domingo, 29 de junho de 2008

SOBRE OS COBERTORES QUE NASCEM EM ÁRVORES...

SOBRE A VIDA E A DETERMINAÇÃO DE VIVER...

As vezes somos pegos em situações de extrema prova e grande dificulldade . E , invariavelmente a nossa primeira reação é de culparmos Deus e todos os que nos cercam pela nossa situação . Criamos muita desarmonia , insatisfação e até desespero para as nossas vidas . E assim transformamos os nossos dias em grandes momentos de insatisfação e luta inglória....
Mas se quisermos , podemos pensar e agir de maneira diferente . Podemos transformar dificuldade em oportunidade . Podemos modificar uma prova e chamá-la de aprendizado .
Se quisermos , poderemos ver que Deus , apesar da nossa infidelidade , está sempre conosco , fazendo sempre o melhor para cada un de nós . Basta que prestemos mais atenção na nossa condição . Nesta semana , numa atividade que precisei fazer na rua , pelo trabalho , estava distraído esperando um ônibus na Avenida Presidente Vargas e , quando dei por mim , vi um cobertor plantado todo enroladinho e escondido numa árvore . Achei muito estranho e , as poucos fui me dando conta que aquele cobertor deveria ser de um morador de rua que não tendo um armário para guardá-lo , não teve outra opção e ,com o que tinha , escondeu-o para a próxima noite . Este curioso episódio , que tem muitas situações de dificuldade e prova está me servindo para ratificar o que já venho aprendendo há algum tempo sobre as diversas possibilidades que temos para superar uma(s) dificuldade(s) e tranformá-la(s) em oportunidade(s). É claro que não é muito fácil ter que dormir na rua nem plantar o nosso cobertor na árvore . Mas , estou falando que sempre poderemos buscar uma solução , dentro das possibilidades que temos e , superarmos as nossas dificuldades , entendendo-as como oportunidades.
Vamos em frente...

sábado, 14 de junho de 2008

DEBATE CIÊNCIA X ESPIRITISMO

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES OPORTUNAS SOBRE A RELAÇÃO ESPIRITISMO-CIÊNCIA


Ademir L. Xavier Jr.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A nosso ver, têm ocorrido recentemente alguns abusos que se exteriorizam na forma de afirmações, que acreditamos um tanto descabidas, publicadas em diversos periódicos espíritas e obras diversas. Elas são todas concernentes ao contexto em que o Espiritismo pode ser (pretensamente) inserido no conjunto das ciências modernas. Tais abusos tentam, de uma maneira algo desesperada, não só estabelecer uma possível conexão entre o Espiritismo e as demais ciências ordinárias (principalmente a Biologia, Química e notadamente a Física) como também justificar a Doutrina Espírita diante de tais disciplinas. Nosso objetivo aqui é estabelecer as causas principais de tal movimento, apontando sua prescindibilidade e seu aspecto prejudicial ao Movimento Espírita.
O que move a tentativa acima mencionada de justificar a importância do Espiritismo via ciência, bem como sua possível interpretação científica diante de outras doutrinas científicas são, basicamente, a falta de compreensão do aspecto científico real do Espiritismo, a ignorância em relação ao verdadeiro significado da Ciência (como ela opera e se estabelece) e, de algum modo, um certo gosto por novidades, modernismos e fatos extraordinários.
O aspecto científico do Espiritismo anunciado por Kardec está, ao que parece, longe de ser compreendido em sua última expressão dentro do atual Movimento Espírita. Não compreendendo os ingredientes essenciais e suficientes que identificam uma doutrina como sendo genuinamente científica (ingredientes que o Espiritismo possui completamente), busca-se uma adequação da Doutrina Espírita dentro dos moldes do puro empirismo, ou de outra forma, lançando mão de argumentos em torno do indutivismo ingênuo. Há, de uma maneira ou de outra, um forte apelo ao senso comum. Para avaliarmos completamente o aspecto científico do Espiritismo é necessário o emprego da análise moderna da Filosofia, mais precisamente o ramo que estuda a teoria do conhecimento científico ou Epistemologia da Ciência. Não entraremos aqui nos detalhes dessa análise, aliás um tanto complexa, afirmamos apenas que tal estudo já pode ser encontrado, e indicamos ao leitor o lugar onde encontrá-lo (ver Chibeni 1988 e 1994).
Uma possível fonte de confusão entre a relação Espiritismo e as demais ciências é gerada, muitas vezes, pela falta de significado preciso para certas palavras. Os exemplos são muitos, um clássico é o da palavra energia. Há diversos significados ligados a essa palavra, e é necessário imenso cuidado em se especificar claramente tais significados. Na Física Clássica, por exemplo, ela designa uma qualidade inerente aos corpos materiais, que permanece latente até que certas condições sejam satisfeitas. Não é infreqüente o uso do termo energia por diversos autores espirituais, mas nesse caso, nenhuma tentativa de associação direta com o significado implicado pela Física pode ser inferido. Existem, entretanto, muitos autores (encarnados, é claro!) que parecem confundir, não poucas vezes, as duas acepções possíveis, sugerindo uma tradução da energia de que falam os Espíritos em termos da energia usada na Física, nossa velha conhecida.
De outras vezes, a precipitada justificativa científica do Espiritismo segue a freqüente moda de justificação científica feita em outras doutrinas, como por exemplo a Teosofia e doutrinas orientalistas (ver, por exemplo, Phillips 1980). Essa justificativa caracteriza-se por uma tentativa de inserção de certas idéias religiosas, na maioria das vezes de origem oriental, no contexto de recentíssimas descobertas ou modelos da Física contemporânea. É natural que haja pessoas que pensem ser necessário o mesmo procedimento com o Espiritismo. Não compreendem, entretanto, que a Doutrina Espírita já possui uma base científica própria, e que a natureza do fenômeno que ela estuda, bem como o estado atual de nosso conhecimento sobre a matéria não permitem uma conexão tão direta entre a Física, por exemplo, e o Espiritismo. Além disso, é necessário que se saiba que muitos dos modernos modelos da Física (como exemplo, o diversos modelos teóricos de interação entre partículas e campos no microcosmo) sofrem radicais revisões todos os dias. O Espiritismo, por sua vez, tem uma estrutura muito mais estável, porque repousa em fenômenos de caráter mais diretamente observável, sendo suas afirmações de muito maior confiança7. É certo que o Espiritismo guarda uma relação com as outras ciências, mas os fatos espíritas, por si sós, já asseguram uma especial independência de seu objeto de estudo com o das demais ciências materiais. Não obstante, essa independência foi muito bem identificada e analisada por Kardec em O que é o Espiritismo.
Dentro do Movimento Espírita, muitas vezes a anunciação de descobertas gerais das ciências materiais (como a Física, com seus novos modelos acerca do funcionamento do Universo) é feita, em geral, tendo por base obras de divulgação científica (ver Chagas 1995) que, a nosso ver, pecam por falta de precisão da discussão das idéias, sem contar com a dificuldade inerente de se expressarem conceitos altamente abstratos, muitas vezes (como, por exemplo, a unificação do espaço e do tempo em um contínuo quadri-dimensional, a dilatação do tempo, etc., da Teoria da Relatividade Restrita) em termos de uma linguagem mais acessível ao leigo. Isso implica, idealmente, a tentativa de fazer o não especialista compreender plenamente tais conceitos, tais quais são dentro da teoria em que estão inseridos. É bastante clara a impossibilidade de tal tentativa. Se desprezarmos os erros grosseiros de tradução que muitos textos de divulgação trazem, quando de origem estrangeira, concluímos que eles podem, no máximo, passar ao leitor não especialista uma idéia vaga de tais conceitos. Ora, assim sendo, uma importante questão seria: Que valor pode ter a tentativa de se relacionar conceitos e fundamentos das ciências ordinárias com fundamentos importas de Doutrina Espírita, quando tal intento é feito tão-só baseando-se em textos de propaganda científica? A precariedade de tradução, a dificuldade de expressão apropriada dos conceitos, bem como a transitoriedade das teorias que tais textos podem trazer são suficientes para termos uma idéias clara da resposta a essa questão.
Relacionada à dificuldade de entendimento do aspecto científico real do Espiritismo está a profunda falta de informação existente nos meios espíritas ( o que é, no nosso entender, bastante natural) e, por que não dizer, acadêmicos (o que já não parece tão natural assim), em torno do conceito de Ciência. Mais uma vez, um apelo à Epistemologia se faz necessário (ver Chibeni 1988 e 1994, Chalmers 1976). As implicações dessa ignorância são as eternas e mal fundamentadas críticas ao Espiritismo feitas por diversas escolas parapsicológicas e demais adeptos das denominadas "ciências psi" (Chibeni 1988). Esses rejeitam, explicitamente, a idéia do Espírito como causa envolvida em grande parte, se não em todos, dos posteriormente denominados "fenômenos paranormais". Assim agindo, queremos deixar claro ao leitor, tais escolas são levadas por uma idéia ultrapassada de Ciência, bem como por concepções obsoletas do método científico.

UM EXEMPLO

Um exemplo um tanto exagerado das confusões com relação às questões expostas anteriormente pode ser encontrado no artigo "Matéria e antimatéria" (Reformador, abril 1994). O autor inicia dizendo que "a ciência terrestre chama de matéria tudo o que tem energia e massa, é sólido (...) ou fluídico (...) e ocupa lugar no espaço e no tempo". Essa afirmação, de caráter geral, confere à matéria determinadas propriedades como, por exemplo, massa, mas não pode ser usada para caracterizar certos tipos de matéria no universo. O ponto crítico está onde é afirmado:
"É de antimatéria o plano vital em que se movem os Espíritos desencarnados."

E, mais abaixo:

"É pela diferença de sinalização de carga elétrica dos elementos que formam o 'plano invisível' que, em condições normais, não o percebemos fisicamente."
Em nenhum lugar dentro da bibliografia espírita, escrita por autores abalizados e de peso, podem ser encontradas ou sequer deduzidas tais afirmações. Muito ao contrário, das obras de Kardec tem-se claramente que o mundo espiritual constitui um universo paralelo, totalmente independente do material, tanto que, ainda que o mundo material perecesse, o espiritual continuaria existindo. Isso porque matéria e espírito são dois princípios independentes no universo com uma origem desconhecida. As questões 25, 26, 27, 84, 85 e 86 de O livro dos Espíritos, são suficientes para esclarecer quaisquer dúvidas. Vejamos, por exemplo, a questão 86:
"O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?
-- Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem."
Por outro lado, o que a Física estabelece como certo com respeito à antimatéria torna absurdas as afirmações propostas acima relacionadas ao mundo espiritual. Conforme H. Alvén (1965), que foi ganhador do Prêmio Nobel em 1970, em "Propriedades da Antimatéria":
"A teoria de Dirac do elétron e a descoberta do pósitron criou a crença de que toda partícula possui sua correspondente antipartícula. Essa crença foi confirmada pela descoberta do antipróton. Todas as outras partículas parecem Ter também antipartículas. Disso se conclui que os "antiátomos" devem existir, e são semelhantes aos átomos ordinários, com núcleos formados de antiprótons e nêutrons envoltos por pósitrons. Tais antiátomos devem Ter as mesmas propriedades dos átomos ordinários. Eles devem formar compostos químicos similares aos compostos químicos ordinários, que emitem linhas espectrais a exatamente os mesmos comprimentos de onde dos átomos ordinários." (Grifo nosso.)

Assim sendo, as propriedades da antimatéria são as mesmas da matéria ordinária, ou, em outros termos, antimatéria é o nome dado a um tipo especial da matéria! Por outro lado, a existência da antimatéria foi confirmada experimentalmente 10, assim como a impossibilidade de coexistência simultânea de matéria e antimatéria. Essa é, também, a causa da inexistência natural de antimatéria em nosso mundo. Está claro, entretanto, que de nenhum lugar, nem do atual conhecimento da Física, nem da Doutrina Espírita, semelhantes afirmações podem ser inferidas.


A NÃO NECESSIDADE E OS PERIGOS


Do que foi exposto, é bastante óbvio que as tentativas de inserção do Espiritismo no contexto das modernas teorias científicas, bem como sua justificação diante da academia estabelecida, o que visa um tanto à sua valorização, são totalmente desnecessárias. De fato, elas são desnecessárias porque, tendo como objetivo de estudo algo que não se identifica como sendo a matéria ordinária, o Espiritismo consegue suficiente independência com relação às demais doutrinas científicas que estudam a matéria, para caracterizar-se como um ramo independente de conhecimento. Não só por isso, pelo caráter harmônico com que os princípios espíritas interagem entre si, fruto de sua boa fundamentação, pela maneira com que estão estabelecidos tais princípios e por suas bases experimentais, pode-se considerar a Doutrina Espírita como uma teoria genuinamente científica no sentido epistemológico moderno. Essa doutrina tem como objetivo o estudo do elemento espiritual, e não se confunde de nenhuma maneira com as demais ciências, embora guarde alguma relação com elas. Lembramos, também, que Allan Kardec jamais se atreveu a tentar interpretar os novos conceitos que descobriu de acordo com os conhecimentos científicos de sua época. Se o tivesse feito, não sabemos quais teriam sido as conseqüências, desastrosas com certeza, ao posterior desenvolvimento e expansão da Doutrina Espírita.
Os prejuízos de uma campanha indiscriminada que visa a ressaltar ou inferir precipitadamente semelhante relação podem ser facilmente previstos. Tais prejuízos podem não ser grandes para aqueles que já possuem um conhecimento considerável do corpo doutrinário espírita, mas o que dizer dos iniciante? Quantas confusões totalmente desnecessárias podem ser evitadas nas mente dos principiantes em Espiritismo se certas afirmações simplesmente não forem feitas? Acreditamos não serem poucas.
O verdadeiro trabalho espírita está no aprimoramento do espírito humano em sua bagagem moral, na sublimação dos instintos humanos, vertendo-os em valores divinos, em suma, no progresso moral do mundo. Para isso, sim, o estudo acurado e cauteloso é imprescindível. Também por isso, experimentações científicas detalhadas no campo espírita só podem ser feitas com a expressa colaboração do Plano Espiritual superior que, para isso, exige uma definitiva demonstração desses valores divinos em nós. (Ver No Mundo Maior, de André Luiz, p. 31.)


REFERÊNCIAS

1. Chibeni, S. S. "A excelência metodológica do Espiritismo", Reformador, novembro de 1988, pp. 328-333, e dezembro de 1988, pp. 373-378.
2. Chibeni, S. S. "O paradigma espírita", Reformador, junho de 1994, pp. 176-80.
3. Phillips, S. M. Extra-Sensory perception of Quarks, Wheaton, Illinois, Theosophical Publishing House, 1980.
4. Kardec, A. O que é o Espiritismo, 36a ed., FEB.
5. ------. O livro dos Espíritos, 75a ed. FEB.
6. Chagas, A. P. "A Ciência confirma o Espiritismo?" Reformador, jul. 1995.
7. Chalmers, A. F. What is this thing called science? St. Lucia, University of Queensland Press, 1976.
8. "Matéria e antimatéria", Reformador, abr. 1994.
9. Alvén, H. "Antimatter and the Development of the Metagalaxy", Rev. Modern Phys., vol. 37, p. 652, 1965.
10. André Luiz, No Mundo Maior (psic. F. C. Xavier), 19a ed., FEB.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

CIÊNCIA , DIREITO E RELIGIÃO

Ciência penal, criminalidade e doutrina espírita

Cândido Furtado Maia Neto [08/06/2008]



Na Epístola dos Hebreus (5-11), encontramos o que se chama de indolência nas coisas espirituais, o conhecimento necessário para melhor compreder as ciências e o próprio direito penal, vejamos a citação “ipis literis”, abaixo:

“Teriamos muita coisa a dizer sobre isso, e coisas bem difícieis de explicar, dada a vossa lentidão em compreender... A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestres! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da palavra de Deus; e vos tornates tais, que precisais de leite em vez de alimento sólido! Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda, porque é ainda criança. Mas, o alimento sólido é para os adultos, para aquêles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal”.

Continuamos a nos preocupar com a violência, com a criminalidade, com a delinqüência, onde campanhas contra o uso de armas de fogo, de violências no trânsito, uso e tráfico de drogas, prostituição de menores e de mulheres, enfim tudo face acontecimentos sociais envolucrados ao materialismo, capitalismo, sonhos de consumo inócuos e efêmeros, que não levam a evolução moral dos seres humanos. Países ou Nações disputando espaços territoriais, peleando por filosofias religiosas, promovendo espionagens industriais e bélicas, dentre tantas outras atividades desnecessárias que resultam em discórdias e na falta de Paz à Humanidade.

A violência gera o egoísmo e vice-versa, portanto, antônimo de caridade. Também o amor se contradiz ao ódio, a humildade repele o egoísmo, a inveja e a gância chocam-se com a humildade. Estas são as quatro palavras-chaves da filosofia espírita, unidas ao trabalho, solidariedade e tolerância, objetivo do nascer (ser), progredir e morrer (renascer), esta é a verdadeira lei.

As crianças nascem e logo se criam brigando entre si, brincando com armas de fogo, vivem nas desavenças familiares, ficam longe das escolas e das tarefas diárias lícitas, andam perambulando pelas ruas, convivem com atormentados pelo vício, pelas práticas delituosas, participam então em co-autoria, dos defeitos e das carências morais dos mais velhos.

Evidentemente que a violência se apresenta em várias fases, como o analfabetismo, a falta de assistência à saúde, social, as precaríssimas condições de vida, de transporte público, o desemprego e o salário indígno, são indubitavelmente fatos e causas agudas da criminalidade; porém devemos ressaltar com preeminência que a maior causa da delinqüência é a inobservância do homem frente às Leis de Deus.

A filosofia espírita tem por base a imortalidade da alma e a comunicação com o mundo invisível (espiritual), do homem encarnado com os espíritos (desencarnados) por intermédio dos médiuns, que tem por objetivo a elevação das leis morais da humanidade. Tanto a teoria como a prática do Espiritismo somente produz ou reproduz a bondade máxima, tendo como base teórica, dentre outras, as obras literárias de Allan Kardec codificador da doutrina espírita; a saber: “O Livro dos Espíritos” (18 de abril de 1857); “O Livro dos Médiuns” (1861); “O Evangelho segundo o espiritismo” (1864); “O Céu e o Inferno” (1865) e “A Gênese” (1868). Os cinco princípios básicos do Espiritismo são: 1 - Existência de Deus; 2 - Reencarnação, imortalidade da alma; 3 - Comunicação com os Mortos; 4 - Livre-arbítrio humano, lei da causa e efeito ou teoria do carma; 5- Salvação pela Caridade, amor ao próximo.
Allan Kardec é o pseudônimo adotado por Denizard Hippolyte Léon Rivail, nasceu em 3 de outubro de 1804, e desencarnou em 31 de março de 1869, pedagogo francês, disciplo do mestre Henrih Pestalozzi. Fundou a primeira sociedade espírita em Paris, com o nome: “Societé Parisenne des Études Spirites”, em 1º de abril de 1858, no mesmo ano edita a Revista Espírita.

Conta a história que no ano de 1816, a igreja católica através do bispo de Barcelona-Espanha, ordena a queima de todos os escritos de Allan Kardec, referentes a doutrina espírita. Passando a fazer parte do denominado “index” dos livros proibidos e catalogados pela Inquisição. Naquela época a religião católica pretendia a egemônia e a superioridade de sua doutrina, inclusive o comando do poder governamental, onde os reis não católicos eram “ex-comungados”.

Os que duvidam e não creêm no espiritismo, definitivamente não estudaram a máteria.

A última e terceira revelação cristã é a codificação do Espiritismo através do “O livro dos Espíritos”, a primeira revelação começa com Moises 10 Mandamentos -, e a segunda revelação cristã é a própria aparição carnal de Jesus Cristo.

Diante destas três revelações vamos tratar de um assunto muito complexo, as causas da criminalidade à luz da doutrina e filosofia espírita-crsitã, tema empolgante que merece muita atenção dos estudiosos, em especial dos profissionais das ciências jurídicas e da área de segurança pública.

O Dr. Miguel Timponi, advogado, nos idos de 1944, escreveu sua obra “A Psicografia ente os Tribunais” (ed. FEB, Rio de Janeiro, 5.a ed., 1978), como diz o autor, no tríplice aspecto: jurídico, científico e literário, onde conta sobre um litígio que envolve a Federação Espírita Brasileira e o médium Francisco Cândido Xavier, em face de ter este último psicografado crônicas “Além-Túmulo” do inesquecível escritor Humberto de Campos; onde o desembargador J. Flósculo da Nóbrega, confessa, no acórdão, não ter dúvida sobre a autenticidade das obras psicografadas.

Também o prof. dr. Fernando Ortiz, catedrático da Facultad de Derecho de la Universidad de Habana/Cuba, em estudo reconhecido fez profunda análise comparativa entre as teorias das Escolas Penais e Criminológicas com os princípios da Doutrina Espírita, sobre a pena capital. O Espiritismo e a doutrina penal democrática e moderna é totalmente contrária a pena de morte, é de se salientar também a obra “Pena de Morte e Crimes Hediondos: À Luz do Espiritismo, de Eliseu F. Mota Jr., promotor de justiça (ed. Casa Editora O Clarim; Matão-SP, 1995). Citamos o livro “O Código Penals dos Espíritos”, de José Lázro Borbeg (ed. EME, Cpivari-SP, 2007), cujo prefácio é de autoria do eminente desembragador e professor dr. Clayton Reis, do Tribunal de Justiça do Paraná.

Justiça, ciência e amor, são palavras que compõem o tripé da existência humana, cujos seus antônimos: injustiça, ignorância e ódio, contradizem com os princípios do desenvolvimento moral e social da humanidade. Nesse sentido recomendamos a leitura do livro “Justiça e Amor” de J. Raul Teixeira, psicografada pelo espírito Camilo (ed. Fráter, Niterói, 1997).

Muitos profissionais do direito e juristas, estão na atualidade difundindo o assunto aos mais diversos segmentos da sociedade, visto que interessa a todos e não somente a comunidade jurídica. O Brasil já se converteu na maior nação espírita do mundo, com milhões de adeptos do kardecismo

O Espiritismo e as causas da criminalidade está sendo estudado por várias autoridades públicas, podemos citar, por exemplo, no Estado do Paraná, “o delegado-chefe da Delegacia de Investigação Criminal da Polícia Civil do Paraná, João Alberto Fiorini, realiza há vários anos pesquisas para comprovar a veracidade das impressões digitais. Especialista no estudo de impressões digitais, Fiorini, assim que soube de um caso comprovado de reencarnação em Recife, Pernambuco, resolveu usar o método comparativo, único na comunidade científica mundial para estabelecer a relação entre vidas passadas através de impressões digitais. Ele reconhece que o prazo máximo para pesquisar os sinais das mãos é de cem anos após a desencarnação de uma pessoa” (Jornal Espírita Maio de 2002 - Órgão da Federação Espírita do Estado de São Paulo); o dr. Altino Remi Gubert, ex-delegado de polícia da região oeste paranaense, também é um grande estudioso, pesquisador e praticante do espiritismo; bem como outros advogados, promotores de Justiça e juízes de Direito.

Note-se que grande mestres e especialistas da doutrina penal ou das causas da criminalidade, de reconhecimento acadêmico-profissional a nível nacional e internacional, fizeram no passado, com extrema coragem sérios estudos sobre a delinqüência ou temas de direito criminal em geral, sendo necessário, ao nosso ver, no presente e futuro estimular ainda mais a curiosidade sobre as respostas de questões controvertidas ou de difícil resolução pelas ciências jurídico-penais-criminológicas, a fim de proporcionarmos outras discussões e teses para o desenvolvimento mais adequado das leis e práticas de Justiça Terrena.

A realidade terrena e a verdade do além faz parte da Justiça Divina em base a doutrina espírita-cristã. Todos serão julgados pelos seus atos, segundo os critérios da Justiça Divina, independentemente, do julgamento ou da reprimenda prolatada pelo Poder Judiciário. Para a Justiça Divina no existe o que se convencionou através do brocardo jurídico latim “non bis in idem”. Primeiro e sempre a Justiça Natural, o direito inderrogável de Deus, universalmente soberano e aplicado sem qualquer distinção ou discriminação, sem impunidade, imunidades ou injustiças, de acordo com o que regem as leis da moral e da responsabilidade social de cada ser humano, independentemente e somente depois o Direito Penal.

Deve-se entender por lei natural, segundo a filosofia Espírita. “É a lei de Deus, única e verdadeira para a felicidade do homem. E somente existe a infelicidade quando a o desrespeito a lei natural, eterna e imutável.

Os homens de bem e com maior evolução espiritual compreendem melhor e com mais facilidade a Lei de Deus, porém todos, um dia, após o forçoso progresso moral irão compreendê-la também, tudo vem ao seu tempo, pouco a pouco, o homem deve habituar-se a verdade, como a luz.

A princípio, segundo a história da humanidade, o direito não era codificado, as leis provinham dos costumes sociais e das ordens dos soberanos ou daquele que detinha o poder social de mando, sobre a maioria dos homens. Assim era no Código de Hamurabi, de aproximadamente 2000 anos antes de Cristo, e em outra legislação criada pelo Rei-Ur-Namu, 300 anos anterior, que influenciara o próprio Código de Hamurabi.

Sempre existiram regras de conduta, o chamado direito consuetudinário, elaboradas e impostas pelos homens. E desde que o mundo é mundo, prevalecem as normas espíritas. A doutrina espírita somente foi codificada em 18 de abril de 1857, sendo lançada a primeira edição em Paris. Codificar é reunir em código, produzir um código, compliar mensagens originais, sinais, etc., relativos a doutrina espírita.

A obra “Crminalidade, Doutrina Penal e Filosofia Espírita” (MAIA NETO, Cândido Furtado, e LENCCHOFF, Carlos; ed. Lake-SP, 2004), destina-se aos estudantes da verdade, não só aos penalistas ou criminalistas, todos que buscam interpretar e intender corretamente a Justiça Divina com relação a Justiça dos Homens, em base a sabedoria universal que transcendem os ensinamentos mais avançados de qualquer Universidade da Terra.

A evolução espitirual dependem de profundo conhecimento e da intenção de cada um em observar os mandamentos superiores, assim, aqueles que o profetizam e difundem graduam-se e pós-graduam-se na Universidade Maior de Deus, estudam os princípios da Vida e do Amor, em benefício da sociedade, educando-se e educando a humanidade, intensivamente.

Nesse sentido, afirma-se que a ciência é o conhecimento de um assunto comprovado através de métodos e experiências próprias, cujo objeto possui um fim devidamente demonstrado.

Citamos então as ciências humanas, morais e normativas, que estudam o comportamento do homem individual e coletivamente, seus pensamentos e atos (livre arbítrio), no contexto do ser humano, onde a moral pública e particular estabelecem normas de conduta.

Já as ciências penais definem ilícitos, formas e métodos de processos e procedimentos (direito processual penal e direito penitenciário ou de execução penal), na tentativa de prevenir a criminalidade e reprimir através de sanções cominadas aos atos considerados crimes, objetivando penalizar e reitegrar socialmente o condenado.

As ciências são demonstradas através de seus métodos, teorias e experiências. Deus se comprova pela força da fé, da criação do universo, pelo amor e por todas as coisas existentes no mundo animal, vegetal e mineral que estão a nossa volta.

“O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e , por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravolhoso.”É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil”.

“A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral...a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso” (O Evangelho segundo o espiritismo; Allan Kardec; ed. FEB, Bsb, 1989, pg. 59/60, Cap. I).

O direito penal aplicado (via justiça criminal) não tem, até os dias atuais, em todo mundo, demonstrado eficiência, e lastimávelmenete, em muitos, seus dogmas e métodos tem agredido a diginidade da pessoa humana, desconfigurando o Estado de Direito, atentando contra a segurança jurídica e contra as garantias fundamentais da cidadania, produzindo efeitos negativos, através da estigmatização social e indvidual. O direito penal é discriminatório por natureza, eminentemente repressivo e retributivo de maneira desproporcional; portanto, injusto.

Seus mitos ou ficções geram a criminalidade, a reincidência e proibem a reedução social dos condenados, não olha para o futuro, não se vislumbra nada de positivo com a aplicação da lei penal, não reeduca, não ressarce e nem indeniza as vítimas de delitos, uma verdadeira estátua de pedra do sistema, sem poder algum, sem voz, sua opinião ou desejo nada vale, o Estado rouba demagógica e cínicamente o conflito em nome do princípio da legalidade e da obrigatoriedade da ação penal, sem apresenta uma solução concreta ao titular do bem jurídico lesado (vítima).

Diante do exposto, é de se ressaltar que a Justiça Penal encontra-se deficitária, necessita mudar. Somente produzirá câmbios positivos no momento em que os seus interlocutores e os profissionais do direito compreenderem que a culpa e a responsabilidade jurídica-penal tem como causa e efeito o sentimento individual, o erro e a intenção devidamente reconhecidos, ante si próprio e as leis naturais (Divinas).

A lei da causa e efeito, ação e reação, o amor e respeito ao próximo, compreendida e aceita, indibutavelmente, reduzirá os índices da criminalidade (os atos sociais indesejáveis) e a sanção, por sua vez produzirá efeito comunitário apropriado.

O direito penal e a doutrina espírita (os ensinamentos de Deus) existem desde o início da humanidade, caminham lado a lado, não se misturam, porque não podem se misturar, mas devem mutuamente seguir para a evolução devida.

Alguns dogmas penais encontram-se ultrapassados, já os dogmas da doutrina espírita cada vez mais presentes, aclarando assim as áureas, iluminando o pensamento direcionado para o bem do próximo.

As teorias penais, muitas delas, não satisfazem a razão, porque o direito penal não dá conta de demonstrar, com respostas positivas, o que pretende, são desmentidos e mais desmentidos. Razão pela qual tem aumentado o descrédito popular pela Justiça Penal, onde seus protagonista (advogados, promotor de justiça, juízes de Direito...) pretendem através de um discurso falso e incobridor da verdade, garantir suas próprias existências traduzidas pela ganância de poder (de julgar, de acusar ou de encarcerar), onde tentam convencer o homem mais simples e humilde e não conseguem.

Não será com a aplicação de uma pena imposta pela justiça dos homens, que alguém irá se redimir de suas faltas ou erros, mas somente com a compreensão e o estudo dos dogmas espírita-critão, através da responsabilização espiritual, do arrependimento, da expiação e da reparação.

Comparativamente podemos dizer: quanto mais repressão e punição da justiça dos homens maior será o número de delitos e crimes; e quanto mais compaixão, perdão, amor e respeito ao próximo menos ilícitos e mais paz social na Terra.

Cândido Furtado Maia Neto é professor Pesquisador e de pós-graduação (especialização e mestrado). Associado ao Conselho Nac. de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (Conpedi). Pós doutor em Direito. Mestre em Ciências Penais e Criminológicas. Expert em Direitos Humanos (consultor Internacional das Nações Unidas Missão Minugua 1995-96). Promotor de Justiça de Foz do Iguaçu-PR. Do Movimento Nacional Ministério Público Democrático (MPD). Secretário de Justiça e Segurança Pública do Ministério da Justiça (1989/90). Assessor do procurador-geral de Justiça do Estado do Paraná, na área criminal (1992/93). Membro da Association Internacionale de Droit Pénal (AIDP). Autor de vários trabalhos jurídicos publicados no Brasil e no exterior.
candidomaia@uol.com.br
www.direitoshumanos.pro.br

quinta-feira, 12 de junho de 2008

ENERGIA E MATÉRIA

HOLOCOSMOLOGIA


Talvez o tema central na Física seja tentar descrever precisamente, em termos consistentes, os mecanismos do nosso universo percebido. Uma das maiores dificuldades em uma ciência como esta, é que mais e mais dados se acumulam em relação à verificação das hipóteses, novas incertezas começam a surgir, resultando em mais perguntas sem resposta e explicações insuficientes.

Assim tem sido o caso na discussão de como matéria e energia moldam o nosso universo, e, mais fundamentalmente, o que é esta "coisa" que faz tudo ser o que é (justo quando nós pensamos que temos tudo solucionado, logo aparece um buraco negro para destruir todas as velhas teorias).

Nosso maior problema deve ser que quando vamos procurando respostas de como tudo funciona, nós descobrimos que nós estamos em desvantagem devido aos nossos próprios sentidos limitados. Leibniz percebeu isto no século XVIII, quando ele afirmava que tempo-espaço, matéria e energia eram todas construções intelectuais. Na física moderna dizemos que "o fenômeno físico é simples quando analisado localizadamente" ou relativo ao nosso quadro cotidiano de espaço e tempo.

Uma maneira de nós podermos entender isto conceitualmente é fazer uma viagem imaginária dentro dos trabalhos do átomo. Vamos dizer que estamos de pé sobre um piso de sólidas tábuas-corridas dentro de uma sólida construção, na sólida Terra, OK? Agora, nós começamos a encolher. O piso de repente agiganta-se sobre nós, poeira e sujeira parecem maiores. O piso de repente dá lugar a grandes fibras de madeira, separadas por grandes espaços. À medida que vamos encolhendo, nós observamos cadeias individuais de moléculas que parecem estar infinitamente ligadas umas às outras, cercadas por um mar de moléculas de ar com formas diferenciadas, saltando rapidamente por toda parte. Encolhemos um pouco mais e as moléculas dão lugar a átomos individuais. Nós estamos especialmente abalados pelos enormes espaços que existem entre os átomos, e concentramos nossa atenção em um para ver de que ele é feito. A casca exterior inexplicavelmente se dissolve e vemos um espaço vazio gigantesco. Depois do que parece ser uma eternidade, nós chegamos ao minúsculo núcleo no centro, e, à medida que continuamos a encolher, este aparente sólido se dissolve em nada. Estamos cercados pelo vazio.

Agora, espere um minuto, para onde foi a matéria?

Talvez possamos olhar em direção à Mecânica Quântica para a resposta. Como recordamos da teoria holográfica, a luz pode ser descrita como sendo tanto partícula quanto onda. O mesmo com a toda a matéria.

"Sob a teoria quântica, cada quantum de matéria é tanto partícula quanto onda e permeia o universo: não existe matéria como tal, mas apenas probabilidades de densidades no continuum".

De acordo com a teoria, quando se observa uma partícula, como um elétron, por exemplo a regra é definir a sua exata localização apenas como uma "nuvem de probabilidades".

Nós não podemos saber exatamente onde ele está num tempo dado, mas podemos dizer que ele estará provavelmente em tal e tal lugar. Isto é muito pertubador, desde que estamos acostumados a definir a localização das coisas. Mas lembre-se que que a física não nos é mais familiar no nível microscópico. Ainda nos perturba que todos os fundamentos que fazem tudo no nosso "mundo consistente e sólido" não podem ser definidos no tempo e no espaço.

David Bohm, que trabalhou com Einstein, comenta que "o que aparenta ser o mundo estável, tangível, visível e audível é uma ilusão. Ele é dinâmico e caleidoscópico - e não está realmente lá". Bentov leva isto um passo adiante ao declarar "parece que a realidade real - a micro realidade - que subjaz a todo o nosso sólido bom senso é realmente fabricada, como se tivéssemos apenas testemunhado, de um vasto espaço vazio preenchido com campos oscilantes! Vários tipos de campos diferentes, todos interagindo uns com os outros". Em outras palavras, matéria é simplesmente um tipo especial de energia (da Teoria da Relatividade). Está claro então que a partícula realmente não existe, é apenas uma manifestação para os sentidos; nós só podemos percebê-la desta maneira quando isto se impõe ao nosso aparato sensorial como tal.

Mas...tudo que nós conhecemos é feito destas partículas!

Se a matéria pode ser reduzida a uma série de campos oscilantes sem posição determinada, então nossa descrição da localização da partícula não necessita de jeito nenhum estar limitada a onde nós "pensamos" que ela deveria estar. É na verdade possível dizer que para um dado instante no tempo ela pode existir em qualquer lugar, ou mesmo em todo lugar, desde que não há condições limitadoras colocadas pela natureza.

Bentov assim como Tiller investigou este fenômeno mais além. Primeiro, ambos fizeram a clara distinção entre o nosso universo percebido e o universo verdadeiro que pode existir além do nosso aparato sensorial normal. Então eles discutiram uma nova perspectiva sobre um dos mais básicos, ainda que menos entendidos conceitos em física moderna. Einstein postulava que a velocidade da luz era um limite absoluto, e resultados experimentais de testes da Teoria da Relatividade aparentavam confirmá-lo. Bentov e Tiller sustentam, entretanto, que matéria e energia podem se mover a velocidades maiores que a da luz, com ela servindo como limite da mais baixa velocidade obtível. Este conceito é ainda consistente com o da relatividade, com verificação experimental sendo dificultada, uma vez que não podemos ver coisas se movendo mais rápido que a luz. Não obstante, experimentos estão sendo pesquisados para estas partículas, chamadas táquions.

Bentov descreve a ação de um pêndulo, ou qualquer outro corpo deste tipo, quando suas partículas componentes individuais se movem em distâncias menores que a distância de Plank (10-33cm = 0,000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.1 cm!). A teoria Quântica mostra que é possível para uma partícula se mover de um ponto A para um ponto B dentro dessas pequenas distâncias sem necessariamente levar tempo algum para fazê-lo. Se ela realmente atravessa esta distância em tempo zero, então ela deve se mover a uma velocidade infinita para fazê-lo! Bentov então investiga a ação do pêndulo à medida que ele se move mais e mais lentamente no seu movimento ascendente até ele mudar de direção. Em um instante, este momentum é zero, o que significa que sua posição é realmente indeterminável.

Isto quer dizer que, por um período de tempo infinitesimal, o pêndulo poderia estar viajando a uma velocidade infinita e estar localizado em qualquer lugar ou em todas as partes do universo! Imediatamente depois deste instante, ele aparenta voltar para sua posição anterior.

Quando a partícula parece instantaneamente expandir para preencher o universo, o que acontece a todas as outras partículas que poderiam estar fazendo a mesma coisa? Elas são apenas empurradas para fora do caminho? Não, se partículas são realmente feitas de ondas. Se você olhar para duas partículas agora, que estejam expandindo ao mesmo tempo, nós temos uma condição similar ao velho modelo de duas pedras lançadas num lago inerte. Duas frentes de onda serão geradas, que passarão uma através da outra, interagindo em pontos específicos, causando interferências construtivas e destrutivas. Agora, se se imagina várias partículas, é possível se ver como um número quase ilimitado (ou, afinal, o grupo todo) de nódulos e anti-nódulos podem ser gerados.

Neste ponto, nós identificamos o seguinte:
1) Quando examinada de perto, descobre-se que a matéria é formada de energia.
2) Nós temos uma experiência sensorial limitada sobre matéria e energia, uma vez que a estamos utilizando para a visão de enormes agregados destes fenômenos. Nós podemos não estar vendo do que eles realmente são feitos.
3) Matéria não pode ser localizada precisamente no espaço e pode ser demonstrada a possibilidade de existir em qualquer lugar, ou em todos os lugares, uma vez que ela viaja a velocidades muito elevadas.
4) Se matéria é energia e viaja como ondas, estas ondas podem interagir e formar padrões de interferência.

Agora, vamos assumir que estivemos examinando o modelo acima de trás para a frente. Da Teoria da Relatividade, nós sabemos que a percepção de um evento é determinada pela posição relativa do observador. Do mesmo modo que observamos que nossa velha e confiável partícula subitamente se torna frenética e se expande no universo, nós vemos que é válido sugerir que a "partícula" é a condição frenética instantânea, e que nossa velha ordem confiável é na verdade esta condição onipresente expandida de toda matéria e energia. Isto deveria certamente ser consistente com a natureza ilusória da partícula que nós descobrimos quando nós olhamos o átomo e achamos apenas campos oscilatórios.

Nós identificamos uma nova condição que é:

5) Energia, preenchendo todo o universo, que de repente, instantaneamente, "colapsa" para formar uma partícula.

Agora se nós combinarmos as condições 4 e 5 , somos levados a seguir a incrível postulação:

6) A Energia preenchendo todo o espaço, por necessidade, forma padrões de interferência, e fora desta condição completamente difusa, a matéria é instantaneamente formada.

Nós acabamos de descrever a criação de um holograma.

Nós podemos considerar agora o seguinte modelo: o universo opera holográficamente. A energia interage através de interferências construtivas e destrutivas, para formar hologramas que são percebidos como matéria. Exatamente como os hologramas óticos que fazemos nos dão a aparência de imagens tridimensionais não-existentes, a energia operando num nível mais básico de, talvez, densidade muito mais alta, forma hologramas que nós percebemos como objetos verdadeiros. Eles aparentam ser reais quando vistos como um agregado de nódulos infinitesimais de um padrão de interferência de onda estacionário.

No sentido de discutir a validade da cosmologia holográfica, certas condições de construção de um holograma precisam ser identificadas:
1) Como padrões de interferência de onda estacionária são formados, propagados ou se manifestam?
2) O que atua como radiação coerente?
3) Se a informação é armazenada onipresentemente através do sistema.
4) O holograma armazena todas as perspectivas do sistema, isto é, neste caso, ele abarca todas as dimensões de espaço/tempo?

Para recapitular resumidamente, ondas estacionárias ocorrem quando uma frente de onda toma uma aparência estacionária, enquanto a energia continua a passar através do sistema, com cada onda sucessiva tomando o lugar da anterior. Ondas estacionárias são geradas na reconstrução do holograma (ou na visualização do objeto verdadeiro, no caso da matéria) uma vez que, como o holograma continua a ser iluminado por um certo período de tempo, a mesma frente de onda continua a ser formada.

Está claro que, como nosso holograma ótico, as relações entre as ondas estacionárias devem ser mantidas através da "imagem inteira", ou, no nosso caso, através do universo, para explicar com consistência como todo o conjunto pode ser chamado um holograma. Se isto é verdade, então a energia deve passar através das partículas de tal maneira que produza a ilusão de estar sem movimento; ainda que a energia deva exibir movimento harmônico simples, e ser o resultado da interferência de algum sistema de radiação coerente. Como podemos detectar isto?

Bentov descreve como a mecânica ondulatória pode nos dar uma intuição para a consistência das ondas estacionárias.

Por analogia, quando uma corda vibra com uma relação integral entre seus comprimentos, resulta em uma onda estacionária de movimentos harmônicos simples. Este fenômeno pode ser demonstrado bidimensionalmente com partículas de areia sobre um folha de metal vibrada com um arco de violino. O mesmo tipo de ondas estacionárias pode ser também gerado num sólido: o padrão se amolda ao tipo de distribuição atômica encontrada no cristal.

Desde que o cristal esteja vibrando, ele pode ser chamado um oscilador. Se esse oscilador é posicionado próximo a um cristal similar, os dois irão eventualmente oscilar em fase, formando um "sistema ressonante em sintonia". É também o que acontece quando uma corda de violino vibrada deixa o resto do instrumento vibrando. Existe uma óbvia amplificação do som (energia). Se ainda mais vibradores são adicionados, eles irão somar com a força do sistema ressonante (como faz uma sinfonia). Suponha que estes osciladores são átomos. Com o número total de átomos no universo envolvido, a soma de energia gerada pode ser espantosa! E "quanto maior o número de osciladores dentro de um sistema, mais estável ele será, e mais difícil é perturbá-lo".

Então, nós deveríamos esperar ter uma visão extremamente consistente do comportamento estável de uma partícula no nível atômico, uma vez que os átomos mostram simples movimentos harmônicos. E eles realmente o fazem. Físicos descobriram vibrações harmônicas simples em todas as partículas básicas da matéria." Os átomos dos nossos corpos são como osciladores, vibrando à razão de 1015 Hz. É bem possível que nossos corpos cintilem "ligado e desligado" a esta altíssima taxa. Não existe meios de saber se isto acontece realmente assim, porque ainda não temos meios de registrar fenômenos tão rápidos".

Nós descrevemos um sistema pelo qual um conjunto de ondas estacionárias podem funcionar em fase, canalizando assim enormes quantidades de energia, através de um sistema ressonante e mantendo a estrutura de frentes de onda aparentemente sem movimento. No nível macroscópico, a existência da estrutura de base momento a momento, dá origem à ilusão de substância e consistência.

Se nós procurarmos por uma fonte de radiação coerente para este sistema, nós podemos esperar encontrar alguns problemas. Nós recordamos na nossa investigação sobre luz visível comum, que na verdade, é impossível ver a luz. Tudo o que pode ser sentido são os efeitos da luz no nosso ambiente. A luz em si é invisível; nós observamos apenas frentes de onda refletidas ou moduladas transformadas pelas limitadas propriedades óticas dos nossos olhos. Nós podemos esperar dificuldades similares com esta nova radiação coerente, com a desvantagem acumulada de termos um aparato sensorial incapaz de processar seus efeitos diretamente. Neste caso, poderíamos nos encontrar um passo a mais distante da verificação direta da sua existência. Nós podemos assumir que este é o caso, como seria razoável também esperar que esta energia teria que dar conta de todas as manifestações de espaço e tempo quadridimensionais, e portanto ter que operar fora deles em uma quinta dimensão ou superior. (Outras dimensões são difíceis de serem visualizadas por nós. Um excelente exercício para tentar visualizá-las está emSphereland, de Dionys Rheinboldt, Apollo, NY).

Nós descreveremos como a informação de uma dimensão que escapa à detecção através dos nossos sentidos ou instrumentos pode influenciar até mesmo a forma do universo que nós percebemos. Para um exemplo, vamos imaginar o seguinte cenário: Nós começamos com um "mar" de energia coerente com uma freqüência extremamente alta, que nós somos incapazes de perceber diretamente . A isto acrescentamos um outro mar de energia que é ligeiramente fora de fase em relação ao primeiro. Podemos esperar que o seguinte aconteça:
1) Interferências irão ocorrer separadamente dentro de cada "mar", formando nodos e anti-nodos.
2) Em relação um com o outro, os dois mares fora de fase irão gerar freqüências de "pulsação" (ou batimento) com períodos mais baixos que os originais. Uma freqüência de pulsação é uma onda secundária ilusória formada peladiferença entre duas ondas primárias.
3) Estas freqüências mais baixas poderão cair dentro do alcance do nosso universo perceptível. Agora, se isto é tudo que nós podemos ver, essas ondas ilusórias construiriam tudo que nós chamamos de realidade. Uma universal onda de fundo coerente pode ser indistinguível do vácuo do espaço vazio.

Tiller usa um excelente modelo para demonstrar a confusão entre substância perceptível e o vazio:

"Existe uma idéia bem conhecida na física, de que se você toma um cristal que está a temperatura de zero absoluto, ele não dispersa elétrons. Eles passam através dele como se ele estivesse vazio. Logo que você sobe a temperatura e produz heterogeneidades, eles se dispersam. Agora, se você usa aqueles elétrons para observar o cristal (focalizando-os com uma lente de elétron para produzir uma imagem), tudo que você veria seriam esta heterogeneidades e você diria que elas são o que existe e o cristal é o que não existe, certo?

Nós podemos observar, no modelo holográfico, que todas as informações sobre uma dada partícula estão presentes através do universo. Anteriormente nós vimos, no modelo de Bentov, como a energia pode "colapsar" para formar uma partícula, e então expandir a uma velocidade infinita para preencher o universo. Desta maneira, a informação uma dada partícula é transmitida para toda parte.

Bohm descreve uma outra analogia que demonstra muito claramente o conceito "a parte contida em todo o inteiro". Ela também permite um excelente método de visualizar a materialização da partícula. O modelo é baseado num experimento com uma gota de tinta insolúvel num vaso cheio de glicerina. O equipamento foi construído de maneira que o fluido poderia ser girado lentamente sem acontecer a difusão. Quando isto era feito, a gota de tinta se esticava num fio que finalmente se tornava invisível. Quando a ação de girar era invertida, subitamente a gota se tornava visível novamente. Bohm chama isto "a ordem envolvida ou implicada":

"Normalmente nós pensamos em cada ponto no espaço e no tempo como distinto e separado e todas as relações são entre pontos contíguos no espaço e tempo (mas) quando tomamos a gotinha e a envolvemos, é a coisa toda e cada parte desta coisa toda que interage com aquela gotinha. A matéria é como uma pequena ondulação num tremendo oceano de energia. E o oceano não está, a princípio, no espaço e no tempo

Bohm elabora no seu modelo relativo ao aparente paradoxo onda/partícula: "Nós envolvemos uma gotinha ao virar a máquina um certo número de vezes, "n" vezes. Nós colocamos agora uma nova gotinha num lugar ligeiramente diferente e a envolvemos "n" vezes. Mas enquanto isso a primeira é envolvida 2n vezes, certo? Agora nós temos uma sutil distinção entre a gotinha que foi envolvida n vezes e a que foi envolvida 2n vezes. Elas parecem iguais, mas se nós virarmos uma delas n vezes nós temos a primeira gotinha, e virando n vezes novamente, teremos a outra. Agora vamos fazer novamente com uma posição ligeiramente diferente de modo que ele gire n vezes, a segunda 2n vezes e a original 3n vezes. Nós o continuamos assim até colocarmos várias gotinhas. Agora nós invertemos a máquina e uma gota emerge e se manifesta à nossa visão, e a segunda o faz , e a próxima; então se isto for feito rapidamente, mais rápido que a resolução do olho humano, nós veremos uma partícula aparentemente cruzando continuamente o campo".

Estamos ainda diante da questão do porque alguns campos de energia parecem "estacionários" como matéria, enquanto outros se propagam através do espaço e do resto do espectro eletromagnético como luz. Einstein gastou a maior parte da sua vida pesquisando uma "teoria do campo unificado´ que ligasse matéria, energia e gravidade juntas. Nós discutimos como a existência de uma energia de super-referência coerente poderia estar por trás da construção de tudo; mas a verificação é difícil , e nós não temos uma explicação adequada de como esta energia se torna matéria e aquela se torna luz. Existe um fenômeno físico conhecido que poderia dar a resposta. É um corpo no qual todas as construções físicas fundem-se em uma entidade unificada. É, naturalmente, o buraco negro.

Para recapitular rapidamente, um buraco negro é uma área de matéria em colapso, tão densa que o campo gravitacional gerado é de tal magnitude que nada, nada, nem a luz, pode escapar. Nesta situação, espaço e tempo curvam-se para dentro um sobre o outro, e se tornam tão distorcidos que ambos se fundem naquilo que é chamado singularidade - eles se tornam uma entidade única. A definição de buraco negro, então, é a de um corpo ou agregado de corpos do qual nem a energia nem a matéria podem escapar, uma vez que a velocidade de escape é maior que a velocidade da luz ( isto está de acordo com a teoria geralmente aceita que coloca a velocidade da luz como o limite superior no universo).

Buracos negros, incidentalmente, não precisam ser limitados a um certo tamanho. Nossas observações daquilo que chamaríamos buracos negros comuns (o resultado do colapso gravitacional de estrelas massivas) são sempre o que nós, de fora, pensamos estar acontecendo do lado de dentro.

Nós podemos, ainda apoiando a nossa definição, descrever nosso universo visível inteiro como um único buraco negro. Se nos imaginarmos por um momento, saindo para o lado de fora do universo, nós observaríamos a totalidade do mesmo fenômeno. Estaríamos olhando para um sistema do qual nenhuma luz escapa. Por definição, também todas as propriedades de espaço e tempo apareceriam como um acontecimento único.

Stephen Hawking tem escrito alguns trabalhos extraordinários a respeito de mini buracos-negros. Ele tem demonstrado a viabilidade deste pequenos buracos, talvez do tamanho de uma ervilha, possivelmente formados durante a Criação. Então estamos diante da concepção de que buracos negros existem numa variedade de tamanhos e formas, adequados para cada ocasião.

O próximo passo é imaginar o que aconteceria se buracos negros existissem no nível atômico. Na verdade, se existisse um pequenino buraco negro no centro de toda partícula de matéria, o que aconteceria?
1) Espaço e tempo se fundiriam em uma singularidade, e seriam indistinguíveis. É precisamente o que ocorre abaixo da distância de Plank.
2) A Relatividade não teria função dentro de cada buraco negro individual. Efeitos relativísticos maiores poderiam, entretanto, ser descritos como um agregado destas mônadas individuais.
3) Esperaria-se que o buraco negro "capturasse" matéria (outros buracos) sob certas circunstâncias, e a aniquilasse sob outras. O átomo é capaz de ambas as funções.

As implicações deste modelo para a holocosmologia são muito importantes. Ele possibilitaria um outro exemplo de como o todo está também contido em cada uma de suas partes. Ele também poderia descrever um outro mecanismo pelo qual , através de tremendas energias geradas por ressonância, como uma imagem consistente das partículas atômicas pode ser derivada. Ainda mais importante, entretanto, é que ele demonstraria como um universo unificado composto de singularidades poderia ser responsável por todas as configurações de espaço-tempo que temos observado, com a distribuição destas propriedades sendo predominantemente holográficas por natureza.

LINDSAY DAIBERT
ESCOLA DE BELAS ARTES DA UFMG

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Quem é Jesus para os espíritas?


De início, é válido já dizer que o Espiritismo é cristão! Um trecho do Livro dos Espíritos explica de forma clara e objetiva quem é Jesus para os espíritas.

"625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
'Jesus.'
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava."

Jesus Cristo é o messias divino e sua palavra é a verdade. O Espiritismo apenas admite o seu caráter humano, e isso em nada pode ser tomado como absurdo. Rejeitando o dogma da divindade de Jesus, o Espiritismo nega somente o que resultou da elaboração de mentes humanas (ratificada apenas no Concílio de Nicéia, em 325 d.C.) na composição de uma teologia que expressa, nesse particular como em muitos outros, uma posição contrária ao pensamento do próprio Cristo, uma vez que ele mesmo se coloca em posição de inferioridade em relação a Deus, subordinado a Ele, e se declarando como Seu enviado, como demonstrado pelos versículos abaixo:

João 14:28 - Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.

João 5:30 - Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma ; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

João, 7:28 - Jesus, pois, levantou a voz no templo e ensinava, dizendo: Sim, vós me conheceis, e sabeis donde sou; contudo eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis .

João 12:49-50 - Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.

Lucas 13:33 - Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém.

João 14:24 - Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou.

João, 8:28-29 - Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo. E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado .

Lucas 22:41-42 - E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.

João 20:17 - Disse-lhe Jesus: deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus .

Lucas 18:18-19 - E perguntou-lhe um dos principais: bom mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.

João 13:16 - Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.

João 13:20 - Em verdade, em verdade vos digo: Quem receber aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou .

Vide ainda: Marcos, 9:37; Mateus, 10:40; João, 4:34; João, 17:3; Mateus, 24:36; Lucas, 9:48; João, 7:33;
Marcos, 10:17-18; João, 5:36-38; João, 8:42; João, 16:5; João, 15:21; João, 12:44-45; João, 9:4; João, 8:16;
João, 8:18; João, 7:16; João, 5:24; Lucas, 10:16; Marcos, 13:32; Mateus, 27:46; João, 17:17-18; João, 11:41-42; João, 14:31; Marcos, 14:35-36; Marcos, 15:34.


Quantos versículos! Todas palavras do próprio Cristo expressas nessas trinta e oito passagens selecionadas ! Palavras repetidas várias e várias vezes nos Evangelhos por Jesus! Como negá-las? Daremos a Jesus um atributo que ele próprio negou de forma tão clara e veemente, sem uso de alegorias, por diversas vezes? Quem, mais do que ele, poderia saber sobre sua própria natureza? Os teólogos?
Em sendo tão repetitivo se declarando, de forma totalmente espontânea, inferior a Deus e como sendo o Seu enviado, nos chega o pensamento que ele sabia o que seria feito pelo homem mais a frente e, por isso, tratou de ser enfático neste ponto!

Talvez a idéia da divindade de Jesus se apóie nos versículos abaixo (também palavras do próprio Cristo):

João 14:10-11 - Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras. Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.

João, 10:30 - Eu e o Pai somos um .

Mas, se por isso deduzimos a divindade de Jesus, por que tal interpretação não se aplica também a outro versículo do Evangelho Segundo João:

João 17:20-22 - E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim deste, para que sejam um, como nós somos um.

Se Jesus é Deus porque eles são um, nós todos seríamos Deuses, já que poderíamos ser um também em Cristo e Deus, além de que Jesus também disse que poderíamos executar obras até maiores que as dele (João, 14:12). Nos três versículos escritos acima, Jesus diz exatamente a mesma coisa. Por que interpretar os dois primeiros de um modo e o último como se convém?
Nesse assunto, como em todos os outros, é válido colocar que o mais correto é nos atermos às palavras do próprio Cristo! Ainda que 1000 pessoas, por mais nobres que sejam, digam algo, e Jesus (apenas ele) diga o oposto: fiquemos com o Cristo.

Para finalizar, um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo, para elucidar o que Jesus representa para os espíritas: “mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, para a realização dos destinos humanos”.


www.saberespirita.com.br

sábado, 7 de junho de 2008

SOBRE O PASSE...

O PASSE NO CENTRO ESPÍRITA

“Jairo... aproximou-se de Jesus... e suplicou-lhe:
«A minha filha está a morrer. Vem, e põe as mãos sobre ela, para que fique curada.”
Marcos, V, 23,24



Muita gente já ouviu falar no passe magnético e/ou espiritual. É utilizado nos centros espíritas como terapia física e espiritual dos necessitados, bem como para a magnetização da água. Mas, será que isso funciona mesmo? Para que serve? Tem algo de científico?
O Passe é o “Acto de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para magnetizá-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para curá-la”, assim reza no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Ed. Nova Fronteira, de Aurélio Ferreira.
Quem já foi a um Centro Espírita certamente já viu ou frequentou sessões onde se aplicam passes, isto é, sessões onde as pessoas que necessitam de auxílio recebem num ambiente reservado e calmo aquilo a que os espíritas (e não só) dizem ser como que um “banho energético” com repercussões positivas sobre a situação psíquica e física da pessoa. De um modo geral as pessoas sentam-se, concentram-se, e um outro elemento designado de passista (aquele que dá ou transmite o passe magnético) impõe as mãos sobre o paciente, concentrando a sua mente, tentando dirigir energias renovadoras e positivas para aquele que ali se encontra.
Esta prática, embora noutros moldes, já era levada a efeito pelos magos da Caldeia, pelos brâmanes da Índia, pelos egípcios, pelos romanos, na Gália, entre outros. Com Jesus, essa prática tornou-se corrente entre os cristãos, e não desapareceu.
O espiritismo veio revelar o porquê destas atitudes, ao explicar como funcionam as leis do mundo espiritual e a sua importância no intercâmbio com as leis que regem o mundo corpóreo. Descobriu a existência do corpo espiritual e explica como funciona a mecânica dos fluidos, das energias, que agem e regem sobre esse mesmo corpo espiritual (é o corpo - energético, fluídico - que o espírito mantém após a morte do corpo físico).
A fluidoterapia através do passe e da água tem razão de ser
Mas o que é o passe?
Segundo a opinião de Divaldo Franco (orador espírita de renome mundial) «O passe significa, no capítulo da troca de energias, o que a transfusão de sangue representa para a permuta das hemácias, ajudando o aparelho circulatório. O passe é essa doação de energias que nós colocamos ao alcance dos outros, de modo que eles possam ter seus centros vitais reestimulados e, em consequência disso, recobrem o equilíbrio ou a saúde, se for o caso.

O passe magnético... é transfusão de energia do doador. O passe que nós aplicamos, nos Centros Espíritas, decorre da sintonia mental com os Espíritos Superiores.»

Paralelamente, é usual falar-se na água fluidificada ou magnetizada, isto é, a utilização da água como recurso terapêutico depois de ter sido objecto da magnetização, quer por parte dos Espíritos Superiores quer por parte dos passistas.
A este respeito diz-nos ainda Divaldo Franco: «Quando um paciente está enfermo, poderemos magnetizar a água, fluidificá-la, para que lhe prolongue aquele bem-estar que ele vai buscar ao centro espírita. Um indivíduo que vai beber a água fluidificada deve antes preparar-se mentalmente, e num momento de paz, sorvê-la, para assimilar os fluidos que ali estão contidos e que experiências de laboratório em Montreal, Canadá, na Universidade de Mcgill, demonstraram que há uma interferência mudando a estrutura molecular da água, quando os magnetizadores apenas seguram as garrafas. Experiências aliás feitas pelo Dr. Gerber, o que fez com que ganhasse dos laboratórios CIBA, uma bolsa de estudo para prosseguir as experiências.

Cientista no Canadá confirma as teses espíritas

Ele descobriu que a semente de cevada colocada em água salgada perde a propriedade germinativa ou atrasa-a. Ele pegou em água do mar colocou em garrafas e inseriu sementes de cevada. Pediu a pessoas portadoras de magnetismo que segurassem essas garrafas e pediu a pessoas desequilibradas que segurassem outras garrafas, com água potável comum onde estava a semente de cevada.
Aqueles que eram magnetizadores ou terapeutas, neutralizaram a acção da água salgada na semente de cevada. Nos portadores de alienação mental, mataram as sementes de cevada que estavam em água potável. O Dr. Gerber realizou infinitas experiências e constatou que realmente a água absorvia quer a energia positiva quer a energia negativa.»
Muito mais haveria a dizer sobre tão complexo tema. Pensamos que somente uma leitura atenta pela vasta bibliografia espírita existente poderá elucidar com mais segurança acerca desta temática. Com o estudo, poderá entender melhor o que é o passe, e aferir da maneira mais ou menos correcta como ele é administrado nos centros espíritas.


Do site
wwwcaldasdarainha.net/lucas/

...E O QUE NÃO É ESPIRITISMO?

Existe uma enorme confusão a respeito do que é ou não é Espiritismo.



Muitas pessoas quando ouvem falar em Espiritismo confundem com coisas que não têm absolutamente nada a ver. Pensam que as tais "mulheres de virtudes", cartomantes ou videntes são espíritas. Chegam até a pensar que são espíritas, também, certas pessoas que distribuem panfletos pelas ruas prometendo resolver problemas, desde ganhar no euromilhões até conseguir casamentos, com consultas pagas.

Li uma vez em um site anti-espírita: "O Espiritismo que hoje se expande no Brasil e no mundo nada mais é do que a continuação da necromancia e do ocultismo praticados pelos povos antigos". Muitas vezes também o Espiritismo é associado a magia, feitiçaria, etc.

Visando ajudar àqueles que não conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo algumas coisas que NÃO DEVEM SER ENCONTRADAS EM UMA CASA ESPÍRITA VERDADEIRA:

Explanações e orações ao som de batuques, atabaques, etc: o Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.

Trajes Especiais: o Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia das seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento para o espírita.

Presença de rituais como: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os Espíritos. Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não são encontradas imagens de santos ou personalidades do movimento espírita, amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo espiritual.

Sacrifícios de Animais: o local que possui este tipo de prática ou decoração não é espírita. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados, ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.

Comunicação de Espíritos em público: a Doutrina Espírita é contrária a este tipo de manifestação, cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.

Desenvolvimento mediúnico forçado: se ao chegar em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa" ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá as consequências materiais e espirituais; sua vida será um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar". Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro ser). Cuidado!

Promessas de cura: qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à frequência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.

Cobrança pela ajuda espiritual: todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os procuram.
Não podemos comprar a paz de espírito e tranquilidade que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não é um ambiente espírita.


Publicada por Marcelo Fernandes
http://www.oconsoladorprometido.blogspot.com/
ENTENDAMO-NOS

"Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros." Pedro. (I PEDRO, 4:8.)

Não existem tarefas maiores ou menores. Todas são importantes em significação.
Um homem será respeitado pelas leis que implanta, outro será admirado pelos feitos que realiza. Mas o legislador e o herói não alcançariam a evidência em que se destacam, sem o trabalho humilde do lavrador que semeia o campo e sem o esforço apagado do varredor que contribui para a higiene da via pública.
Não te isoles, pois, no orgulho com que te presumes superior aos demais.
A comunidade é um conjunto de serviço, gerando a riqueza da experiência. E não podemos esquecer que a harmonia dessa máquina viva depende de nós.
Quando pudermos distribuir o estímulo do nosso entendimento e de nossa colaboração com todos, respeitando a importância do nosso trabalho e a excelência do serviço dos outros, renovar-se-á a face da Terra, no rumo da felicidade perfeita.
Para isso, porém, é necessário nos devotemos à assistência recíproca, com ardente amor fraterno...
Amemos a nossa posição na ordem social, por mais singela ou rudimentar, emprestando ao bem, ao progresso e à educação as nossas melhores forças.
Seremos compreendidos na medida de nossa compreensão.
Vejamos nosso próximo, no esforço que despende, e o próximo identificar-nos-á nas tarefas a que nos dedicamos.
Estendamos nossos braços aos seres que nos cercam e eles nos responderão com o melhor que possuem.
O capital mais precioso da vida é o da boa-vontade.
Ponhamo-lo em movimento e a nossa existência estará enriquecida de bênçãos e alegrias, hoje e sempre, onde estivermos.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro "Fonte Viva" - 1956
Questão 122, páginas 277 e 278.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

SOBRE A ATUALIDADE DA CODIFICAÇÃO

Algumas questões relativas à Condição Espírita: prática e conflito na busca de uma identidade .

Marco Aurélio Faria Rezende

“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a
frente a razão , em todas as épocas da
Humanidade” .
(O Evangelho Segundo o Espiritismo)



É cada vez mais comum escutarmos no Meio Espírita que as idéias e os livros de Kardec estão ultrapassados e atualmente diversos autores já avançaram muito nos conceitos e visões acerca da Doutrina . Certamente , nenhuma dessas falas pode ser considerada seriamente , já que sem dúvida alguma , nenhum dos seus autores devem ter estudado profundamente toda a abra codificada por Kardec . Se formos recordar o contexto e a época em que os Espíritos encarregaram o nosso Codificador de sua tarefa , verificaremos que o Senhor Denizard Rivail - como era verdadeiramente chamado , era um estudioso e pesquisador respeitado no campo da Educação , trazendo para a sua missão junto aos Espíritos Superiores, dois importantes traços do seu caráter - a coragem e o incorfomismo com que enfrentou na época preconceitos e dogmas de natureza religiosa na execução de sua tarefa . Assim , é muito fácil perceber que as maiores críticas feitas a Kardec estão sustentadas pelo pouco , para não dizer nenhum , conhecimento de seu trabalho . Emmanuel , entre outras questões importantes reforça que os princípios trazidos pelos Espíritos e codificados por Kardec abrem uma nova era o para o espírito humano , que passa então a contar com a perspectiva de procurar dentro de si mesmo as respostas para as principais questões da sua existência terrena . Além disso , lembra-nos também Emmanuel que os ideais do Espiritismo servem para reforçar em nós a nossa principal tarefa que é a da renovação moral , tomando por base os fundamentos deixados por Jesus e os impositivos da Vida Universal , de acordo com as normas de eterna justiça das Leis Divinas .

Mas o mais curioso é que a maioria dessas críticas é feita por indivíduos que estão no interior do Movimento Espírita . Então , como podemos nos identificar como Espíritas?Como se dá em nós o processo que culmina com a nossa identificação como espíritas?Qual é a condição necessária para que nos identifiquemos como espíritas e como devemos nos posicionar para que possamos ser percebidos como espíritas?Mais ainda , será que no interior do Movimento , todos nós podemos nos identificar igualmente perante a Doutrina? Certamente, não existe um roteiro a ser seguido para que possamos ao final deste percurso , receber um certificado , um crachá ou uma carteirinha que nos identifique como espíritas . Também não formamos uma associação , um conselho ou uma corporação que precisa sair em defesa de interesses de uma liga própria formada por alguns ungidos ou escolhidos pelo Alto . É verdade também que o Movimento Espírita possui em sua essência um caráter universal , plural e sobretudo cristão. No entanto , ainda fica no ar a questão levantada no início . Se , já chegamos a essas constatações , caminhemos mais um pouco com as nossas reflexões . Afinal , se no interior do nosso movimento , existem companheiros que já não conseguem ver (ou ainda não viram?) o caráter contemporâneo da obra dos Espíritos Superiores , ditada a Kardec , como então situá-los na condição de espíritas? Primeiramente , devemos afastar das nossas mentes qualquer tipo de fundamentalismo excludente que em nada vai somar as nossas ponderações . É fundamental que reforcemos em nós uma postura agregadora e , principalmente , favoreçamos nesta oportunidade apenas a perspectiva de análise do nosso movimento e a nossa identidade enquanto espíritas.

É sobre essa identidade que pretendemos discorrer . Afinal , se nos esforçamos em formar um coletivo , precisamos pensar sobre as questões que nos unem e nos fortalecem . Kardec , em 1857 , ao nos apresentar O Livro dos Espíritos , na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita , os fundamentos das comunicações dos Espíritos esclarece que:

Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo têm uma significação bem definida; dar-lhes outra, para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas já tão numerosas da anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; mas não se segue dai que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível .Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo, empregaremos, para designar esta última crença, as palavras espírita e espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que por isso mesmo têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando para espiritualismo a sua significação própria. Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.

Então , podemos observar que desde o inicio houve distinção entre o que Kardec estava apresentando - a Doutrina Espírita ou Espiritismo do que o que já existia - o Espiritualismo . Mais ainda , para Kardec o Espiritismo estava apresentando uma possibilidade concreta , balizada pelo ideal cristão e fundamentada pelas Leis Universais Divinas , de comunicação com os seres do mundo invisível . É importante ressaltarmos que Kardec não desqualificou nem desconsiderou as crenças espiritualistas , apenas distinguiu-as do Espiritismo , mesmo que em ambos esteja a crença na existência de alguma coisa além da matéria . Entretanto , para Kardec , a questão mais premente a ser enfrentada para o postulante espírita é o da sua transformação moral . Ou seja , não é necessário que nos transformemos em maiores , melhores ou verdadeiros espíritas . É necessário , sim , que a qualquer tempo que decidamos pela Doutrina , o façamos verdadeiramente . Assim , fica então claro observar e analisar as diferentes experiências e entendimentos tão comuns de serem vistos no interior do Movimento , já que , em diversas épocas e oportunidades surgem novos adeptos que chegam sequiosos de conhecimento e carregados de dúvidas tão naturais a esta fase . Neste aspecto, podemos reforçar a intenção da Doutrina e do Espiritismo , lembrando mais uma vez Kardec no final do Preâmbulo de O que é o Espiritismo :

O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia , ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações . Pode-se defini-lo assim : O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza , da origem e da destinação dos Espíritos , e das suas relações com o mundo corporal.

Assim exposto , julgamos estarem um pouco mais esclarecidas as questões relativas à construção de uma identidade espírita , permanente e cotidianamente reedificada . Mais ainda , avaliamos como sendo fundamental o estímulo sistemático e constante dessas questões julgadas introdutórias a fim de se estimular aos iniciados com relação ao trabalho da Codificação realizada por Kardec , um contínuo e crescente interesse , justificador do necessário conhecimento da gênese do Espiritismo.

A outra questão colocada – a de que a Doutrina e a obra codificada por Kardec estariam ultrapassadas precisa de muita fundamentação . É necessário que reflitamos sobre as intenções que estão por trás dessas observações , principalmente , as de natureza filosófica .Para iniciar , é o próprio Kardec quem nos aponta em Obras Póstumas , no capítulo intitulado As Aristocracias , citando O Evangelho segundo o Espiritismo que :

. . . se, graças ao desenvolvimento e à aceitação geral dos ensinos dos Espíritos, o nível moral da Humanidade tende constantemente a elevar-se, singularmente se iludiria quem supusesse que a moralidade preponderará sobre a inteligência. O Espiritismo, com efeito, não quer que o aceitem cegamente; reclama a discussão e a luz . “Em vez da fé cega, que aniquila a liberdade de pensar, diz ele: Não há fé inabalável, senão a que possa encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade . A fé necessita de base e esta base consiste na inteligência perfeita daquilo em que se haja de crer. Para crer , não basta ver, é, sobretudo, preciso compreender.”(O Evangelho segundo o Espiritismo.) Com bom direito, pois , podemos considerar o Espiritismo como um dos mais fortes precursores da aristocracia do futuro, isto é, da aristocracia intelecto-moral. . . .

e que o forte conflito existente desde a sua origem , tanto no interior do movimento quanto entre os seus mais ferrenhos opositores , precisa de discussão e de luz .O nosso Codificador ainda ressalta que a Doutrina não precisa de seguidores cegos e também não se curvará a críticas infundadas e carregadas de um materialismo desvairado , porque já está naturalmente demarcando o seu espaço no futuro da humanidade . Entretanto , o próprio Kardec ressalta que longe de nos alçar a uma categoria especial , a condição de postulante espírita apenas expõe a nossa fraqueza , que ainda teremos de carregar por algum tempo , já que a nossa escolha não nos faz triunfar imediatamente sobre a nossa condição . Na prática , a superação desse estado , começa a acontecer na medida em que damos início a nossa necessária transformação e , nesta oportunidade começamos a sentir um esforço salutar em nós na busca da nossa melhora . Ao mesmo tempo em que estamos dedicados a nossa modificação , temos também que estar envolvidos em enfrentar os ataques que a Doutrina passar – e esse , o de insinuar a condição ultrapassada dos seus fundamentos é , sem duvida , um dos maiores , senão o maior de todos . Os homens inteligentes que não estiverem ligados à condição espírita aparecem e aparecerão sempre na tentativa de achincalhar e menosprezar a Codificação , reforçando o que na visão deles , não é Ciência . A nossa resposta deverá estar invariavelmente , sustentada pelo desenvolvimento da nossa inteligência , mas principalmente , do nosso coração e da nossa fé . O nosso compromisso será sempre o da defesa da Verdade, vinda de onde vier , lutando com caridade e abnegação. Precisamos ter sempre ao nosso lado , o amor ao bem , eliminando das nossas vistas , o egoísmo , a inveja , o ciúme e a má-fé . Sabemos que só assim , estaremos preparando a nossa passagem para outras experiências calibradas pelo equilíbrio necessário à nossa condição atual e sem os excessos e mesquinharias da valoração material tão comuns aos críticos do Espiritismo .

Da nossa parte , temos claro não existir nenhuma insatisfação quanto a nossa escolha . Muito pelo contrário , a certeza do nosso contentamento , está fundada na identificação da Doutrina com os ideais cristãos e na sua sustentação pelas Leis Naturais Imutáveis que alicerçam de forma inabalável as bases do Espiritismo , dando inclusive suporte à sua literatura fundamental que está ao alcance de todo individuo . Por isso , no nosso entendimento , é fundamental o conhecimento dessa base para se pensar numa perspectiva inequívoca de evolução . Teremos de ser verdadeiramente capazes de tomar nas nossas mãos a expressão viva e exata desse Conhecimento, até para transmiti-lo aos que vierem depois de nós . Para tal , devemos ter claro que estamos vivendo um momento de transição planetária , já apontada pelos Espíritos , e que , como todo momento dessa natureza , é muito natural que se operem os conflitos causados por essas mudanças . Ao final , teremos necessidade de muito empenho e conhecimento para enfrentar os novos desafios inerentes a essa nova fase . Mais uma vez ,. é o próprio Kardec , em Obras Póstumas , no capítulo intitulado Os Desertores que nos alerta :

Nada , pois, temamos : o futuro nos pertence . Deixemos que os nossos adversários se debatam, apertados pela verdade que os ofusca; qualquer oposição é impotente contra a evidência, que inevitavelmente triunfa pela força mesma das coisas. É uma questão de tempo a vulgarização universal do Espiritismo e neste século o tempo marcha a passo de gigante , sob a impulsão do progresso.

No entanto , é fundamental a nossa atenção nessa hora , principalmente em que muitos levantam a sua voz para o ataque infundado a Codificação , alegando a sua condição incompleta ou mesmo caricata . Para tal , a nossa postura precisa estar apoiada na apropriação séria da Doutrina e do Espiritismo de forma que , esteja certo para nós e para os que insistem nessa atitude que o erro não está na sustentação dos seus fundamentos e sim na falta de conhecimento e estudo por parte dos que a agridem . Da mesma maneira , precisamos estar atentos quanto às inúmeras novidades doutrinárias trazidas aos montes para o interior do Movimento , na justificativa da sua defasagem . Para não perder a oportunidade , vamos mais uma vez , beber na fonte da Codificação e trazer Kardec em Obras Póstumas que nos esclarece o propósito e a intenção da obra dos Espíritos :

O Espiritismo ensina pouco quanto a verdades absolutamente novas, em virtude do axioma de que nada há de novo sob o Sol. Não há verdades absolutas senão aquelas que são eternas; as que o Espiritismo ensina,estando fundadas sobre as leis da Natureza, existiram de todos os tempos; por isso delas se encontram os germes que um estudo mais completo e observações mais atentas têm desenvolvido. As verdades ensinadas pelo Espiritismo são, pois, antes conseqüências que descobertas .O Espiritismo não descobriu nem inventou os Espíritos, nem descobriu o mundo espiritual, no qual se acreditou em todos os tempos; somente ele o prova por fatos materiais e o mostra sob sua verdadeira luz,livrando-o dos preconceitos e das idéias supersticiosas que engendram a dúvida e a incredulidade.

É essencial que atentemos que o próprio Kardec aponta para o caráter reflexivo e instigador da Codificação , quando explicita a sua condição de colocar à prova da razão a existência de um mundo extrafísico bem como da real possibilidade de comunicação entre esse mundo com o nosso mundo corpóreo . E , parece ser nessa abertura , que os críticos sustentam a urgência em incorporar novas posturas e entendimentos sem se preocuparem com o rigoroso controle dos fatos e das comunicações recebidas , estas sempre sujeitas ao exame do bom-senso e ao critério da razão . Sem nenhum constrangimento , devemos ser firmes em defender a importante base conceitual da Codificação e do Espiritismo, atentando principalmente para a nossa fidelidade junto à Doutrina . Precisamos , com muito respeito , observar a forma como toda a Obra foi construída , principalmente no esforço feito por Kardec , utilizando toda a sua vivência e experiência no campo da pesquisa cientifica e da análise filosófica , para então , formular uma base metodológica de extraordinária importância que fundamenta toda a Codificação Espírita . Assim , precisamos ser naturalmente cuidadosos com as novidades que surgem , submetendo todas elas ao mesmo rigor com que Kardec trabalhou na sua tarefa , usando , como já dissemos , severamente a razão , o bom senso e a lógica , estimulando o debate , e principalmente , verificando a possível concordância desses conteúdos em muitas situações e ocorrências , para finalmente podermos observar a sua repercussão e relevância na Codificação. Se não agirmos assim , correremos o risco de negar o próprio kardec em A Gênese , que traz a baila , o caráter essencialmente progressivo da Codificação , quando nos mostra :

Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. Pela sua substância, alia-se à Ciência que, sendo a exposição das leis da Natureza, com relação à certa ordem de fatos, não pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas leis. As descobertas que a Ciência realiza, longe de o rebaixarem, glorificam a Deus; unicamente destroem o que os homens edificaram sobre as falsas idéias que formaram de Deus . O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele aceitará.

Ao terminar as nossas considerações , fica então claro para nós que a Doutrina e a prática espírita tem um forte componente lógico, onde não cabem experiências ditas fantásticas ou maravilhosas . E dentro dessa lógica , há sem dúvida , a garantia da natural e conseqüente evolução de todos os fundamentos da Codificação . Mas , devemos compreender que o progresso necessário à Doutrina precisa estar fundado na obediência as suas leis principais , contidas em O Livro dos Espíritos , e que esse progresso deve estar sustentado por uma postura crítica , feita de observação e grande base cientifica . Longe de submeter à Doutrina à Ciência , apenas estamos resgatando a natural ligação entre elas , já que todos os conteúdos da primeira estão fortemente alicerçados nas bases da segunda . Mais ainda , precisamos resgatar em nós que o trabalho da Codificação não é apenas produto de um único homem . É , sem dúvida , o produto de uma ação coletiva de muitos envolvidos – encarnados e desencarnados , sob a tutela do Espírito de Verdade. Nas palavras de Herculano Pires :

A Codificação é a rocha em que se alicerça a Doutrina, é a pedra-de-toque para verificação das “novas verdades” que forem surgindo. Sem essa base e essa medida, estaremos arriscados a fazer o Espiritismo retroceder no tempo e no espaço, a título de fazê-lo evoluir .