses.
Somos forçados a reconhecer nossos limites! Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim. Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. Meu anjo respondeu: - Tio, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida! Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei: - E o que a morte representa para você, minha querida? - Olha tio, quando agente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é? (Lembrei que minhas filhas, na época com 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.) - É isso mesmo, e então? - Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é? - É isso mesmo querida, você é muito esperta! - Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado". Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação. - E minha mãe vai ficar com muita saudade minha, emendou ela. Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: - E o que saudade significa para você, minha querida? - Não sabe não, tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica! Um anjo passou por mim... Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo "meu anjo, que brilha e resplandece no céu." Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudades!

O amor que ficou é eterno.

Rogério Brandão
Médico oncologista clinico
RC Recife - Boa Vista D4500
Cremepe 5758"

APOMETRIA É ESPIRITISMO?

ESCLARECIMENTOS À LUZ DOS ENSINAMENTOS KARDECIANOS
Vitor Ronaldo Costa


“Que faz a moderna ciência espírita? Reúne em corpo de doutrina o que estava esparso; explica, com os termos próprios, o que só era dito em linguagem alegórica; poda o que a superstição e a ignorância engendram, para só deixar o que é real e positivo. Esse o seu papel”. (1)

Certa feita, alguém nos interpelou: “— Apometria é Espiritismo?” E eu retruquei: “— Depende do ângulo pelo qual se analise o assunto. Em nosso modo de ver, a Apometria enquadra-se perfeitamente no elenco de atividades espíritas.” Semelhante resposta tem a sua razão de ser, e aqui nos propomos a dirimir qualquer controvérsia a respeito.
O Espiritismo, por definição, é uma doutrina abrangente e evolutiva; portanto, situação bem diversa das demais religiões, quase sempre eivadas de dogmas, práticas exteriores e obediência cega aos pontífices infalíveis.
O termo doutrina pode ser definido como o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, entre outros.
A seu turno a proposta kardeciana assevera: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. (2)
Muito sabiamente ao conceituar o Espiritismo, Allan Kardec logo de início o rotulou de ciência de observação, qualificação que nos autoriza a lançar mãos de artifícios experimentais, mesmo que “sui generis”, com o objetivo de devassar a realidade espiritual que nos cerca e nos interpenetra. Essa é a razão pela qual o codificador nos alerta: A Ciência propriamente dita é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter. (3)
A ciência acadêmica tem por escopo a investigação dos fenômenos materiais, aqueles que se manifestam nos limites do nosso universo matemático. Todavia, a ciência espírita, ao se utilizar do instrumental mediúnico e das propriedades do magnetismo humano, revela-nos a realidade da dimensão extra-física e descortina, portanto, novos horizontes para a medicina integral. Por isso, admitimos que a explanação aqui feita se reveste de uma certa relevância, caso queiramos entender o significado de espiritismo-ciência, com vistas à inserção em seu contexto experimental do capítulo referente à Apometria.
Por sua vez, a Apometria nada mais é do que um conjunto de técnicas magnéticas aplicadas sobre o médium afeito às tarefas desobsessivas, com a finalidade de induzir o sonambulismo artificial, de tal modo, que ele possa interagir mais facilmente com os desencarnados, reconhecer os mentores, localizar os obsessores, vislumbrar as patologias complexas na própria tessitura perispirítica dos enfermos e identificar os pormenores das paisagens astrais.
Diríamos, então, que a Apometria, a exemplo da mediunidade, do passe magnético e de tantas outras expressões de reconhecida utilidade em nosso movimento, inclui-se no rol das atividades espíritas e dessa maneira deve ser reconhecida. Aliás, a bem da verdade, as inúmeras tarefas exercidas nas casas espíritas se multiplicam de acordo com os objetivos pretendidos pelas instituições, mas só devem merecer o título de atividade espírita se subordinadas aos critérios éticos que alicerçam a doutrina, inferência óbvia, impossível de ser refutada
Ora, ao elaborar a sua conceituação, Kardec não especifica o que deve ou não ser considerado Espiritismo, pois a complexidade científica da doutrina e a multiplicidade de tarefas enobrecidas agregadas ao seu contexto, de acordo com a Lei do Progresso, ampliam-se constantemente. Contudo, um pormenor permanece soberano: o aspecto ético das citadas atividades. O Espiritismo será aquilo que fizermos dele. E a sua excelência como doutrina libertadora dependerá única e exclusivamente do bom senso e da honestidade de propósitos de seus profitentes.
Desse modo, mais uma vez, gostaríamos de bem frisar as particularidades que se devem destacar no conceito kardeciano de Espiritismo. O primeiro deles envolve a prática experimental implícita na própria atividade mediúnica. Por se tratar de ciência de observação, o Espiritismo se vale de métodos e de técnicas experimentais próprias, que variam de acordo com as pretensões e objetivos a serem alcançados pelos pesquisadores. O segundo aspecto diz respeito ao componente filosófico-moral derivado dessas mesmas práticas, e, aí, incluem-se as soberanas diretrizes evangélicas.
Pois bem. O exercício disciplinado da mediunidade, a transmissão de bioenergia através das mãos, as preces e irradiações à distância, a água magnetizada e a aplicação das técnicas apométricas devem ser entendidos na conta de atividades espíritas, caso se efetivem em plena consonância com os postulados doutrinários: gratuidade, vontade de ajudar os semelhantes e interação afetiva com os bons Espíritos. Eis aí a chave da questão. Assim, admite-se que tais práticas, por si sós, não se caracterizam como espíritas, pois algumas são de uso corriqueiro em outras religiões, a exemplo do exercício mediúnico e da imposição das mãos. Contudo, se dispensadas evangelicamente em instituições espíritas, tornam-se consagradas e devidamente incluídas no rol das atividades espíritas. Por extensão de raciocínio, aceitamos a existência da música, do teatro, do cinema e da literatura espíritas, caso essas expressões culturais enalteçam os aspectos positivos da vida e contribuam para a elevação da dignidade humana. Isso, para que se tenha uma idéia de quantas atividades podem ser exercitadas em nosso âmbito doutrinário, com o objetivo de levar o estímulo renovador e o conhecimento maior às criaturas abatidas que nos batem as portas.
Cremos que, agora, após essas breves digressões, nos sintamos aptos a responder na íntegra a pergunta inicialmente formulada. Apometria é Espiritismo? “A nossa experiência no assunto aliada aos ideais de fidelidade à causa nos mostram tratar-se de excelente atividade espírita, desde que praticada por dirigentes capacitados, médiuns devidamente esclarecidos e dispensada gratuitamente em ambiente espírita, em prol dos sofredores de ambos os lados da vida.” Concluindo diríamos: Atividades Espíritas são todas aquelas que envolvem o espírito com o amor fraterno e Universal para a transformação do homem e da humanidade.

Dr. Vitor Ronaldo é autor de “Desobsessão e Apometria – Análise à Luz da Ciência Espírita”, recentemente lançada pela Editora O Clarim. Trata-se de uma proposta com enfoque absolutamente doutrinário, destinada aos espíritas estudiosos, especialmente, aqueles que se dedicam às lides desobsessivas. O assunto é tratado de uma forma simples, objetiva, sem misticismos, crendices nem fantasias inaceitáveis.

Bibliografia:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão, item VI. 13ª ed. de bolso. Brasília-DF, FEB, 2007. pág. 518
(2) ___________. O que é o Espiritismo. Preâmbulo. 15ª ed. , Rio, FEB, 1973.
(3) ___________. O Livro dos Espíritos. Introdução, item VII. 13ª ed. de bolso. Brasília-DF, FEB, 2007. pág. 35
Postado por Sérgio Vencio às Quinta-feira, Fevereiro 12, 2009 0 comentários

SÉRIE PARA ESTUDO...

JESUS E OS FLUIDOS- por Jacob Melo

“A qualidade desses fluidos lhe conferia (a Jesus) imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem.” – Allan Kardec, in.: A Gênese, Cap. XV, item 2 – Superioridade da natureza de Jesus.


Embora com destaque especial no Ocidente, também é conhecido e respeitado no Oriente. Sendo, a nosso ver, o maior e mais evoluído Espírito que já passou pela Terra, Jesus possuía a superlatividade em praticamente todos seus sentidos e percepções. Daí, d’Ele os melhores exemplos de amor e humildade, de perseverança e renúncia, de sabedoria e ação, de cura de corpos e de almas. Seu nome traz impregnada a força de sua vida — curta em extensão, incomensurável em profundidade. O registro de sua passagem pela Terra, ainda que mesclado de interesses os mais diversos e tendo sofrido as mutações e adaptações patrocinadas pelos mais variados narradores, tradutores e historiadores, continua preservando toda a pujança de uma doutrina de exemplo e ação, amor e coragem.

Tamanho o brilho de Jesus que muitas religiões o igualam a Deus. Decorre tal fato, assim percebo, tanto do reconhecimento de sua inigualável força moral quanto por seus feitos ainda incomparáveis — popularmente tidos por milagres.

É exatamente nesses "milagres" que vamos encontrar um Jesus profundo conhecedor das leis Naturais. Não apenas daquelas leis que estão limitadas ao saber da época ou mesmo de hoje, porém da intimidade, extensão e sutileza de tudo e todos fenômenos fluídicos (por “fluídicos” queremos nos referir aos reflexos e às influências do psiquismo humano e do mundo espiritual sobre o mundo dos fluidos). Evidências disso não faltam...

Quando Ele falava que a fé definiria a cura de determinada enfermidade (Mc 10, 46-52), induzia o paciente à mobilização de todo potencial fluídico (anímico) próprio em seu próprio benefício. — Com certeza, nessas ocasiões Ele coadjuvava no processo através da emissão de sutilíssimos e penetrantes fluidos, posto que oriundos de um Ser Harmônico.

Ordenando que ficassem curados (Mc 1, 40-42), os enfermos de toda espécie recebiam vigorosos potenciais fluídicos de reparação, vindo seus organismos a participarem de monumentais transformações, tamanha a profundidade e o alcance daqueles fluidos. — Sem dúvida, esses fluidos eram orientados por uma vontade que sabia, por uma determinação que “queria”, de fato, fazer... e que fazia.

O poder de ação magnética de Jesus se patenteava máxime em vitalidade quando determinava que aquele que parecia morto retornasse à vida (Lc 8,49-56). — Na momentânea ou aparente quebra do circuito vital, onde os princípios vitais demoravam-se na execução ou registravam dificuldade em fazer seus papéis de conectores entre os reinos do Espírito com o da Matéria, o fluxo magnético do Mestre ampliava os campos magnéticos e seus potenciais de atração do paciente, favorecendo, quase que instantaneamente, ao pronto restabelecimento do circuito chamado vida.

Sob seu comando, Espíritos em situações infelizes, Espíritos obsessores em violentos processos de vingança e ódio (Mt 8, 28-34), simplesmente se acalmavam, retirando-se da zona de percepção de suas vítimas. — É quando fica mais evidente que à força fluídica Ele impunha sua irresistível força moral, a qual potencializava a primeira.

Situação excepcional foi registrada quando a mulher hemorroíssa (Mt 9, 20-22), vencendo a multidão que o cercava e, mesmo estando, acreditamos, extremamente debilitada, já que perdia sangue há mais de 12 anos, conseguiu tocar-lhe as vestes; na ocasião, não apenas aquela criatura obteve a cura imediata e definitiva quanto Jesus, mesmo cercado, tocado e apalpado por inúmeros que o rodeavam, registrou que d’Ele saíra “uma virtude”, vindo a perguntar: “Quem me tocou?”. — Só grandes doadores fluídicos têm condições de doação expontânea, com efeitos tão positivos, quando uma “fonte” carente dele se acerca de maneira “atrativa, assimilativa” (atração magnética por assimilação, onde, no dizer de Kardec, as moléculas mal-sãs são substituídas pelas sãs). E, mais que isso, só detentores da prática e do conhecimento dos campos fluídicos, tanto em suas feições de exteriorização quanto de usinagem (produção fluídica), conseguem detectar, mormente em situações complexas quanto a ocorrida com a hemorroíssa, o circuito usinagem-doação fluídica, ali representado pela “extração de uma virtude”.

Mas, ao contrário do que quase sempre lembramos, nem só de “resultados positivos” foi registrada a ação fluídica de Jesus em nosso meio. (Colocamos entre aspas o termo “resultados positivos” porque pretendemos destacar a relatividade da expressão, já que nem sempre o que achamos seja o melhor e o mais correto realmente o é e vice versa; até porque o efeito a curto prazo nem sempre coincide ou corrobora com suas conseqüências no longo prazo).

Nesse enfoque, analisemos apenas duas dessas situações que muito têm intrigado alguns.

Quando Jesus curou o cego de Betsaida (Marcos, 8, 22-26), notamos que não houve, ao contrário de outras vezes, uma instantaneidade na ação fluídica, pelo menos no nível do que a maioria esperava. Embora pretendendo deixar reflexões para muitos outros campos, a Jesus foi levado um cego (o que sugere que o cego não queria ver) para ser “tocado”. Depois, passou argila (arreia da rua) com saliva (do próprio Jesus) sobre os olhos do deficiente que, abrindo-os, ainda via “vultos humanos como se árvores fossem”, ao que foi preciso o Senhor acrescentar “nova imposição das mãos”. Ficam as perguntas: Teria o fluido de Jesus fraquejado na ocasião? Não seria uma demonstração da necessidade da fé como um dos importantes móveis do sucesso das curas? Não estaria Jesus testando a confiança dos assistentes? Ou não quereria Ele apenas deixar claro que muitas outras formas e técnicas de cura existem? Dentre tantas indagações, ressalta que o Carpinteiro de Nazaré tinha total domínio da ação fluídica de que era detentor. Evidencia-se tal conclusão quando, ao final da operação, percebe-se que, mesmo a contragosto, o cego voltou a ver. Como Jesus nunca desprezava uma oportunidade de registrar mais e novos ensinamentos à humanidade, com certeza aproveitou-se do estado de refratareidade do cego para demonstrar que, mesmo a contragosto do paciente, a força fluídica, quando bem direcionada, supera qualquer barreira ou obstáculo.

Quando Jesus ressuscitou mortos, conforme falamos acima, deixou patente a dimensão de seu domínio sobre o mundo fluídico, mas é no exemplo da figueira ressequida (Mt 21, 18-22) que o Maior Nazareno se supera (força de expressão apenas), até porque é neste exemplo que Ele mais foge dos padrões daquilo que chamamos de “resultado positivo”. O que os tradutores vulgarmente chamam de “maldição da figueira improdutiva” demonstra o quanto Ele sabia manipular os fluidos, qualquer que fosse o sentido. Sabendo que, por magneticamente incompatíveis, haveria instabilidade magnética entre os fluidos d’Ele emanados e objetivamente direcionados e o circuito vital da planta posteriormente ressequida, deixou notável demonstração da lei dos fluidos, os quais sofrem interferência de ordem moral, mas que, nem por isso, deixam de ser físicos, são anímicos mesmo. Significa dizer que, num exemplo de convite ao homem à perseverança e à frutificação positiva perene e não apenas sazonadamente, sempre restam observações valiosas para estudos noutros terrenos, como o fluídico. — Ressalte-se ainda que Ele, no caso, demonstrava pretender ressaltar a extensão de sua força fluídica pois, numa outra passagem (Lc 13, 6-9), O reencontramos fazendo uma parábola sobre uma figueira estéril, à qual Ele recomenda se espere mais um ano, mesmo já fazendo três que ela não produzia frutos e, caso no período não venha a dar figos, só então seja cortada (e não amaldiçoada).

Vemos muitas pessoas condenando outras com a pecha de “mau-olhado”, a elas atribuindo personificações inferiores. Na verdade, os portadores desse “poder” magnético, que fazem murchar plantas, aniquilar animais e adoecer crianças, nada mais são que pessoas dotadas de potenciais fluídico-magnéticos de grave incompatibilidade com reinos inferiores ou mais sensíveis. São criaturas que, reconhecidamente, têm o poder de exteriorização de consistentes campos fluídicos. O mal está no não direcionamento a algo positivo, no não condicionamento de uma vontade firme, na falta de uma estrutura de moral nobre e de uma vivência da auto-doação e da ajuda desinteresseira.

Da mesma maneira que Jesus, fonte do amor entre os seres, pôde, com seus fluidos, atuar numa planta de maneira desintegrante, os que possuem mau-olhado ou campos fluídicos muito densos e/ou incompatíveis a ponto de interferirem negativamente junto a outrem, também podem redirecionar seus potenciais, suas usinas fluídicas e seus campos vitais para o sentido do bem comum, da ajuda ao próximo.

Observações no dia-a-dia demonstram que pessoas portadoras de tais características magnéticas, quando se propõem a ajudar através da transmissão do passe ou da doação fluídica consciente e responsável, respaldada na reforma moral e no desejo sincero de fazer o bem, conseguem obrar verdadeiros milagres, para os outros e, por conseqüência, para si mesmas.

A questão, pois, como tão bem aprendemos e apreendemos com Jesus, é de controle, educação e direcionamento. Para tanto, necessário estudar, fundamental praticar, indispensável amar.

Parafraseando o que disseram os Espíritos da Codificação, também nestes casos, “Jesus é o nosso modelo e guia”.

Nota: De cada caso, apenas registrei uma das citações de O Novo Testamento a fim de não tornar maçante a leitura.

Jacob Melo é autor dos livros "A cura da depressão pelo magnetismo", "Manual do passista", "Há coisas boas por todos os lados"entre outros.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ética , Estética e Comportamento : Uma contribuição para a Construção do Pensamento e da Ação no interior do Movimento Espírita .

Atitude Doutrinária, Hierarquia (In)Formal e Postura (Des)Comprometida




É muito comum de se observar narrativas efetuadas no interior dos grupos espíritas que ainda evidenciam um forte componente hierárquico no discurso de alguns de seus membros, sutilmente fundado na implícita supremacia que, no entendimento destes, o Espiritismo exerce sobre as demais Religiões e, por conseqüência, dos espíritas sobre as demais pessoas. Isso sempre é um tema polêmico nos grupos. No entanto, alguns sustentam que a simples autodenominação de uma condição espírita ou o conhecimento de todos os preceitos evangélicos, se estes não forem aplicados diariamente de nada adianta . Assim, a superioridade dada pelo suposto esclarecimento doutrinário, de nada vale, na visão de alguns membros, se não estiver associada a uma responsabilização moral maior, como a exigência de um programa de reforma íntima.
Ainda que a referência central da nossa exposição seja a Doutrina Espírita e os seus adeptos e os argumentos invocados devam gravitar à volta desse referencial, os enunciados e as argumentações colocados aqui como válidos oferecem simplesmente um ponto de vista pessoal à discussão. Nesse caso, pensamos e trazemos a nossa contribuição, que está construída e carregada da nossa vivencia e de alguma experiência frente às questões que se apresentam ao nosso olhar. Em outras palavras, não temos nenhuma pretensão ou autoridade de apresentar ou esgotar assunto de tamanha relevância no interior do nosso Movimento. Acreditamos meramente que podemos contribuir com essa reflexão com alguns argumentos que estão fundados na nossa prática como médium e trabalhador no Movimento Espírita.
Primeiramente, acreditamos que na Prática Espírita, as relações estão fortemente sustentadas por um sistema de organização formal aparentemente igualitário, onde a sua estruturação hierárquica é implícita. No meu modo de ver, isso quer dizer que o uso e o modo de expressão verbal – a fala e a palavra, por exemplo, são frutos de uma cooptação individual praticada no interior dos pequenos grupos. É interessante perceber que essa ação, na maior parte das vezes privilegia aspectos pouco claros de ponderação, ficando simplesmente entre a simpatia ou o favorecimento pessoal cabendo aos outros participantes ter o entendimento do seu lugar nos grupos de que participam. Nestas oportunidades, pouco conta a trajetória no Espiritismo, as referências morais de cada um, e em muitos casos valem mais alguns interesses particulares em detrimento de eventuais avanços coletivos, que em algumas oportunidades deixam de ser alcançados muito em nome de uma disfarçada disciplina que acaba por controlar moralmente (?) os eventuais destaques não-autorizados dentro do grupo.
São posturas que acabam por desconsiderar em muitas ocasiões a fala e a ação de muitos companheiros que não receberam o aval e o consentimento para se expressarem em nome do grupo. Para reforçar essas atitudes, também é muito comum encontrarmos no meio um argumento bastante forte no que diz respeito à conduta, a postura e a atitude que não podem ser questionadas. É o que chamamos tempo de serviço ou de freqüência, geralmente ininterruptos . Freqüentemente, os irmãos que se utilizam desta postura colocam-se como detentores de uma grande vivencia – e em algumas vezes o são, conhecedores de toda a Doutrina e na maior parte das vezes não se sentem mais estimulados a troca, a crítica e ao estudo tão necessários a transformação de sua conduta diária, por se acharem acima da discussão e da reflexão necessárias ao dia-a-dia do Movimento. Essas são , sem dúvida , atitudes que reforçam o autoritarismo ao invés da autoridade e em muitas vezes enfraquecem a construção de um senso critico revelador com vistas ao favorecimento de atitudes verdadeiramente comprometidas com o Evangelho no seu aspecto mais renovador.
Longe de questionarmos simplesmente essas atitudes , pensamos que é de fundamental importância que reflitamos sobre elas em qualquer espaço de relação . Acreditamos mesmo , que antes de tudo estas posturas devam ser vistas com respeito e bom senso e sobretudo tratadas com ordem e tolerância. Confiamos que , mais ainda no Centro Espírita , devemos nos empenhar para compreender que todos os esforços devem ser colocados e toda contribuição neste sentido deva ser fortemente valorizada para o alcance de um natural estado de disciplina. Ainda mais porque cremos que a necessária disciplina no interior dos grupos espíritas é principalmente de ordem moral e espiritual, em todos os seus aspectos e da grande pureza de propósitos dos seus membros. Podemos então pensar nas nossas atitudes , refletindo sobre a natureza de cada uma delas , especialmente as que praticamos no interior dos espaços espíritas – sem perdermos de vista as relações do nosso dia-a-dia , já que estamos nos avaliando do ponto de vista do interior do Movimento .
Precisamos verificar se as nossas ações e atitudes estão verdadeiramente voltadas para o serviço e a oração . Apesar de não precisar de maiores esclarecimentos, é importante demarcar que não estamos fazendo nenhuma apologia à contemplação desmedida , mesmo porque não acreditamos nesta postura para o espírita comprometido . Estamos falando do compromisso com a Causa e com a Casa que abraçamos e trazemos a alegoria da oração como sinal de comunhão que defendemos entre iguais com o Divino. Sem dúvida, devemos aprofundar verdadeiramente as nossas atitudes nesta direção e para tal, precisamos nos valer dos exemplos e dos ensinamentos dos que nos antecederam na gênese e na constituição da nossa Doutrina e principalmente no reconhecimento do esforço desprendido pelos fundadores da nossa história e da nossa origem . Esta valorização é , sem dúvida de importância vital para o nosso fortalecimento pessoal e coletivo e nos levará naturalmente a um aprofundamento do entendimento da nossa real condição no grupo que pertencemos . Assim , reconheceremos de fato a nossa identidade e falaremos sobre uma realidade que nos pertence e nos liga verdadeiramente a um ideal comum . Ao agirmos assim, deixaremos de lado a postura acomodada e pouco crítica, porque a nossa expressão estará carregada do nosso compromisso.Ao optarmos por esse caminho, precisaremos estar prontamente alimentados pelo estudo e pelo discernimento que as nossas atitudes com o esclarecimento preciso puder nos oferecer. Acreditamos que só desta forma a nossa postura e o nosso compromisso estarão verdadeiramente a serviço do trabalho que nos aguarda.
Em outras palavras, só a confiança verdadeira nos princípios que sustentam a nossa Doutrina é que nos trará o entusiasmo necessário para o trabalho com equilíbrio . É assim que deixaremos de lado e até abandonaremos as “misturas”, os conceitos “místicos” e “estranhos” que estão levando o Espiritismo a se distanciar casa vez mais de sua essência. É com esse foco que deveremos sustentar o trabalho a ser encarado. Nesta oportunidade, deveremos analisar com muito respeito e consideração todas essas idéias novas, separando o que pode ser verdadeiramente considerado para a Doutrina Espírita. Longe de nos mantermos afastados do progresso e do avanço da Ciência, devemos ter muita deferência com o esforço empreendido por Kardec e pelos Espíritos da Codificação, lembrando do grande trabalho executado na construção de toda a base espírita. Lembremos que o próprio Kardec, orientado pelos Espíritos Superiores, colocou-nos que a Doutrina ainda não estava fechada e pronta, que nós poderíamos aceitar novas contribuições, principalmente as que fossem trazidas pela Ciência e pela própria Espiritualidade, desde que utilizássemos o mesmo tratamento e o mesmo rigor empregado na época da Codificação. Então, só precisamos analisar todas as contribuições que nos chegam à luz das bases da Doutrina - essa é a chave, para verificarmos a sua utilidade e inclusão nas bases da Codificação. Mas é preciso muito cuidado, rigor e seriedade nessa empreitada. É necessário extrema compreensão, esclarecimento e, sobretudo muito coragem, já que em todas as ocasiões , para garantir a seriedade e o discernimento do nosso trabalho e conseqüentemente da Doutrina , precisaremos seguir rigorosamente as orientações dos Espíritos Codificadores que nos alertam que é melhor rejeitarmos dez verdades que assumirmos uma mentira .
Uma outra questão que também precisa ser considerada por nós diz respeito a grande importância que ainda continua sendo dada ao fenômeno espírita no interior do Movimento. Devemos nos lembrar que a Doutrina está alicerçada no tripé Filosofia-Ciência-Religião e que a Mediunidade é instrumento e oportunidade para resgate e superação de provas . Sabemos também que a intercomunicação entre espíritos de diferentes planos e elevações é fato já há bastante tempo naturalmente comprovado e muito mais comum do que a nossa condição pode perceber e alcançar . Mais ainda , já deveríamos estar compreendendo e aceitando mais serenamente esses episódios que são em essência , exemplos da grande misericórdia do Alto . Precisamos efetivamente avançar da condição do encantamento que o fenômeno pode nos trazer para passarmos a experimentar as conseqüências efetivas destes no nosso processo de renovação espiritual . É o próprio Evangelho que nos alerta para a nossa condição espírita , fazendo alusão com a parábola do semeador que nos mostra as diferentes maneiras de nos valermos dos ensinamentos trazidos pelo Mestre Jesus para a nossa vida. Sem dúvida , devemos empreender em nós todo esforço para nos colocarmos fora do grupo dos que , como a semente que caiu sobre os pedregulhos e não germinou , escutam , mas ainda consideram a palavra do Cristo , letra morta. O nosso empenho deve ser então o de , longe de desqualificar os fenômenos e as comunicações , tirar deles a condição de fato curioso , de episódio brilhante e espetacular , para colocá-los como verdadeiras oportunidades de renovação da fé e do verdadeiro trabalho de união que pode resultar de um esforço compartilhado por muitos.
Por último , mas sem a ambição de esgotar essas reflexões, devemos alimentar em nós uma postura de paz. A partir de sempre e em todas as oportunidades - e a Casa Espírita é mais uma dessas oportunidades , precisamos criar , manter e sustentar em torno de nós um permanente estado de bem-estar . É nosso compromisso desenvolvermos em nós e compartilharmos com todos que se aproximam de nós as nossas melhores virtudes . Nesta linha de raciocínio , podemos citar Leonardo Boff em uma de suas proposições , quando nos aponta os caminhos que podem nos levar ao desenvolvimento de uma atitude e de um comportamento baseado na hospitalidade para com todos com os quais cruzarmos e não apenas com os que nos cercam. Precisamos demonstrar uma boa vontade incondicional com todos e com tudo . Devemos afastar a malicia e a suspeita e trabalhar com boa vontade para assim , colaborarmos na construção de algo bom para todos. É a boa vontade que nos levará a cooperação e nos colocará na condição de iguais. Neste caminho , aprenderemos a acolher generosamente , sem preconceitos , deixando de lado eventuais diferenças que possam nos afastar .Assim,naturalmente veremos no outro , um companheiro, um irmão ,uma irmã ,componentes da mesma família – a nossa grande e verdadeira família e reunidos na mesma Casa - o nosso Planeta Terra. Como conseqüência , (re) aprenderemos a ver e escutar mais atentamente , porque o faremos mais com o coração e com o sentimento e em muitas vezes o outro não precisará usar palavra alguma , porque se expressará também com o coração .E é dessa forma de escutar que poderemos apreender, incorporar, completar e enriquecer mais naturalmente em nossa identidade a renovação e o crescimento tão necessário em nós .Somente a partir desse diálogo, abriremos os caminhos para a construção de novas experiências baseadas na vivencia de todos nós. E dessas novas experiências poderão surgir novas maneiras de fazer e aparecer , de reconstruir e trocar novos valores que estarão sustentando em nós a passagem para o Divino e o Sagrado.
Para tal,no nosso dia-a-dia , precisamos resgatar naturalmente a dignidade , o respeito, a solidariedade , o cuidado , a participação, a transparência e a não-violência nas nossas relações cotidianas , deixando de lado os nossos interesses particulares e priorizando o que for importante para todos .Dessa maneira , compreenderemos que essas nossas atitudes não nos trarão perdas , mas sim uma responsabilidade consciente , fruto de uma nova relação e de um projeto coletivo de vida. Esse é sem dúvida o grande salto que precisamos dar para incorporar verdadeiramente a nossa condição espírita cristã ao nosso projeto coletivo de vida . Lembremo-nos que a nossa evolução enquanto indivíduos está diretamente ligada a nossa evolução espiritual e essa à evolução planetária . E é só assim que estaremos efetivamente , pela nossa condição e responsabilidade , dando a nossa parcela de esforço para a evolução planetária . Afinal , como nos ensinam os nossos Amigos Superiores , precisamos verdadeiramente agir como espíritos imortais , mas precisamos sobretudo transformar essa convicção em ação , coerência e propósito.

Marco Aurélio Faria Rezende/mafr...

sábado, 3 de janeiro de 2009

"SÉRIE PARA PENSAR E AGIR..."

O CÓDIGO DE ÉTICA DOS ÍNDIOS NORTE-AMERICANOS


Existem muitas variações deste código pela internet, a maioria com atribuições anônimas. A fonte mais antiga que podemos achar, no momento, para o Código de Ética é de 1982, da Four Worlds Development Project (Universidade de Lethbridge, Alberta), fundado por Phil Lane Jr, um membro das nações Yankton Dakota e Chickasaw. Outra versão mais elaborada foi publicada pelo "Inter-Tribal Times" em outubro de 1994. Como o código é uma tradição oral, sujeita a variações, vejamos a versão mais antiga, de 1982:

1. Dê graças ao Criador toda manhã após acordar e toda noite antes de dormir.

2. Busque a força e a coragem para ser uma pessoa melhor.

3. Mostrar respeito é uma lei fundamental da vida.

4. Respeite a sabedoria das pessoas reunidas em um Conselho. Uma vez que você dá uma idéia, ela não mais pertence a você; pertence a todo mundo.

5. Seja verdadeiro a toda hora.

6. Sempre trate seus convidados com honra e consideração. Dê sua melhor comida e confortos para seus convidados.

7. A mágoa de um é a mágoa de todos. A honra de um é a honra de todos.

8. Receba estranhos e pessoas de fora amavelmente.

9. Todas as raças são filhas do Criador e devem ser respeitadas.

10. Servir outros, ser de valia à família, comunidade, ou nação é um dos propósitos principais para o qual as pessoas foram criadas. A felicidade verdadeira vem para aqueles que dedicam suas vidas para o serviço aos outros.

11. Observe moderação e equilíbrio em todas as coisas. Saiba das coisas que levam ao seu bem-estar e das coisas que levam a sua destruição.

12. Escute e siga a direção dada pelo seu coração. Espere esta direção de muitas formas: Em orações; Em sonhos; Em solidão; E nas palavras e ações de Anciões e amigos.

RETIRADO DO BLOG "SAINDO DA MATRIX"

domingo, 28 de dezembro de 2008

PARA O ANO NOVO...

CONSTRUA A SUA SERENIDADE



Perceba que você pode expandir sua alegria, sua felicidade, seu equilíbrio,
fazendo todos os dias, avaliação de sua própria vida.
Nesse processo, você deve se alcançar por inteiro, aumentando o seu autoconhecimento, sua identidade.

Seja sincero, alegre,cordial.
Ajude, ampare, fraternize, sem fazer exigências.
Fique longe da mentira, do desespero, da maldade.
Não seja incompreensivo, provocador, dominador.
Pense, tente alcançar o melhor, sem sofrer.

Trabalhe, não tema o futuro, seja a sua construção.
Exercite a prece, a vigiliatura, e estará mais próximo da vitória.
Caminhe, observe, alcance mais horizontes.
Busque o conhecimento, a sabedoria, a luz.
Demonstre respeito e consideração pelos companheiros de jornada.

No aprendizado do cotidiano, medite, faça reflexão.
Cultive o bom ânimo, o equilíbrio e a paz.
Saiba obedecer sem perder o sentido crítico.
Procure enxergar mais longe.
Lute, não se acomode, demonstre coragem.

Fale, procure escutar, dialogue serenamente.
Quando fizer crítica, evite destruir a pessoa humana.
Habitue-se a descobrir o que há de melhor no próximo.
Se for preciso, que você admita que errou. Não se irrite, corrija-se com brandura.
Ame, doe o seu ser, faça caridade, não pergunte a quem.

Aprenda, em qualquer situação, a autocontrolar-se.
Levante-se do banco de reserva e se ponha a agir.
Utilize o tempo para a construção do melhor momento.
Não perca a fé no Criador e tudo estará ao seu alcance.
Lembre-se de utilizar, valorizar e dignificar a vida, diariamente.

Descubra quem você é e o que é mais importante a fazer, no momento.
Atualize corajosamente sua identidade.
Supere as dores do mundo,sendo positivamente o bem.
Seja feliz na felicidade dos outros,
só assim você será automaticamente feliz.

Luz, superação, equilíbrio.

A ESPIRITUALIDADE ILUMINA A VIDA DO HOMEM
Leocádio José Correia

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

SOBRE AS PARÁBOLAS DE JESUS

Conhecendo melhor as parábolas



Os evangelhos relatam 44 parábolas apresentadas por Jesus.

Lucas mostra 31, Mateus 22, Marcos 6 e João apenas 2.

Uma parte importante dos ensinamentos de Jesus foi constituída por parábolas. Embora não fosse novidade o uso desta técnica, a análise leva a crer que ele a usou com mais propriedade e em maior quantidade, comparativamente aos outros livros da bíblia.
Este modo de expor tem sido entendido como uma técnica pedagógica, cujo objetivo é apresentar um raciocínio e uma conclusão, por detrás de uma breve narração, facilitando sua memorização e permitindo que o ensinamento de fundo, possa surgir gradativamente na mente dos ouvintes, até a sua plena compreensão.
Pode ser considerada também, como uma forma de deixar escondido um ensinamento para aqueles que ainda não apresentam condições de entendimento e, concomitantemente, evitar um certo desgaste a Jesus, gerado no hábito, comum daquela época e povo, de se discutir a obediência das leis mosaicas.
A correta interpretação das parábolas possibilita o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações análogas.
Pesquisas no âmbito da comunicação constataram que o maior obstáculo à compreensão de uma mensagem é a tendência dos homens em pré julgar. Nesse sentido, a parábola possui a grande vantagem de não predispor os ouvintes a censura prévia, facilitando sua assimilação.
A definição de parábola é "narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral". De suas características, surge uma força que leva o ouvinte a refletir sua conclusão. Um bom exemplo de parábola do antigo testamento está em II Samuel 12:1-14, conhecida como "o profeta Natan repreende a Davi".
De maneira geral, a parábola difere da alegoria por ser mais extensa e exigir maior coerência e plausibilidade entre seus elementos. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada (metáfora) ou uma seqüência de metáforas que significam uma coisa nas palavras, outra no sentido. Alguns autores adotam também o termo símile que quer dizer comparação de coisas semelhantes. "Vós sois a luz do mundo" é uma metáfora; "como um cordeiro mudo diante daquele que o tosquia" é um símile. "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só, mas se morrer, produzirá muito fruto" [João 12:24] é uma alegoria.
Em comparação com as parábolas judaicas, as de Cristo possuem a diferença fundamental de forçarem o ouvinte a tomar uma posição sobre o assunto. Sua estrutura impele as pessoas a refletirem sobre sua conclusão. Existe um aspecto positivo que parece sobressair em relação aos demais. É seu poder de invadir o tempo e as gerações, despertando o mesmo interesse (senão maior), permitindo sempre que os homens possam ampliar, a cada instante, o sentido dos ensinamentos que transmite. Por tudo isso, bom proveito! Escolha uma parábola para ler e boas reflexões.

Ivan René Franzolim

[Retirado de http://www.espirito.org.br/portal/palestras/ivan-franzolim/boa-nova-11.html]

PARA ACOMPANHAR UM ESTUDO SOBRE AS PARÁBOLAS DO MESTRE JESUS

http://www.scribd.com/doc/2286959/Parabolas-de-Jesus?ga_from_send_to_friend=1

sábado, 15 de novembro de 2008

NA MINHA MODESTA OPINIÃO...


NA MINHA MODESTA OPINIÃO DEVEMOS PENSAR NO LAR DE FREI LUIZ COMO UM IMENSO EDUCANDÁRIO - E É ESSE O NOME DA CASA , NÉ? , ONDE TODOS NÓS ESTAMOS SENDO TESTADOS EM NOSSAS POSSIBILIDADES COM O OBJETIVO DE ALCANÇARMOS A NOSSA TRASNFORMAÇÃO.
NESSES DIAS , ESTAVA RELENDO UM LIVRO MUITO ESPECIAL DO LEONARDO BOFF, ONDE ELE APONTA A NECESSIDADE URGENTE DE NOS REPENSARMOS PARA A VIDA E ADQUIRIRMOS UMA CONSCIENCIA PLANETÁRIA , PENSANDO NO PLANETA COMO A NOSSA ÚNICA E VERDADEIRA CASA E COMO TODOS NÓS COM A ÚNICA E VERDADEIRA FAMÍLIA QUE TEMOS . E ASSIM , PARA ELE - E PARA MIM TAMBÉM TEMOS QUE DESENVOLVER EM NÓS UMA BOA VONTADE INCONDICIONAL PARA CONSTRUIRMOS ALGO DE BOM PRA TODOS NÓS , SEM DISTINÇÃO. PRECISAMOS ESTAR DISPOSTOS A ACOLHER UNS AOS OUTROS GENEROSAMENTE , SEM RESERVAS. PRECISAMOS ESCUTAR COM O CORAÇÃO , NA TENTATIVA DE COMPREENDERMOS MAIS E MELHOR UNS AOS OUTROS . TEMOS QUE INVESTIR VERDADEIRAMENTE NO DIÁLOGO FRANCO , HONESTO E ABERTO , PORQUE PRECISAMOS UNS DOS OUTROS PARA SERMOS MAIS HUMANOS . PRCESISAMOS AFASTAR OS CONFLITOS ,RECONHECENDO-OS COM ARGUMENTOS E TIRANDO DELES COMPROMISSOS PARA A MUDANÇA QUE FOR NECESSÁRIA PARA TODOS. DEVEMOS DEIXAR OS NOSSOS INTERESSES PESSOAIS E PENSAR NOS INTERESSES COLETIVOS , PENSANDO NO QUE É VERDADEIRAMENTE IMPORTANTE PARA TODOS , LEMBRANDO QUE SERÁ A NOSSA RESPONSABILIDADE COLETIVA QUE VAI GARANTIR A NOSSA VIDA FUTURA. PRECISAMOS NOS COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO - PELO MENOS PRECISAMOS TENTAR , PARA COMPREENDER E RELATIVIZAR TODOS OS NOSSOS PENSAMENTOS E AÇÕES E ASSIM , CAMINHARMOS PARA A NOSSA TRANFORMAÇÃO , DESVIANDO DE NÓS OS SENTIMENTOS QUE NOS AFASTAM UNS DOS OUTROS.
FREI LUIZ NOS OFERECEU UMA MENSAGEM INTITULADA "CALA-TE E AJUDA" ONDE NOS ESTIMULA A SEGUIR EM FRENTE MESMO NA DIFICULDADE . ASSIM , VOLTANDO AO COMEÇO , COMPREENDO QUE A CASA QUE FREI LUIZ E ROCHA LIMA NOS LEGARAM É ESSE ESPAÇO PRIVILEGIADO ONDE TODOS NÓS -TODOS MESMOS ESTAMOS APRENDENDO O CAMINHO DAS PEDRAS . MAS PRECISAMOS ACEITAR QUE CADA UM DE NÓS APREENDE DE MANEIRA PRÓPRIA E PARTICULAR E NEM POR ISSO DEIXAM DE COMPOR A NOSSA FAMÍLIA PLANETÁRIA E ESPIRITUAL . PRECISAMOS SEGUIR EM FRENTE FAZENDO A NOSSA PARTE E NOS ESFORÇARMOS EM SER UM FOCO DE RESISTENCIA E LUZ PARA SENSIBILIZAR E ENVOVERMOS A TODOS COM A NOSSA FORÇA E CRENÇA .
ENTÃO , VAMOS EM FRENTE , COM JESUS , FREI LUIZ E ROCHA LIMA!!!!!!!

domingo, 2 de novembro de 2008

A derrota de Paes
Cora Rónai

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia
as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado,
gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando
descaradamente a máquina estadual, federal e universal,
beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim,
com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira
por 50 mil míseros votos.

Como vitória política, já é um resultado extremamente
questionável; mas do ponto de vista pessoal, é uma derrota
acachapante.

Eduardo Paes levou a prefeitura, sim, mas de contrapeso
ficou com uma quadrilha de aliados que não deixa nada a
dever àquela que ele acusava o presidente Lula de comandar.


Vai ser prefeito, sim, mas vai ter de arranjar boquinhas
para o Crivella, para o Lupi, para o Piciani, para a
Clarissa Garotinho, para o Roberto Jefferson, para a
Carminha Jerominho, para o Babu, para o Dornelles, para a
Jandira... estou esquecendo alguém?

Conquistou um cargo, é verdade, mas conquistou também o
desprezo mais profundo de metade do eleitorado.

Em compensação, como carioca, perdeu a chance de viver um
momento histórico, em que a prefeitura seria, afinal,
ocupada por um homem de bem, com idéias novas e um novo
jeito de fazer política; perdeu a chance de ver o Rio de
Janeiro sair do limbo a que foi condenado nas últimas
décadas, e ganhar projeção pela singularidade da sua
administração.

Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje
não significa nada em termos políticos, voltaria a ter
relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito
eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores
e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem
o país seria obrigado a prestar atenção.

Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente
nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será
interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade,
como um retumbante 'Liberou geral!'

Nojo, nojo, nojo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sobre o Abacateiro e a Semente do Abacate ...

Pensando sobre a Consciência , a Paciência e a Moral...

Já tive a oportunidade de comentar com vocês o quanto sou lento de raciocínio ,né?
Pois é ... Desde domingo passado , depois da Aula do Marconi , venho pensando sobre as observações que foram levantadas sobre a questão da Mediunidade , sobre as necessárias atitudes para o trabalho espiritual que nos propomos a fazer e realizar , e principalmente nestes três aspectos - a Consciência , a Paciência e a Moral como instrumentos importantes para qualificar a nossa atitude no campo mediúnico...
E , aos poucos , fui imaginando que imagem poderia resumir as minhas reflexões acerca do tema . E, devagar foi aparecendo na minha mente a figura de uma semente de abacate que para ,vir a ser um abacateiro , tomar "consciência" da sua possibilidade , precisa da terra e da água, para germinar , precisa de muita "paciência" para vir a ser um abacateiro ...
E,dentro desse tempo todo , essa semente , para evoluir da sua condição , precisa experimentar muitas tranformações - de dentro para fora e de fora para dentro , precisa receber ajuda e apoio , precisa crescer , mudar e evoluir , até que a sua nova condição a possa levar à uma nova experiência...
E, ao caminhar para essa nova condição , e a semente se perceber árvore, e começar -ou será recomeçar? , uma (re)nova(da) experiência de vida , na vida . E, os seus frutos darão novas sementes , que darão novos abacateiros , que darão novos frutos ,que darão...
E,agora , me veio à cabeça a linda música do Gil - Refazenda , que fala um pouco disso...

Acho que viajei muito....

sábado, 13 de setembro de 2008

KADEC,BEZERRA E CHICO...

NOSSO COMPROMISSO...

Kardequização do sentimento :
equilíbrio
Kardequização do raciocínio :
visão
Kardequização da ciência :
humanidade
Kardequização da filosofia :
discernimento
Kardequização da fé :
racionalidade
Kardequização da inteligência :
orientação
Kardequização do estudo :
esclarecimento
Kardequização do trabalho :
organização
Kardequização do serviço :
eficiência
Kardequização das relações :
sinceridade
Kardequização do progresso :
elevação
Kardequização da liberdade :
disciplina
Kardequização do lar :
harmonia
Kardequização do debate :
proveito
Kardequização do sexo :
responsabilidade
Kardequização da personalidade :
autocrítica
Kardequização da corrigenda :
compreensão
Kardequização da existência :
caridade




Kardequizemos para evoluir com acerto à frente do Cristo de Deus. A Terra é nossa escola milenária e, em suas classes múltiplas, somos companheiros uns dos outros.

Kardequizarmo-nos na carteira de obrigações a que estamos transitoriamente jungidos é a fórmula ideal de ascensão.

Estudemos e trabalhemos sempre.

* * *

Bezerra de Menezes
[Psicografado por Francisco Cândido Xavier]

OPORTUNIDADE E TRABALHO...

Venho pensando -(.... Às vezes eu consigo ...), sobre essas duas expressões e os usos que podemos fazer com as duas situações . Pode parecer complicado , mas não é não!
A oportunidade pode ser o que queremos para a nossa vida de relação - em qualquer lugar ou em qualquer situação . Mas pode ser apenas o que alcançamos ou conseguimos conquistar . Podemos pensar na conquista , na disposição , no merecimento e até no esforço que empreendemos para o alcançe do que queremos ...
Mas é nessa hora que começo a pensar sobre o trabalho e vejo que a oportunidade que temos ou conquistamos está diretamente ligada ao esforço que empreendemos para a sua conquista . E isso vale para toda hora e para toda a situação . Em casa temos as melhores oportunidades de relacionamento com a nossa família se trabalhamos para elas . Trabalhamos pelas melhores oportunidades no nosso trabalho investindo em nós , nos colegas e na nossa profissão . Assim é também entre nós e os nossos amigos . Se investimos nas nossas amizades temos as melhores oportunidade de relacionamento...
Da mesma forma , penso que para termos as oportunidades mais adequadas a nós e ao nosso espírito , temos que investir nessa tarefa . Para tal , precisamos definitivamente associar oportunidade e trabalho na lida espiritual - com estudo , compromisso , disciplina e sobretudo melhora da nossa sintonia para o alcançe das nossas melhores condições - tanto físicas como espirituais , para a nossa ligação com o Alto .Acho que é isso ...
Bem , vamos adiante!

domingo, 7 de setembro de 2008

SÉRIE PRA PENSAR II

CIÊNCIA ESPÍRITA

"ESPIRITISMO É UMA QUESTÃO DE BOM-SENSO" - KARDEC


[...] Só a razão kardeciana, em que a verdade se comprova na investigação fenomênica, pode nos dar os elementos eficazes da libertação espiritual. Não se trata de apelo à Providência Divina, mas de tomada de consciência do momento em que vivemos. Todos os recusos igrejeiros a que se apegaram os mestres improvisados de nada valem nesta fase em que só a consciência lúcida pode libertar o espírito do visgo da matéria, segundo a imagem de Kardec e do acúmulo milenar de supertições místicas e mágicas.
Dizia o Apóstolo Paulo aos seus discípulos que, em pequenos, eles se alimentavam de líquidos, mas, ao crescer, necessitavam de alimentos de sólidos. A recomendação se aplica aos espíritas atuais, que não querem largar o mingau da infência pelo tutu de feijão. O Espiritismo tem por finalidade libertar o espírito humano do visgo da matéria, para que ele possa alçar o vôo da transcendência. A Religião Espírita não comporta lamúrias e ladainhas, nem exige dos adeptos atitudes formais, mvoa modulada, gestos artificiais e estudados, olhares lânguidos e lágrimas ou carpideiras em velórios e funerais. As dores e angústias do mundo não são castigos do céu, mas provas necessárias ao desenvolvimento das potencialidades do espírito. Viver é lutar, como no verso de Gonsalves Dias. A luta da vida não se destina a angelizar as criaturas, mas a virilizar o espírito, predispondo-o para vôos de águia e não paro esvoaçar das borboletas. A Angelitude, que é o quarto reino da Natureza, nada tem a ver com anjinhos de procissão com asas de papal de seda. Da Humanidad temos de evoluir para a Angelitude, que é o plano imediatamente superior ao plano terreno, povoado de espíritos elevados em saber e moral, responsáveis por si mesmos e pelo desenvolvimento espiritual dos homens. O anjo espírita não tem asas. Não voa como um pássaro, pois levita em seu corpo espiritual. Os Anjos não constituem uma criação à parte da Natureza, onde tudo se encadeia. Os Anjos são homens que se tornaram mais fortes e viris, capazes de enfrentar as mais pesadas e difíceis tarefas da vida superior. NINGUÉM PENSE QUE CHEGARÁ COM REZAS E HUMILDADE FINGIDA AO PLANO DOS ANJOS. A virilidade angélica é de dignidade, coragem, moralidade e permanente disposição para o trabalho. A graça, como explicou Kardec, não é um privilégio concedido gratuitamente a alguém, em detrimento de outros. A GRAÇA, SEGUNDO KARDEC, É A FORÇA QUE DEUS CONCEDE AO HOMEM DE BOA VONTADE PARA LUTAR E VENCER AS SUAS IMPERFEIÇÕES. Lutar e vencer são as duas espadas simbólicas das vitórias do espírito. O Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, mas o consolo espírita não é cantiga de ninar e sim conhecimento da razão e das finalidades da vida. Só o conhecimento real, o encontro com a verdade pode dar ao espírito a consolação necessária. [...] (Ciência Espírita e Suas Implicações Terapêuticas pág. 123 - Prof. José Herculano Pires - Edições USE)

SÉRIE PRA PENSAR...

O ATEU

“Cada dia que surge constitui uma nova vida
para quem sabe viver”
(Horácio)



Em certa localidade do interior de Minas Gerais, morava um ateu incorrigível. Era casado com linda e digna mulher e possuía um único filho, que contava 12 anos e se constituía o seu maior tesouro.
O ateu, tanto quanto possível, não perdia a oportunidade de revelar seu ateísmo doentio, zombando da crença alheia. Sua prendada esposa o advertia, quase sempre, sem proveito. Contudo, o ateu continuava negando a Deus, multiplicando seu ouro e adorando seu único filho.
Quando menos esperava, a morte veio silenciosa e levou-lhe o filho. Isso entristeceu o coração materno e encheu de desespero o cérebro do ateu.
Passaram-se dois anos. O ateu, agora magro e pobre, sem a esposa que também fora levada para o além, sentia-se só e doente. A conselho de alguns amigos, batera à porta de vários templos, até que, numa tarde abençoada, foi ter a uma sessão espírita.
Aí começou a receber os primeiros socorros. Seu coração, trabalhando pela dor, perdera as vestes negras da vaidade e do orgulho. E numa noite, quando mais se mostrava convicto da verdade espírita, o filho incorpora-se num médium e lhe fala:
“Meu pai, como me sinto feliz em vê-lo aqui! Como demorou a encontrara a grande estrada! Graças a Deus que veio! Mas foi preciso que eu e minha mãe pedíssemos muito a seu favor, para que o pai do céu nos atendesse. Vou contar-lhe uma historieta que um de meus mentores me contou com relação ao nosso caso:
‘Numa aldeia da Índia, vivia um fazendeiro rico que se especializara na criação e seleção de animais. Possuía grande quantidade de vacas reprodutoras de boa qualidade. Era um homem bom e prestativo. Desejava ajudar a todos os seus irmãos de ramagens na Terra. E assim resolveu partilhar sua obra com seus vizinhos de outra aldeia, limitada em seus rumos por um pequeno rio. Mandou selecionar alguns bois e uma vaca que possuía um único bezerro e os enviou aos seus companheiros.
Mas, na passagem do rio, todos os bois passaram, menos a vaca e o bezerro. Tudo foi tentado sem proveito. Alguém, porém, alvitrou: ‘Amarrem o bezerro e atravessem com ele o rio, que a vaca acompanhá-lo-a...’. De fato, a vaca, vendo o filho amarrado, berrando, pedindo socorro e atravessando o rio, não se fez de rogada e também o atravessou...’.
Aí está, meu pai, a lição preciosa que a historieta nos dá. Foi preciso que eu também fosse amarrado pela enfermidade e jogado no rio da morte para que o senhor atravessasse o rio do preconceito e viesse até mim. E assim sentisse como está sentindo comigo a verdadeira vida e, desse modo, iniciar o resgate de suas faltas!
Louvado seja Deus, que o iluminou na dor para compreender a realidade espiritual.

Nivaldo Sernaglia
http://www.jornaldemocrata.com.br

domingo, 31 de agosto de 2008

"UM POUCO SOBRE A REENCARNAÇÃO..."

SÃO ALGUMAS QUESTÕES INTERESSANTES - OUTRAS NEM TANTO SOBRE O TEMA , TRAZIDAS APENAS PARA A NOSSA REFLEXÃO. VAMOS A ELAS...


RETIRADO DO BLOG "SAINDO DA MATRIX"


Já conhecemos que a reencarnação é uma crença difundida no hinduísmo, no judaísmo, no cristianismo original, e no budismo. Todas estas doutrinas bebem da fonte da cultura oriental, mas esta linha de pensamento (a sobreviência e retorno da alma após a morte) também era cultivada no ocidente.

Os gregos Órficos, por exemplo, expunham sua Doutrina Palingenésica numa roupagem filosoficamente avançada, que influenciou Sócrates e Platão (na obra Fédon), dentre outros. Antes dele, Pitágoras também a adotou como condição sine qua non para a evolução plena da alma. Clemente de Alexandria (posteriormente cassado pela Igreja Católica) e Orígenes, o Cristão (considerado "o maior erudito da Igreja antiga") também a divulgariam.

Na Europa gaulesa e britânica, os druidas acreditavam na reencarnação em termos semelhantes aos gregos e budistas. Tal crença foi parte integrante da doutrina cristã até o Concílio de Constantinopla, em 533 D.C., quando, por motivos políticos, foi formalmente repudiada pelo clero. Mesmo assim, a idéia persistiu entre alguns cristãos, especialmente os Cátaros, no século XII. Suas idéias (bem interessantes, que com certeza inspiraram os criadores de The Matrix) se chocavam diretamente com a da Igreja Católica, e por isso a "Santa" Inquisição lançou mão de uma campanha militar de 20 anos pra erradicar os Cátaros da face da Terra (Amém). Além deles, Giordano Bruno (queimado vivo em 1600) sentiu na pele a intolerância da ICAR ao defender idéias heréticas, como o Hermetismo, o Heliocentrismo e a Metempsicose.

Enfim, a reencarnação é mais uma regra do que exceção. Mas as razões e meios pelos quais a reencarnaçao se processa são meio obscuros nessas religiões, e só a doutrina espírita procurou botar os "pingos nos is", com a codificação de Allan Kardec e, no Brasil, com os relatos em forma de romances espirituais psicografados por Chico Xavier (carregados de lições de moral e conteúdo didático, como todo bom guia espiritual). Assim, ficamos meio que bitolados com os romances e deixamos de questionar novas possibilidades, novas visões, novos processos que não entenderíamos nos anos 50 (época de ouro dos livros de Chico) mas que hoje, quase 60 anos depois, poderíamos "ousar" entender. O pensamento abaixo não tem a pretensão de reescrever a teoria da reencarnação pra qualquer doutrina, apenas fornecer um ponto de vista alternativo, paralelo. O texto não é exatamente meu; é sim uma coletânea de coisas que foram debatidas na lista Voadores, principalmente por Lázaro Freire, Patrícia Montini e Arauto Draconiano. Me apoderei sem piedade dos textos deles como se fossem meus, mudando coisas aqui e ali, e acrescentando tantas outras.

Vejamos alguns dados que comprometem o raciocínio reencarnacionista tradicional:

1) Nascidos nesse planeta até meados de 2002 = 106.456.367.669 pessoas.
Fonte: Population Reference Bureau

2) Pessoas ainda vivas até meados de 2002 = 6.215.000.000 pessoas.
Fonte: Population Reference Bureau

3) Razão entre total de espíritos encarnados e total de espíritos desencarnados aguardando reencarnação = 1:10.
Fonte: Várias obras espíritas dão essa estimativa.

4) Total de espíritos que já nasceram alguma vez nesse planeta, mas que já passaram a habitar planetas mais adiantados e não mais encarnarão aqui (digamos uma estimativa conservadora de 10% do total de nascidos) = 10.645.636.766,9.
Fonte: CHUTE BRABO.

CONCLUSÃO:

1) 95.810.730.902.1 vidas já foram realizadas, distribuídas entre 68.365.000.000 espíritos, o que dá uma média de 1,4 vidas por espírito, o que significa que, se cada um dos 68.365.000.000 espíritos ainda ligados a esse planeta tivesse tido o mesmo número de encarnações que os demais, então cada espírito teria reencarnado 1,4 vezes.

2) Prosseguindo nos cálculos, chegamos à conclusão de que, para que pelo menos 10% dos espíritos ainda ligados a este planeta (encarnados ou não) tenham tido 5 encarnações, os outros 90% teriam que ter tido SOMENTE UMA ENCARNAÇÃO.


Estranho, não? Vejamos abaixo um diálogo do filme Waking Life, que é uma espécie de Quem Somos Nós da Filosofia e dos sonhos lúcidos, e que eu recomendo dicumforça para todos os leitores deste blog:


- Não me sai da cabeça algo que você me disse.
- Algo que eu disse?
- É. Sobre a sensação de que você observa a sua vida, da perspectiva de uma velha à beira da morte... Lembra?
- Sim... Ainda me sinto assim, às vezes. Como se visse minha vida atrás de mim. Como se minha vida desperta fosse de lembranças...
- Exatamente. Ouvi dizer que Tim Leary, quando estava morrendo, disse que olhava para seu corpo que estava morto, mas seu cérebro estava vivo. Aqueles 6 a 12 minutos de atividade cerebral depois que tudo se apaga. E um segundo nos sonhos é infinitamente mais longo do que na vida desperta. Entende?
- Claro. Tipo, eu acordo às 10:12h. Então, eu volto a dormir e tenho sonhos longos, complexos, que parecem durar horas. Aí eu acordo e são 10:13h.
- Exato. Então aqueles 6 a 12 minutos de atividade cerebral... podem ser a sua vida inteira! Quero dizer, você é aquela velha, olhando para trás e vendo tudo.
- Se eu sou, o que você seria nisso?
- O que eu sou agora. Quero dizer, talvez eu só exista na sua mente. Eu sou apenas tão real quanto qualquer outra coisa.
- É... Andei pensando sobre algo que você disse.
- O que é?
- Sobre reencarnação, e de onde todas as novas almas vêm ao longo do tempo. Todo mundo sempre diz ser a reencarnação de Cleópatra, ou de Alexandre, o Grande... Não passam de bestas quadradas, como todo mundo. Quero dizer, é impossível. Pense sobre isso: a população mundial duplicou nos últimos 40 anos, certo? Então, se você acredita nessa história egóica de ter uma alma eterna, há 50% de chance da sua alma ter mais de 40 anos. Para que ela tenha mais de 150 anos, é... uma chance em seis.
- O que você está dizendo? Reencarnação não existe? Ou somos todos almas jovens? Metade de nós é de humanos de primeira viagem?
- Não, eu só quero dizer...
- Aonde você quer chegar?
- Eu acredito que de alguma forma a reencarnação é uma expressão poética... do que realmente é a memória coletiva...
Eu li um artigo de um bioquímico, não faz muito tempo. Ele dizia que, quando um membro de uma espécie nasce ,ele tem um bilhão de anos de memória para usar. É assim que herdamos nossos instintos.
- Eu gosto disso. É como se houvesse uma ordem telepática da qual nós fazemos parte, conscientes ou não. Isso explicaria os saltos aparentemente espontâneos, universais e inovadores na ciência e na arte. Como os mesmos resultados surgindo em toda a parte, independentemente. Um cara num computador descobre algo e, simultaneamente, várias outras pessoas descobrem a mesma coisa.
Houve um estudo em que isolaram um grupo por um tempo e monitoraram suas habilidades em fazer palavras cruzadas em relação à população em geral. Então, deram-lhes um jogo da véspera, que as pessoas já tinham respondido. A sua pontuação subiu dramaticamente. Tipo 20%. É como se, uma vez que as respostas estejam no ar, pudessem ser pescadas. É como se estivéssemos partilhando nossas experiências telepaticamente...




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População da Terra:

1000: 310 milhões
1900: 1,6 bilhões
1950: 2,7 bilhões
2000: 6 bilhões (incluindo muitos dos acima)
2050: 9 bilhões (idem)


Não precisa de muita conta ou chute para ver que, matematicamente, quase todos estão na primeira "encarnação" aqui. Ou que o que chamamos de reencarnação pode ser algo bem mais coletivo, assim como a evolução, se "Somos Todos Um Só". Será por isso que tantas pessoas diferentes dizem acreditar (mesmo!) ter sido Cleópatra - ou Allan Kardec? Será que não está na hora de abrirmos a mente para um modelo um pouco mais akáshico e coletivo para reencarnação?

Por outro lado, é inegável (aos espiritualistas e sensitivos) que acessamos, senão "vidas", pelo menos "vivências passadas", até como parte de nossa experiência pessoal. Podemos inclusive ter lembranças e sincronicidades. Mas será que vem mesmo de um ego de nossa "propriedade"? Será que o que acessamos em TVP, Akash e sonhos, vem mesmo da continuidade de nosso ego pessoal? E se somos todos um só, por que precisamos "ter" um ego tão pessoal assim?

Num artigo publicado essa semana pela revista Science, o Dr. H. Henrik Ehrsson, do Departamento de Neurociências Clínicas do Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia), conseguiu induzir pessoas sadias a uma experiência extra-corporal. Segundo Ehrsson, o fenômeno é "uma ilusão perceptiva na qual os indivíduos experimentam que seu centro de consciência, ou seu 'eu', está situado fora de seus corpos físicos, e que olham para seus corpos do ponto de vista de outra pessoa. Esta ilusão demonstra que o sentido de 'ser', localizado dentro do corpo físico, pode estar determinado plenamente por processos perceptivos, isto é pela perspectiva visual junto com o estímulo multi-sensorial do corpo". Caso não tenham entendido, é um cientista neuronal dizendo que seu EU não necessariamente existe dentro do seu corpo!!! E baseado em métodos científicos, publicados na prestigiada revista Science!

Lázaro conta que certa vez teve certezas íntimas de ter sido um personagem conhecido. Para não viajar muito, aceitou talvez ter sido um conhecido do cara, um colaborador. Mas o fato é que eu pegava um livro e lhe vinha tudo, fora sincronicidades variadas. Tudo o que faria um espírita (ou ufólogo místico) pensar ter sido "o" cara, e tentar recuperar sua "missão". Por precaução, preferiu confirmar para si mesmo do que sair revivendo sua "encarnação" anterior. E obteve algumas confirmações. Até que começou a acessar a vida de outro autor B, com a mesma sinceridade e intensidade. Mais confirmações vieram, do mesmo modo. Mais tarde, ao pegar em um livro de um autor C, um pacote de conhecimentos lhe veio à mente. Ele já sabia o que estava escrito, escrevia parecido com ele, se identificou muito com o autor. O mesmo valeu para D, que referências de espiritualidades confiáveis lhe disseram mais tarde ter sido ele em uma outra vida. De fato, ele se identificava com todos eles. E os vários karmas de A, B, C e D explicavam bem sua vida, tanto nos defeitos quanto nas qualidades. O problema é que essas pessoas tinham vivido praticamente no mesmo tempo!! Ainda tentaram lhe dizer que talvez eles tivessem se encontrado, ou que talvez ele tivesse sido um intelectual que estudou muito os quatro, mas no íntimo ele sabe que os "acessou" de alguma forma.

O fato é que o nosso "hardware", mesmo sendo de última geração, parece poder acessar os "softwares" mais antigos via emulação.

Um modelo mais "dilatado" dos Arquivos/Registros Akáshicos pode responder por estes fenômenos. Pra quem não sabe, esses arquivos são como registros de eventos que acontecem em determinado lugar. Um sensitivo, por exemplo, poderia, ao caminhar nas praias da Normandia (França), "acessar" algumas cenas do desembarque do Dia-D (mais ou menos como aquela propaganda do History Channel, o "descubra onde você está") que ficaram impressas no "éter" ou "Akash" (a matéria-prima do Universo, na metafísica). Seria pelos mesmos motivos que certos lugares ficam "mal assombrados".

Tenho até uma história interessante pra compartilhar sobre isso. Há alguns anos, no Carnaval aqui em Recife, estava eu à noite seguindo o "Batutas de São José" e cantando a melodia mais linda de todo o Carnaval brasileiro (Hino dos Batutas), quando, ao entrar pela Av. Marquês de Olinda, próximo ao Marco Zero, entrei numa espécie de limbo, onde "via", com os olhos da mente (e superposicionados acima da minha visão "real") personagens de outros carnavais. Pude perceber claramente pierrots e colombinas debruçados nas janelas dos casarões (há muito abandonados), jogando confetes e serpentinas. Foi uma experiência muito, muito diferente do que simplesmente imaginar aquilo. Eu estava VENDO, e ao mesmo tempo não vendo! Achei aquilo tão estranho (ver uma janela aberta com um palhaço de gola larga, e por trás a mesma janela fechada) e tão lindo (a chuva de confetes, as serpentinas ligando um prédio a outro) que acabei saindo daquele estado, com lágrimas nos olhos por não termos isso hoje em dia.

Explicações pra isso podem envolver que eu tenha "lembrado" de outra encarnação minha em Recife, naquele mesmo ponto, num Carnaval qualquer. Posso ter acessado os registros Akáshicos, ou simplesmente me desloquei na linha do tempo (como naquele filme Projeto Philadelfia). Ou eu surtei e deveria ter tomado remédios... Mas são questões que não deveriam estar em um ou outro compartimento de crenças: elas devem ser abordadas por todos os ângulos, pois não temos a certeza de NADA.

Uma pessoa faz Terapia de vidas passadas para saber porque não gosta da nora, e então descobre que ela roubou seu marido em outra vida. Tudo faz sentido, tudo se encaixa magicamente como num romance da Zíbia Gaspareto, e a pessoa sai dali dizendo que "se resolveu". Pode até ser que isso tenha vindo de uma vida passada sim (há outras possibilidades), e talvez até tenha sido a dela (há outras também). Mas não basta, a meu ver, saber que o peso daqui é igual ao de lá, e que tudo está certo na mesma proporção. Ao contrário, creio que as coisas se encaixam tão magicamente assim (em sonhos, regressões ou romances da Zíbia) exatamente porque foram "feitas sob medida", ou seja, são a perfeita compensação da mente. É como uma equação, o problema (nora) está de um lado da igualdade de tal modo que tudo se equlibre SE... (E aí vem o conteúdo da regressão). É nessa hora que o terapeuta tem como compreender de QUAL tipo de igualdade e variáveis estamos falando, e começar a atuar de modo a criar uma nova relação entre a sogra e a nora - e, provavelmente, de um grande Édipo que haveria nesse tipo de compensação (roubar meu filho = roubar meu homem).

Pode ser que a pessoa tenha mesmo vivido aquilo em outra vida. Mas ela viveu inúmeras outras coisas, e se o inconsciente foi buscar AQUILO, é porque ali deve estar o simbolismo para reequilíbrio e resolução. Pelo mesmo motivo, ele poderia buscar no Akash, na vida de outra pessoa, em um mito do inconsciente coletivo redramatizado oniricamente pelo transe, ou mesmo fabricado na hora, oniricamente, como forte imagem de compensação. No final das contas, tanto faz.

Tempo e espaço são conceitos que não fazem sentido para o inconsciente
(Sigmund Freud)
A nossa abordagem psicológica/metafísica de hoje é como aquela fábula do elefante e dos três cegos: todos estão certos e ao mesmo tempo todos estão errados. Ken Wilber nos fala que cada escola ou teoria psicológica seria mais adequada à explicação de uma série de comportamentos específicos dentro de um "espectro" de comportamentos possíveis ao desenvolvimento humano. Assim, teríamos desde um quadro mais mecanicista, dado, por exemplo, pelo behaviorismo radical, até os mais avançados, como a da Psicologia Transpessoal. Cada escola estando, dentro dos seu enquadramento teórico, relativamente certa, nestas condições.

O pensamento transpessoal de Ken Wilber bebe na tradição da Teosofia (e, conseqüentemente, dos Rosacruzes) que, por sua vez, se inspira no modelo budista Tibetano, encontrado no Livro Tibetano dos Mortos, que rompe com o que comumente conhecemos como reencarnação da personalidade. Baseado nisso, Frank Visser propõe que o Ego espiritual (ou seja, o que achamos ser o espírito de João pedreiro, que já foi Napoleão em outra vida e jogou pedra na cruz de Jesus em Jerusalém) está disassociado da personalidade terrena (ou seja, esse espírito não foi nada disso, sendo apenas uma gota num oceano que já comportou gotas que animaram Napoleão, João pedreiro e o miserável que jogou pedra na cruz). Após a morte do corpo físico, o Ego espiritual vai embora pro seu mar e aquela personalidade ainda permanece um tempo no mundo astral e mental, se desvanecendo gradualmente (como uma pilha perdendo a carga) até sumir. Puf! Ali, no oceano, o Ego "descansa" (por horas ou anos) até que sinta a necessidade (que ele descreve como uma "fome") de receber estímulos dos planos mais grosseiros, de sentir-se "vivo".

Nós não somos mandados de volta à Terra contra a nossa vontade, e sim por necessidade. Somente se formos espiritualmente cônscios (ou seja, se já alimentamos nossas baterias no plano espiritual com plena consciência) não precisaremos retornar. Algumas boas almas retornam puramente pela vontade de libertar outras almas desse ciclo inconsciente (alguém falou Jesus?).

O que eu achei esquisito na teoria é que, se o ego espiritual encarna uma personalidade, o que é feito das memórias e experiencias dessa personalidade? É retida?? Se sim, então é o mesmo que dizer que a personalidade está retida no ego.
Se é compartilhada com os outros egos, então como o ego pode sentir necesidade de "descer" pra "se alimentar" se ele compartilha da experiência de vida dos outros egos que estão "subindo"??

Aliás, esta última alternativa é a idéia que Carl Gustav Jung fazia da existência consciente depois da morte: uma consciência da humanidade. Quando alguém morre, "transmite" sua experiência para a consciência coletiva (que nunca excede o limite do que o homem encarnado pode alcançar, ou seja, nunca "aprende" nada do "lado de lá"), e é por isso mesmo que a vida aqui na Terra teria tanta importância, pois só aqui, na vida terrena, onde os extremos se tocam, poderíamos elevar a consciência geral.

Uma imagem interessante do Ego espiritual de Wilber é a do mergulhador que vai buscar uma pérola em altas profundidades. O espírito busca a pérola da experiência/vivência na Terra, mas não pode permanecer muito tempo ali. De quando em quando, precisa retornar ao seu mundo original, para "respirar".

É um conceito similar em parte a concepção órfica da imortalidade: a alma está enterrada no corpo como se fosse um túmulo (soma-sema, que significa em grego corpo-túmulo). Como conseqüência, a existência encarnada se assemelha mais a uma morte e o falecimento constitui o começo da verdadeira vida. Esta verdadeira "vida" não é obtida automaticamente; a alma será julgada segundo as suas faltas e os seus méritos. Após um certo período, ela reencarna. A influência egípcia – julgamento de Osíris e reencarnação – é insofismável no orfismo. Nessa via crucis de reencarnação em reencarnação, até mesmo em corpo de animais, a alma vai se purificando. Nesses intervalos reincarnacionistas, a alma chega a demorar uns 1.000 anos no castigo do inferno, onde sofre um ciclo de pesadas penas. Quando completamente purificada, sai desse ciclo de gerações para reinar entre os heróis. O destino, obviamente, não será o mesmo para os iniciados órficos e os profanos. O mortal comum profano deverá percorrer dez vezes o ciclo antes de escapar.

Há um conceito difundido na Igreja Messiânica (e também na Igreja budista Risho Kossei-kai) de que somos a soma de milhares de antepassados. É a Doutrina Anatta (do "não-eu"), onde o que permanece após a morte não é a alma individual, mas sim o karma (ação) que se fez em vida. Segundo o ensinamento de Buda, a existência, a continuidade da vida e sua cessação são explicadas em uma fórmula detalhada - chamada de Patika Samuppada (produção condicionada), constituída de doze fatores:

1. Pela ignorância são condicionadas as ações volitivas ou formações kármicas.
2. Pelas formações kármicas é condicionada a consciência.
3. Pela consciência são condicionados os fenômenos mentais e físicos.
4. Pelos fenômenos mentais e físicos são condicionadas as seis faculdades (quer dizer, os cinco órgãos dos sentidos e a mente)
5. Pelas seis faculdades é condicionado o contato. (sensorial e mental)
6. Pelo contato é condicionada a sensação.
7. Pela sensação é condicionado o desejo.
8. Pelo desejo é condicionada a posse.
9. Pela posse é condicionado o processo do vir-a-ser.
10. Pelo processo do vir-a-ser é condicionado o nascimento.
11. Pelo nascimento são condicionados:
12. A decrepitude, a morte, as lamentações, as penas, etc.

Notem que é pela ignorância que todo o processo começou, gerando uma ação que gerou uma consciência. Há semelhanças aqui com o Velho Testamento (Gênesis) e a ignorância de Adão e Eva de se deixarem enganar pela serpente (uma leitura atenta mostra que no fundo eles desejavam ter o mesmo conhecimento/discernimento de Deus). Após isso, temos uma ação (a mordida do fruto da Árvore da Ciência do Bem e do Mal) e, finalmente, o lampejo de consciência (eu ≠ você) que os fez perceber que estavam "nús". Fábula semelhante está representada pela queda de Lúcifer: A "queda" em si é tão justificada pela consciência recém-adquirida que não a percebemos como um ganho.

Quem cai pelo coração o sofrimento é tanto que redime. Quem cai pela inteligência - vejamos o exemplo da entidade demoníaca do texto bíblico, que não é tão simbólico quanto parece - não se sente caído...
(Emmanuel)

É assim que a vida aparece, existe e continua, em forma circular (a tal roda de Samsara). Entretanto, se tomarmos esta fórmula em sentido contrário, chegamos a cessação do processo, um religamento ao Todo.

O que Buda nega é a idéia da existência de uma alma imortal individualizada. Afinal, se a alma foi "criada" em algum ponto, ela estará sujeita a cessar. E o budismo é enfático em dizer que tudo é impermanente. Então sua individualidade também é uma ilusão que precisa ser superada para evitar o sofrimento, assim como sua idéia de "meu corpo", "minha família", etc.

Talvez estejamos apegados demais à nossa personalidade para analisarmos a reencarnação não só como flores individuais desabrochando e morrendo, e sim como um jardim, onde cuidamos das flores individual e coletivamente, buscando um efeito que só pode ser apreciado à distância.

O Prof. Alberto Cabral, do CEFLE, costuma dizer que aqui na Terra há "reencarnações por arquétipos". Na visão dele, diferente do que o espiritismo prega, as pessoas não vêm reencarnar com seus parentes e situações de outrora, pois seria impossível em termos práticos. Os espíritos apenas vestem encarnações similares, situações parecidas onde der pra encaixar, as quais somadas fecham o cenário para que a pessoa encontre - ou supere - os complexos que precisaria, karmicamente, encontrar. Ex: Você tem a impressão que tava encarnado na vida passada com um amigo desta. Mas na verdade teu amigo da vida passada "evoluiu" mais rápido que você, que continua, por exemplo, brigão. Então teu amigo atual é outro espírito brigão apenas parecido com o que o teu primeiro amigo era na vida passada. A fila andou. Não faria sentido teu primeiro amigo continuar do teu lado vivendo as mesmas coisas se ele já aprendeu o que você ainda não conseguiu. A gente reencarnaria por sintonia - lugares e pessoas necessárias ou compatíveis pra vivência dos karmas, algo assim. Tal conceito guarda grande semelhança com o Anatta budista.

Já Krishnamurti nos fala que a gente morre e não sobra nada individual, existindo tão-somente um tipo de "padrão coletivo de emoções", um campo que seria "personalizado" a cada nascimento. Acho que, para ele, só sai dessa roda de Samsara quem desperta, sai do rio da vida, saindo do padrão ego/pensamento/emoção; só que daí também não sobraria nada individual, porque esse "desperto" aí se fundiria no grande e incompreensível Todo que existe além do rio.

Para a Gnose, a alma individualizada tem ao seu dispor 108 vidas para alcançar a auto-realização. Caso não consigam, deverão involuir no reino mineral até que passem pela "Segunda Morte". Após isso, a Essência, a Alma ou princípio imortal, escapa e volta para a superfície, para a luz do sol, a fim de recomeçar a jornada, a fim de iniciar uma nova evolução, desde o estado mineral, passando pelo vegetal, animal, e chegando, novamente, no estado humano ou humanóide que outrora perdeu. Aí novamente serão consignadas mais 108 vidas. Se nos auto-realizamos no novo ciclo, ótimo; se falhamos, repetiremos todo o processo.

Para os Rosacruzes, cada ser humano renasce no plano terreno a cada 144 anos, em média. Se, por exemplo, uma pessoa vive 80 anos neste plano terrestre e morre, a alma e a personalidade da referida pessoa permanecem no plano cósmico psíquico cerca de 64 anos antes de se reencarnar, a fim de completar o ciclo de 144 anos. Seguindo o mesmo raciocínio, a criança que desencarna aos quatro anos de idade teria de permanecer 140 anos aguardando a reencarnação.

No Bhagavad-gita, a mais famosa escritura do hinduísmo e a base principal o movimento Hare Krishna, lê-se: "Assim como a alma corporificada continuamente passa nesse corpo da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, a alma passa a outro corpo após a morte. A alma auto-realizada não se confunde com tal mudança". Os Vedas também explicam que, no mundo material, a alma transmigra dentro de um ciclo de nascimentos e mortes materiais através de 8.400.000 formas de vida. A forma de vida humana, entretanto, é a única em que a pessoa pode se auto-realizar. As espécies de vida inferiores às humanas não são dotadas com inteligência suficiente para compreender a diferença entre o eu e o corpo.

Para a ciência, existe ainda a possibilidade de multiversos. Então, como fica a individualidade em cada universo paralelo? O resultado dessa salada toda parece apontar pra o aperfeiçoamento de uma individualidade duramente conquistada, reformada e aprimorada pra voltar outra vez pro Todo de onde só aparentemente "saiu". Por que tudo isso começou? Será que é o Criador/Todo querendo se reconhecer (In Lake' ch)? O Deus em mim saudando o Deus em você (Namastê)? Será que esse processo todo foi um engano? Ou será que gera algum tipo de energia que mantém nosso universo?


Referência: Considerações sobre a Idéia da Reencarnação Ontem e Hoje: Uma Abordagem Científica, Histórica e Psicológica;
O mito de orfeu

Holismo, Internacional, Metafísica - publicado às 11:32 PM 129 comentários