sexta-feira, 19 de agosto de 2011

INCORPORAÇÃO E (IN)CONSCIÊNCIA

Incorporação e (In) Consciência


"Sem noção de responsabilidade, sem devoção à
pratica do Bem , sem amor ao estudo e
sem esforço perseverante em nosso próprio
burilamento moral , é impraticável a
peregrinação libertadora para os Cismos da Vida."
Emmanuel


Há muita discussão sobre a prática e a postura mediúnica. Nesta oportunidade, quero trazer algumas questões relativas ao que o meio espírita convencionou chamar de “Incorporação”. Longe de tentar estabelecer a forma de lidar, ou defender o mais adequado ponto de vista, quero apenas colocar a minha experiência, ainda bastante incipiente, nesta área da prática mediúnica. Antes mesmo de começar o meu relato, quero descrever a maneira como fui me apropriando dessa condição mediúnica. No início, tinha muitos problemas para entender a facilidade com que algumas pessoas relatavam incorporar seus guias e entidades. Mais ainda , por não poder compreender como esse processo de incorporar acontecia , experimentava algumas sensações muito instáveis. Atualmente, aos poucos, venho compreendendo de fato como esse processo - o da aproximação do desencarnado junto ao médium, vai acontecendo. Desde que comecei a observar e experimentar tais sensações, venho percebendo que o processo mediúnico sério é o produto da sintonia que conseguimos estabelecer com o Plano Espiritual e que essa sintonia é essencialmente mental. Pude, aos poucos – e ainda venho sentindo, compreender a importância da nossa condição e disponibilidade para esse trabalho.
Ao resgatar muitas das sensações sentidas por mim, nas fases iniciais posso registrar que estas traziam um forte componente de preocupação e receio e em alguns casos, até de medo. Atualmente, venho compreendendo que todas essas percepções estavam calcadas na relação ainda bastante incipiente que vinha mantendo com o desconhecido. Entretanto, longe de me afastar, esses episódios acabaram por me levar cada vez mais na direção de uma busca que no inicio ainda não tinha muita sustentação, mas, que aos poucos, veio sendo apoiada pelo estudo e tem me disponibilizado cada vez mais para o intercambio mediúnico. Então, acredito que depois de algum tempo já posso perceber que venho conquistando através de certa vivencia, um pouco mais de segurança na lida com os companheiros desencarnados que caminham comigo. Essa vivencia que pode ser identificada através de uma freqüência que começamos por estabelecer acabaram por modelar uma aproximação mais firme e respeitosa com esses amigos muito próximos, separados apenas pela condição de desencarnados.
Percebo também que muitos outros fatores tem me ajudado bastante e acabam por favorecer uma troca equilibrada e um trabalho mais consistente. Um deles, já citado em outras oportunidades é o preparo preliminar para o trabalho propriamente dito. No entanto, quero ressaltar que esse preparo precisa guardar um componente tão importante quanto difícil. Alem de um lado físico – com a alimentação, sexo, bebidas alcoólicas e fumo, essas ultimas totalmente excluídas, há um lado de fundamental importância e para o qual venho me dedicando sistematicamente : é o preparo mental , para o qual ainda encontro alguma dificuldade e com o qual venho me exercitando com o auxílio de algumas técnicas de relaxamento bem simples e que me ajudam a acalmar a mente e os pensamentos.
Uma outra questão bastante importante diz respeito ao local onde me disponibilizo para esse trabalho de troca. Pelo meu entendimento, o local ideal é a Casa Espírita. Sem dúvida, essa é uma questão bastante clara para mim e da qual passo a relatar agora a minha experiência particular. Primeiramente, não estou falando de qualquer casa. Antes de me dedicar ao trabalho de intercambio mediúnico estava freqüentando uma casa por motivos que eu julgava fossem externos a mim e que depois de resolvidos me afastassem totalmente deste espaço. No entanto o apoio e a ajuda que recebemos – eu e minha mãe foram tão importantes não só para o encaminhamento e solução para a questão apresentada - inclusive o entendimento de que o fato tinha a ver comigo, é que decidi começar a tentar compreender todo esse auxilio, e que logo depois que ela desencarnou muito bem assistida espiritualmente, é que comecei a estudar e freqüentar assiduamente a Casa. E é neste ponto que quero fazer a primeira observação. Acredito firmemente que ao chegar a essa casa pude, inicialmente sem perceber, reatar laços espirituais tão fortes que me levaram a percorrer caminhos que julgava nunca fosse capaz. E, assim aos poucos fui me (re)integrando a experiências que estimava , jamais pudessem ser habituais a minha vida . E daí, fui me afeiçoando a tudo que pudesse me ligar a casa, ao estudo e consequentemente ao trabalho e ao aprendizado, do qual até hoje, cerca de 10 anos, me sinto ligado e para o qual quero me dedicar por toda a vida. Em outras palavras, o que quero dizer é que para tudo acontecer de fato precisou haver afinidade e sintonia, dedicação e prazer, ligação e propósito. Consequentemente pude então perceber que foi nesta casa e apenas nesta – nunca havia sentido nenhum interesse anteriormente com nenhuma experiência dessa natureza, é que pude me (re)conhecer espiritualmente e por opção consciente apenas nela é que exercito todas as minhas possibilidades mediúnicas , porque entendo que essa escolha é fruto de uma ação sustentada e despertada pela minha ligação com o Alto.E ao prosseguir com o relato, quero reforçar que a partir daí, fui aos poucos me disponibilizando com os grupos – inicialmente para o estudo e mais posteriormente para o trabalho que começava a aparecer para as minhas acanhadas possibilidades.
Daí em diante, o vinculo foi se robustecendo naturalmente, e a minha disponibilidade aliada a uma disposição até então desconhecida por mim foram crescendo e acabaram por gerar uma rotina de compromissos que venho cumprindo com muita dedicação. Aos poucos fui reorganizando as minhas rotinas e acomodando os meus horários de forma a criar oportunidades e espaços para a minha adaptação aos dias de estudo e trabalho estabelecidos na Casa. Como conseqüência desta escolha, os companheiros surgidos nas turmas de estudo e de trabalho acabaram por se transformar em verdadeiros aliados na jornada que escolhemos juntos trilhar e apresentam-se na maioria das vezes como parceiros fundamentais a esse processo de crescimento compartilhado. Aliado a isso, pude ter a oportunidade de encontrar irmãos disponíveis a tarefa de orientadores que se mostraram desde o inicio e até os dias de hoje atenciosos, cuidadosos e, sobretudo, solidários com a minha condição principiante. E, na medida em que me sentia compelido às novas experiências aos poucos o receio e o medo foram dando lugar a uma natural preocupação de buscar entender mais o que vinha acontecendo. Ao relembrar as diferentes experiências porque passei - do trabalho do apoio, onde pude começar a exercitar a concentração e um estado ainda muito incipiente de vigilância e oração, passando pelo atendimento e orientação nas filas e portas das salas, no exercício carinhoso de receber e compartilhar esperança com os que chegavam, até ao trabalho do passe, hoje realizado por mim, venho neste tempo, percebendo e identificando a aproximação de muitos companheiros desencarnados afinizados com a minha condição e para os quais fui me (re)integrando e (re)aprendendo a reconhecer . Naquelas oportunidades, aos poucos, comecei a observar, nas situações em que começava a me preparar para o trabalho, ainda em casa, a aproximação de sensações que apontavam para o contato com o que até então era desconhecido, mas que me trazia bem estar e satisfação. Nos dias que antecediam as reuniões acabava como que tomado de uma expectativa boa e da certeza de um inicio de comprometimento e disposição que já começavam a me deixar muito envolvido. No entanto, com o passar dos tempos e na medida em que me ligava mais – tanto ao estudo como as oportunidades de trabalho, fui me vendo enredado em experiências que me sinalizavam a aproximação de sensações físicas até então desconhecidas e totalmente descontextualizadas para mim. Preciso abrir neste momento um parêntesis para esclarecer que sempre fui avesso a qualquer tipo de trabalho que me envolvesse nesses propósitos, apesar de toda a minha família – minha mãe e tias fossem sempre envolvidas nestas experiências espiritualistas, resistindo até não poder mais e só cedendo pela dor, o contato com o tema .Hoje posso lembrar muitas das situações – um calor inexplicável numa sala com ar ligado no máximo , dormência nas mãos e por todo o corpo , suores e calores por toda a cabeça , vontade incontrolável de manter os olhos fechados e “ver” cenas completas , sensação de bem estar ou de confusão mental ocorridas quase ao mesmo tempo, perfumes e odores “ouvidos e sentidos” , etc., das quais , desde aquela época até aos dias de hoje , me valho para estabelecer uma forma muito particular para entender o processo identificado por muitos com sendo “Incorporação” , mas que para mim ,aponta para uma “Aproximação” com vinculo e propósito de servir a uma causa e alcançar uma intenção . Reconheço que é um uma maneira muito própria , mas que me ajuda a compreender de fato que todo o processo de interação estabelecido a partir da minha condição mediúnica com a Espiritualidade é fundamentalmente mental . Mais ainda , acredito que para a sua ocorrência deve existir o envolvimento de todas as partes – a minha em me disponibilizar , a dos Amigos Espirituais que precisam estar sintonizados neste propósito , a dos Companheiros de trabalho que estão na mesma situação de dedicação , ao Irmão que chega com fé e aos Mentores da Casa Espírita aliados a determinação do Alto , formando todos uma corrente de luz e de amor a serviço da Seara do Nosso Mestre Jesus.
Para terminar, sem contudo esgotar a questão, venho da minha parte , aos poucos , com muito esforço e dedicação aprendendo a me envolver mais tranquilamente com essa minha condição . Hoje posso dizer que, graças a um amadurecimento natural e uma orientação consistente, as minhas possibilidades de intercambiar com esses amigos queridos – tanto os encarnados quanto os desencarnados, tem me trazido um pouco mais de objetivo a busca que venho empreendendo em me fazer um individuo espiritualmente mais dedicado. Longe de ter achado uma saída para todas as minhas dúvidas, quero apenas apontar que encontrei um caminho no qual estou começando a andar. Mais ainda, já começo a perceber que essa minha jornada pode ser compartilhada com todos os irmãos que venho (re) conhecendo e está sustentada pelo compromisso com a minha melhora e com a Causa do Mestre Amado.


MAFR