segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

SOBRE O LIVRO E MARCEL...

Biografia que inspirou filme revela dimensão humana do mito
12/02 - 13:42 - Augusto Gomes, iG São Paulo



SÃO PAULO - Usar o livro "As Vidas de Chico Xavier" como base para o roteiro do filme de Daniel Filho foi uma decisão natural. Afinal, a biografia escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior é o mais completo relato sobre a vida do médium mineiro, que completaria cem anos no próximo dia 2 de abril. Segundo o autor, a ideia do livro veio depois de uma constatação simples: simplesmente "não havia nenhuma biografia jornalística sobre este mito tão brasileiro e tão poderoso".


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Comichões, vozes e intuições dão origem a livros psicografados

"Ao me aproximar de Chico, descobri a outra dimensão, mais humana, deste personagem 'sobrenatural'. Enfim, o Chico de carne e osso, um dos principais líderes religiosos do país, ganhou força", conta. As histórias coletadas por Souto Maior deram origem ao roteiro de "Chico Xavier, o Filme", escrito por Marcos Bernstein ("Central do Brasil" e "Zuzu Angel"). Na entrevista abaixo, ele fala sobre a origem do livro, sua relação com a fé e os encontros com o médium:

iG: Como surgiu a ideia de escrever uma biografia de Chico Xavier?
Marcel Souto Maior: Eu era subeditor do Caderno B do Jornal do Brasil - há 15 anos - quando escrevi uma reportagem sobre a peça espírita "Além da Vida", fenônemo de bilheteria da época, com mais de dois milhões de espectadores. Ao levantar material sobre o tema, entrei em contato com a história de Chico Xavier e fiquei impressionado com alguns dados sobre ele. Chico - na época com pouco mais de 80 anos - tinha escrito mais de 400 livros, vendido mais de 20 milhões de exemplares e doado os direitos autorais a instituições beneficientes. "Os livros não me pertencem. Eu não escrevi nada. Eles - os espíritos - escreveram", ele dizia, enquanto era investigado, perseguido, atacado e idolatrado também. Esta descoberta - de uma história única no Brasil - me levou a outra constatação: não havia nenhuma biografia jornalística sobre este mito tão brasileiro e tão poderoso. Por isso - por interesse jornalístico - decidi contar a história.

iG: Antes de escrever o livro, qual era a imagem que você tinha de Chico?
Marcel Souto Maior: Ainda criança, eu costumava passar férias em Araxá, cidade vizinha a Uberaba, onde Chico morava. Ele era um personagem da minha infância: o homem estranho que falava com os mortos. Uma figura meio "mal-assombrada". Ao me aproximar de Chico, descobri a outra dimensão - mais humana - deste personagem "sobrenatural". O homem que atendia e consolava milhares de famílias enlutadas - às voltas com o desespero de perdas de filhos, por exemplo; o homem que, apesar de pregar a imortalidade do espírito, tinha medo da morte; o homem que se permitiu vaidades como o uso da peruca para "representar melhor" o espiritismo. Enfim, o Chico de carne e osso, um dos principais líderes religiosos do país, ganhou força. Por trás de toda aquela mansidão, havia um homem organizado, rigoroso e obstinado.

iG: E essa imagem é próxima do senso comum a respeito dele?
Marcel Souto Maior: Chico é uma figura controvertida, um mito polêmico, idolatrado por milhões de brasileiros e questionado por outros milhões de céticos. Para muitos brasileiros - a maioria, acho - é um santo. Para outros, uma fraude, ao atribuir a espíritos textos escritos por ele mesmo. Chico para mim foi um homem de fé, que construiu uma trajetória única movido por três sentidos básicos: o sentido de missão (difundir o espiritismo e a caridade no país), o sentido de aceitação (ele agradecia pelas dores e obstáculos que enfrentava e encarava o sofrimento como forma de "resgatar dívidas" e crescer) e o sentido da doação (ele abriu mão de ganhos financeiros, da família, da própria privacidade para se dedicar à sua missão). Estes são traços que não podemos negar a Chico, por mais céticos que sejamos. No fim da vida, Chico dizia: "Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário." E aos que previam a sua "queda" (desmascarado por fraudes, por exemplo), Chico respondia: "Não vou cair porque nunca me levantei." Se Chico não tivesse fé não teria construído a história que construiu.


iG: Você tinha algum tipo de crença religiosa antes de escrever o livro?
Marcel Souto Maior: Continuo sem religião, infelizmente. Adoraria ter uma fé consolidada, inabalável, mas estou sempre questionando os limites entre este mundo e o "outro". Costumo dizer que, entre o céu e a terra, existe uma caixa preta ainda insondável pra gente: o cérebro. O que é mental? O que é memória genética? O que vem do nosso inconsciente ou de uma dimensão espiritual? Penso nestas questões e sigo questionando, talvez por vício jornalístico. Mas Chico mudou - sim - minha percepção sobre nosso papel no mundo. "Ajuda o outro e você vai estar se ajudando". "Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário". Estas frases de Chico - e seu exemplo de vida - me marcaram e me transformaram também.

iG: Como foram seus encontros com o Chico Xavier durante as pesquisas para a biografia?
Marcel Souto Maior: Chico tinha mais de 80 anos e sofria com sucessivas crises de angina e pneumonia quando o conheci. O que chamava atenção nele era a maneira como ele recebia, abraçava e consolava as famílias que o procuravam em Uberaba. Com o perdão do lugar-comum, Chico impressionava pela tranquilidade e esperança que conseguia transmitir.

iG: No livro, você conta dois episódios acontecidos durante encontros com Chico Xavier, um em que você chorou compulsivamente e outro em que sentiu a mão queimar. Hoje, como analisa isso?
Marcel Souto Maior: Não consigo explicar. Foram reações "físicas" mesmo, desvinculadas de emoções específicas. O corpo reagiu sem que eu tivesse noção do que estava acontecendo. Isso é estranho e um tanto desconcertante pra quem sempre se viu como cético. Até batizei os dois episódios - Mão Pegando Fogo e Lágrimas Inexplicáveis -, mas não tenho explicações para eles.

iG: Como era o processo de psicografia do Chico Xavier? Tinha algum horário, local ou ritual para acontecer?
Marcel Souto Maior: Chico psicografava sempre que não estava à frente de sessões no centro ou envolvido em outros compromissos como "divulgador" da doutrina espírita. Escrevia num ritmo intenso para cumprir - segundo ele - uma meta estabelecida por seu guia espiritual, Emmanuel. "100 livros para começar", foi o que ele ouviu do mentor no início de seu "mandato mediúnico", como a comunidade espírita define. No início, ainda jovem, os textos "vinham" a qualquer instante e em qualquer lugar. Depois, com o tempo, Chico foi estabelecendo um horário, que variava de acordo com os compromissos de cada dia. Podia ser no meio da tarde ou durante a madrugada.

iG: O filme de Daniel Filho é baseado no seu livro. Você está envolvido de alguma maneira com a adaptação?
Marcel Souto Maior: Conversei com o roteirista Marcos Bernstein algumas vezes e - desde o início, desde o primeiro tratamento - fiquei muito feliz com o caminho escolhido por ele e Daniel para reconstituir a trajetória do Chico. O filme - assim como o livro - não quer doutrinar ninguém. Quem espera uma ode a Chico Xavier vai se surpreender.

iG: Vai haver uma reedição de "As Vidas de Chico Xavier" por causa do lançamento do filme?
Marcel Souto Maior: Vamos lançar sim - pela editora Leya - uma nova edição de Chico, com fotos e histórias inéditas. Outro lançamento, confirmado para março, é o de um foto-livro sobre os bastidores do filme de Daniel Filho. Coletei, com a ajuda da jornalista Patricia Paladino, várias histórias curiosas e surpreendentes que marcaram o dia-a-dia das oito semanas de filmagens. O livro é ilustrado por belíssimas fotos do Ique Esteves.

iG: No livro, você conta que até então nenhum médium havia recebido o espírito do Chico Xavier. Desde a publicação, isso nunca aconteceu?
Marcel Souto Maior: Não. Eurípedes, o filho de criação de Chico, não confirma a autenticidade de qualquer mensagem atribuída a Chico Xavier. Chico teria deixado com o filho - e com duas outras pessoas de sua confiança - três palavras-chaves que deveriam constar da primeira mensagem assinada por ele. Estas palavras ainda não apareceram...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

SOBRE AS COMUNICAÇÕES...

Cuidados com as comunicações


10.Fev.2010

"Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus." (1 João,4:1)

Por Julio Capilé*

Desde os tempos apostólicos falava-se em espíritos e ainda mais, orientavam-se os estudiosos a não deixarem-se enganar por espíritos zombeteiros ou maldosos. Estes estão em toda parte e muitos são inteligentes o suficiente para se fazerem passar por espíritos amigos, senão superiores a nos querer orientar no trato com mediunidade e outros afazeres no Centro e em nossas vidas. A mensagem diz para termos cuidados nesse sentido. O seguidor da Doutrina pode receber algum espírito a lhe dar conselhos até para coisas comuns da vida. Faz-se passar por um amigo ou por um espírito de elevação conhecida e que se comunicava ou comunica por médiuns famosos, mas sempre devemos ter cautela, pois quanto mais elevado pareça, mais longe está de nosso grau evolutivo o que pode incentivar nosso ego que facilmente nos pode enganar.
Outro fator que pode originar mensagens enganosas é o afã de receber notícia de entes queridos e de sua situação atual. Mas não é fácil ao espírito comunicar-se. Demanda muito tempo para que tenha condições para isso. Além do mais a ansiedade faz com que a pessoa acredite em qualquer mensagem mesmo que ilógica, pois a saudade não permite testar se é de fato o parente amigo. Ouve-se, emociona-se e aceitam-se suas palavras como verdadeiras.
Também não nos devemos embair por palavras elogiosas que sabemos não merecer. Os brincalhões gostam de afagar nossos defeitos. O vaidoso e o egoísta aceitam elogios facilmente e todos nós não estamos isentos desses defeitos. Tão agradável é receber mensagem com nomes famosos! Mas busquemos a lógica e o grau de veracidade. Os espíritos "de Deus" não se aborrecem com esse nosso cuidado e até incentivam: "É preferível recusar nove verdades a aceitar uma mentira".
E tendo o cuidado de assegurar da veracidade pela essência da comunicação e não pelo título, poderemos divulgar para os que se interessarem. Caso não condiga com a verdade, devemos esquecer e nem comentar, para não valorizar o trabalho do embusteiro. Um dia ele se cansará das futilidades e procurará seguir seu destino em paz. Pode ser que já esteja "no ponto" para amadurecer. Portanto oremos por ele.
Em grupos mediúnicos no qual surgem espíritos de todo grau evolutivo e de intenções variadas, é bom que tenha entre os trabalhadores pelo menos um médium vidente que serve como um raio-x. Vendo o espírito, pode orientar quanto à veracidade da entidade comunicante. Não é muito comum essa mediunidade, mas, as pessoas com a intuição bem desenvolvida, conseguem perceber se o espírito está dizendo a verdade ou não. Além disso, quem dirige sessão mediúnica deve estudar sempre, principalmente sobre mediunidade. Todo cuidado é pouco. Não é que vivamos desconfiando de tudo, mas em sessão de desobsessão temos a obrigação de orientar os sofredores que batem à nossa casa mediúnica, pois que o Espiritismo é feito por eles e para eles. Caridade no trato, bons pensamentos e encaminhamento adequado, são muito importantes para a vida futura do sofredor. Mesmo que seja um impostor a comunicar-se, nossa obrigação cristã é dar-lhe, além dos esclarecimentos necessários, o lenitivo para suas dores. Jesus através de Seus trabalhadores nos ajudará nesse desiderato.

*Médico.
julio.capile@apis.com.br