sábado, 25 de abril de 2009

SOBRE O CULTO NO LAR...

O Culto do Evangelho no Lar


artigo publicado na revista “Reformador”, Ed. FEB
JAQUELINE S. LEAL FONSECA

“Orar em família é ver derramar-se sobre ela o cálice aurífico dos céus, acondicionando-nos nesse imenso bojo de ventura que o Cristo traz a visitar-nos.” – Tereza de Brito (1)

Conta-nos o Espírito Neio Lúcio (2), pela psicografia de Francisco C. Xavier, que Jesus, quando se asilava provisoriamente na casa de Simão Pedro, percebendo que o teor das conversações já descambava para a improdutividade, tomou das Sagradas Escrituras e, após colocações simples, por meio das quais trouxe à realidade daqueles Espíritos a importância do instituto doméstico, desenrolou os Escritos Divinos e convidou os familiares de Simão à palestra edificante e à meditação.

Iniciava-se o primeiro culto cristão no lar.

Mas, o que é o Culto do Evangelho no Lar?

Segundo André Luiz, na obra Desobsessão (3), trata--se de “estudo da Doutrina Espírita, à luz do Evangelho do Cristo e sob a cobertura moral da oração”.

O Culto do Evangelho no Lar (CEL) é o momento semanal em que, beneficiando-nos da companhia dos nossos familiares que comungam dos mesmos princípios religiosos que nós, podemos elevar o nosso pensamento ao Mais Alto através da prece reconfortante e do estudo e debate de problemas corriqueiros, do âmbito familiar ou social, à luz do Evangelho de Jesus decodificado pelo Espiritismo. É “a festiva oportunidade de conviver algumas horas com os Espíritos de Luz que virão ajudar-te nas provações purificadoras, em nome daquele que é o Benfeitor vigilante e Amigo de todos nós ”. (4)

Bom, mas para que serve o CEL?

André Luiz, no livro Conduta Espírita (5), diz que “quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.”

Em primeiro lugar, podemos colocar o que os Espíritos nos dizem com relação às bênçãos familiares que podem ser recolhidas desta prática cultivada em várias religiões, que é a da leitura e interpretação dos textos do Evangelho.

Os momentos de culto são dedicados exclusivamente ao reduto doméstico. Portanto, ali os seus componentes estão à vontade para discutir suas dores e seus problemas, as dificuldades vividas no dia-a-dia e interpretá-las à luz da Doutrina Espírita. É um momento de intimidade, de troca de boas vibrações e de bons sentimentos, é um momento em que a Espiritualidade Amiga se destaca para acompanhar aqueles Espíritos que estão em luta juntos, na romagem carnal, a fim de que eles possam recolher os melhores benefícios daqueles minutos.

Orando juntos, segundo a nossa querida Tereza de Brito, no livro Vereda Familiar (6), nós nos utilizamos “das formidáveis bênçãos que movimentamos para o equilíbrio e para a presença da luz em nosso cenário doméstico”. Então, podemos concluir que o CEL contribui para a manutenção do equilíbrio e da paz doméstica.

Joanna de Ângelis, no livro Florações Evangélicas (7), coloca que, mesmo num ambiente familiar conturbado, em que existe a evidente reunião de Espíritos não afinados, quando se institui a presença de Jesus naquele lar, esta “(...) produz sinais evidentes de paz, e aqueles que antes experimentavam repulsa pelo ajuntamento doméstico descobrem sintomas de identificação, necessidade de auxílio mútuo.”

Durante o CEL, a família restaura suas forças despendidas ao longo da semana, enquanto eleva o padrão vibratório da casa, unificando os laços familiares por terem a oportunidade de partilhar conhecimentos e dores.

E no Âmbito Espiritual, qual a repercussão do CEL?

André Luiz, no livro Os Mensageiros (8), cap. 37, conta-nos que, após presenciar o CEL de D. Isabel, uma devotada companheira de Nosso Lar que ainda estava encarnada, cuidando de três filhos, e cujo marido a amparava e guardava o seu lar do Plano Espiritual, foi para o jardim de sua casa e observou curiosa cena. Ameaçava tempestade e, naquele momento, entidades de aspecto desagradável, algumas com formas até um tanto quanto aterradoras, arrastavam-se para sua direção, mas quando se aproximavam, recuavam, amedrontadas. Intrigado, perguntou ao seu Mentor, Aniceto, a razão daquela fuga repentina, como se tivessem aquelas entidades se encontrado com algo aterrorizante.

Aniceto, com toda a sua paciência e amor, disse a André Luiz que aqueles irmãos eram os “seres vagabundos da sombra”, que procuravam asilo nos dias de tormenta, porque ainda muito ligados às sensações grosseiras da carne, e por isso, os aguaceiros os incomodavam tanto quanto a nós encarnados. Disse que eles buscavam preferencialmente as casas de diversão noturna, sendo que as residências abertas também eram por eles penetradas, porque as viam como que da mesma matéria que lhes constituía o perispírito.

Aumentando, ainda, os conhecimentos de André Luiz, complementou Aniceto:

“Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão-só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos...” (Destaque nosso.)

Joanna de Ângelis diz, em seu livro Messe de Amor (9), página “Jesus Contigo”, que nós distendemos da nossa casa a luz do Evangelho para o “mundo atormentado”. E diz, ainda mais, que a casa que ora beneficia a rua inteira, e que num prédio, um único apartamento em que haja CEL é capaz de iluminar todo o edifício.

Portanto, para que resguardemos o nosso lar dos Espíritos salteadores e vagabundos das Trevas, formando barreiras vibratórias capazes de os isolar, e para que possamos distender aos nossos irmãos que sofrem os benefícios que colhemos com a prece, mantenhamos o Culto do Evangelho.

E como podemos fazê-lo?

Joanna de Ângelis, na mesma página (10), fala-nos: “Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora.”

Todavia, indispensável que tomemos das palavras de Jesus como base para os comentários principais da noite.

André Luiz, no livro Os Mensageiros (11), cap. 35, conta--nos o que assistiu no Culto do Evangelho em casa de D. Isabel.

Disse o nosso Benfeitor Amigo que, primeiramente, a filha mais jovem proferiu a prece, ao que se seguiu que a filha mais velha leu uma página instrutiva consoladora e, logo após, uma nota triste do noticiário comum. Quando a leitura acabou, D. Isabel abriu o Novo Testamento, como se estivesse procedendo ao acaso, mas, em verdade, André Luiz viu que o marido de Isabel, do Plano Espiritual, intervinha diretamente na abertura do Livro Sagrado, ajudando a focalizar o assunto da noite.

E D. Isabel leu um versículo do Evangelho e o comentou, com o amparo de um Benfeitor Espiritual que a inspirava, fazendo alusão ao que a filha mais velha lera como página inicial e ao episódio triste do jornal leigo.

No livro Renúncia (12), romance mediúnico ditado por Emmanuel ao nosso querido Chico Xavier, Alcíone, protagonista da citada obra, em Culto do Evangelho na casa de seu pai, contara que quando vivia sob tutela do Padre Damiano e de sua mãe, na Espanha, “nunca nos reunimos no culto doméstico sem suplicar o socorro da inspiração divina” e que liam “apenas um versículo de cada vez e esse mesmo, não raro, fornecia cabedal de exame e iluminação para outras noites de estudo.” Dá agora para perceber por que Emmanuel escreveu quatro livros* comentando apenas um versículo de cada vez, em cada leitura edificante que fazemos...

Podemos, assim, concluir que, ao colocarmo-nos confortavelmente em torno da mesa com copos de água pura, a fim de que seja devidamente fluidificada, podemos proferir uma prece simples, e proceder à leitura de página edificante, de um recorte de jornal ou alguma reportagem de revista, além do versículo do Novo Testamento para que possamos, através dele, elucidar o que lemos previamente.

Contudo, podemos utilizar-nos dos recursos literários disponíveis na Doutrina Espírita, quais sejam: livros cujas páginas ou mensagens são lidas antes da prece inicial; leitura e comentários de O Evangelho segundo o Espiritismo ou do Novo Testamento; livros infantis que poderão ser utilizados por aqueles que têm filhos pequenos, dando-lhes, assim, o ensejo de participação ativa no CEL, lendo eles próprios alguma passagem de um livro infantil edificante, que conte alguma história do seu dia-a-dia na escola e que tenha a ver com o tema da noite, além do contato com o conhecimento espírita e a moral cristã contida no Evangelho de Jesus.

Ao final, que seja proferida a prece de agradecimento.

E não podemos esquecer de fixar um horário e um dia da semana específicos para o mister, o qual não deverá ser burlado nem relegado ao esquecimento. Joanna de Ângelis, na já citada página do livro Messe de Amor (13), é clara ao nos informar: “Não demandes a rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres que não possas adiar.

Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar.” (Destaque nosso.)

É importante frisar que o CEL não é um momento para manifestações mediúnicas, salvo em situações extremas, em que se faça necessário a um Mentor Espiritual dar algum recado mais importante. Apesar de o CEL beneficiar alguns companheiros desencarnados que, porventura, estejam em nossa casa ou sejam trazidos até ela para se beneficiarem dos ensinamentos da noite, como exemplifica André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu14, é muito importante que nos abstenhamos de dar passividade a Espíritos sofredores no âmbito doméstico, por ser medida de resguardo do lar, que não possui os aparatos devidos para as medidas de socorro necessárias a esses irmãos. Que os nossos companheiros desencarnados em sofrimento se manifestem na reunião mediúnica do Centro Espírita, que é a sua clínica de psicoterapia em grupo, sob a égide dos ensinamentos de Jesus.

Mas, e se só eu em casa sou espírita? Então não há CEL na minha casa?

Tereza de Brito, por intermédio de José Raul Teixeira, no livro Vereda Familiar (15), fala que “caso os seus familiares não concordem, por serem adultos e pensarem de maneira diferente, não se iniba. Ore e vibre com Jesus você sozinho, seja nos seus aposentos de dormir ou em alguma parte da casa onde você possa recolher-se por alguns momentos.” E se nos lembrarmos de que Joanna de Ângelis disse que podemos beneficiar um prédio inteiro, uma rua toda, o que não faremos àqueles que não participam do CEL mas vivem sob o mesmo teto que nós! “Se os teus se negarem compartir o ministério a que te propões, a sós, reservadamente na limitação de tua peça de dormir, instala a primeira lâmpada do estudo evangélico e porfia...” 16

Em contrapartida, diz que não devemos assim proceder quando temos filhos sob nossa tutela: “Se, todavia, os teus filhos estiverem, ainda, sob a tua tutela, não creias na validade do conceito de deixá-los ir, sem religião, sem Deus... Como lhes dás agasalho e pão, medicamento e instrução, vestuário e moedas, oferta-lhes, igualmente, o alimento espiritual (...)”.

Nós somos responsáveis pelos nossos tutelados e responderemos se, por acaso, eles falharem por omissão nossa. É nosso dever levar a eles uma educação moral com base na Lei Natural, que é a Lei de Deus, contida no Evangelho de Amor que o Cristo nos legou. Portanto, eles têm que participar do CEL, preferencialmente desde bem pequenos, quando já comecem a ensaiar o entendimento das coisas, para que se habituem à rotina semanal e para que incorporem tal hábito, levando-o, a posteriori, ao íntimo de seus futuros lares.

E afinal, é importante mesmo que o espírita faça o CEL todas as semanas, ou basta só freqüentar o Centro e ler os livros doutrinários?

Por vezes, o espírita desavisado, em especial quando pouco estuda as obras da Codificação e complementares, acha que, para que seu lar esteja devidamente protegido dos ataques dos Espíritos levianos e zombeteiros, basta que esteja cumprindo sua “escala” semanal no Centro Espírita e que, antes de dormir, faça a sua prece.

Entretanto, é importante, imprescindível mesmo, que todo espírita faça o CEL, independentemente do número de vezes que compareça ao Centro Espírita, porque a sua prática significa a proteção que o lar necessita contra as investidas das trevas. É mediante o CEL que o nosso lar adquire aquelas barreiras magnéticas mencionadas por André Luiz no cap. 37 de Os Mensageiros 17, citadas anteriormente. É através do CEL que colhemos os benefícios de apaziguamento das animosidades no lar, o aumento da cordialidade entre os que vivem sob o mesmo teto, a força necessária para resolver os problemas familiares de difícil solução, o estreitamento dos laços de consangüinidade.

Vale ressaltar que, independentemente do número de membros da família que ora unida, o importante, e que realmente dá valia às potencialidades magnéticas e vibratórias do Culto do Evangelho no Lar, é a boa intenção na sua prática, é a verdadeira ligação com os Mentores Espirituais, é a freqüência na sua realização e a mudança de atitude dentro de casa, que muito contribuirão para que se mantenha o clima de paz e harmonia que se segue aos minutos de leitura do Evangelho.

Instituamos o Culto do Evangelho em nossos lares, cuidando de nossos filhos para que lhes seja dado o devido encaminhamento religioso, o “pão da vida” de que Jesus nos falou, aquele que realmente nos sacia a fome de luz. E levemos aos irmãos que ainda não o cultivam a informação dos benefícios que ele proporciona, ensinando-os, ajudando-os nos dois ou três primeiros cultos, para que, assim, mais famílias possam recolher as luzes que nós já começamos a receber.

Referências Bibliográficas:

1 TEIXEIRA, José Raul. Vereda Familiar. Pelo Espírito Tereza de Brito. 3. ed. Niterói: Ed. Fráter, 1995. 134 p., cap. 25, p. 99.

2 XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. 213 p., cap. 1.

3 _______. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. 248 p., cap. 70, p. 239.

4 FRANCO, Divaldo Pereira. S.O.S. Família. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 8. ed. Salvador: LEAL, 1998. 158 p., cap. Estudo Evangélico no Lar, p. 63.

5 XAVIER, Francisco Cândido. Conduta Espírita. Pelo Espírito André Luiz. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 155 p., cap. 5, p. 33.

6 Op. cit., cap. 25, p. 99.

7 FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed. Salvador: LEAL, 1987. 192 p., cap. 3, p. 20.

8 XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros. 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. 268 p., cap. 37.

9 FRANCO, Divaldo Pereira. Messe de Amor. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed. Salvador: LEAL, 1993. 166 p., p. 162, cap. 59.

10 Idem, ibidem.

11 XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros, 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 35.

12 ________. Renúncia. Pelo Espírito Emmanuel. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. 464p., 2a parte, cap. III, p. 333.

13 FRANCO, Divaldo Pereira. Messe de Amor, cap. 59, p. 163.

14 XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu, 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. VI, p. 37.

15 Teixeira, José Raul. Vereda Familiar, cap. 24, p. 96.

16 Op. cit.. cap. Estudo Evangélico, p. 62.

17 XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros, 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 37.

SÉRIE PRA PENSAR...

Necessário e
Supérfluo


715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?

“Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”

716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?

“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.”

717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?

“Olvidam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”

Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.

Resumo

O homem ponderado conhece o limite do necessário por intuição, mas muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. Sendo insaciável, os vícios lhe alteram a constituição e criam necessidades que não são reais. Os que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário, olvidam a lei de Deus e terão que responder pelas privações que houverem causado aos outros.

Comentários

Grande parte dos sofrimentos que experimentamos advém não da falta do necessário, mas porque nos lamentamos de não possuir o supérfluo. Compreender a diferença entre o que é necessário e o que é supérfluo não é matéria exclusiva dos compêndios espíritas. Leiam a respeito algumas citações de autorias variadas:

“Compra não o que consideras oportuno, mas o que te falta; o supérfluo é caro, mesmo que custe apenas um soldo.” (Catão, Citado em Sêneca, Cartas a Lucílio)

“A utilidade mede a necessidade: e como avalias o supérfluo?” (Sêneca)

“Os bens supérfluos tornam a vida supérflua.” (Píer Pasolini, Scritti Corsari)

“Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.” (Marquês de Maricá, Máximas)

“Todo o Mal Provém não da Privação, mas do Supérfluo.” (Fernando Namora)

“A economia significa o poder de repelir o supérfluo no presente, com o fim de assegurar um bem futuro e sobre este aspecto representa o domínio da razão sobre o instinto animal.” (Thomas Atkinson)

“O supérfluo, com o tempo, torna-se numa coisa muito necessária.” (George Buffon)

“A lei seca da arte é esta: 'Ne quid nimis', nada além do necessário. Tudo o que é supérfluo, tudo aquilo que podemos suprimir sem alterar a essência é contrário à existência da beleza.” (Ortega y Gasset)

“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil.” (Copérnico)

Voltando ao aspecto espírita de nosso estudo, acrescentamos dois textos de Emmanuel a respeito do necessário e do supérfluo:

Supérfluo

Por toda parte na Terra, vemos o fantasma do supérfluo enterrando a alma do homem no sepulcro da provação.

Supérfluo de posses estendendo a ambição…

Supérfluo de dinheiro gerando intranqüilidade…

Supérfluo de preocupações imaginárias abafando a harmonia…

Supérfluo de indagações empanando a fé…

Supérfluo de convenções expulsando a caridade…

Supérfluo de palavras destruindo o tempo…

Supérfluo de conflitos mentais determinando o desequilíbrio…

Supérfluo de alimentação aniquilando a saúde…

Supérfluo de reclamações arrasando o trabalho…

No entanto, se o homem vivesse de acordo com as próprias necessidades, sem exigir o que ainda não merece, sem esperar o que não lhe cabe, sem perguntar fora do propósito e sem reprovar nos outros aquilo que ainda não retificou em si mesmo, decerto a existência na Terra estaria exonerada da grande maioria dos tributos que aí se pagam quase diariamente à perturbação.

Se procuras no Cristo o mentor de cada dia, soma as tuas possibilidades no bem, subtrai as próprias deficiências, multiplica os valores do próprio serviço e divide o amor para com todos, a fim de que os que te cercam aprendam com a vida o que convém realmente à própria segurança.

O problema da felicidade não está em sermos possuídos pelas posses humanas, quaisquer que elas sejam, mas em possuí-las, com prudência e serenidade, usando-as no bem para os semelhantes, que resultará sempre em nosso próprio benefício.

Alija o supérfluo de teu caminho e acomoda-te com o necessário à tua paz. Somente assim encontrarás em ti mesmo o espaço mental indispensável à comunhão clara e simples com o nosso Divino Mestre e Senhor. (Do livro Plantão da Paz, Cap. 12, psicografia de Francisco Cândido Xavier)

No bem de todos

“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes, porque ele disse: não te deixarei, nem te desampararei.” — PAULO (Hebreus, 13.5).

Encarna-se e reencarna-se o Espírito na Terra, a fim de aperfeiçoar-se no rumo das Estâncias Superiores do Universo.

Não te encarceres, assim, nos tormentos do supérfluo que a avareza retém, como sendo recurso indispensável à vida, na cegueira com que inventa fantasiosas necessidades.

O dono do pomar não comerá dos frutos senão a quota compatível com os recursos do estômago.

O atacadista de algodão vestirá uma camisa de cada vez.

Entretanto, o cultivador e o negociante serão abençoados nos Céus se libertam os valores que administram, em louvor do trabalho que dignifica, da educação que eleva, da beneficência que restaura ou da fraternidade que sublima.

Atendamos aos deveres que as circunstâncias nos atribuem, acalentando ideais de melhoria, mas aprendamos a contentar-nos com o que temos, sem ambicionar o que não possuímos, em matéria de aquisições passageiras, a fim de conquistarmos, sem atritos desnecessários, os talentos que nos faltam.

Ainda não se viu homem no mundo, cercado de tesouros infrutíferos, que se livrasse, tão-somente por isso, das leis que regem o sofrimento e a enfermidade, a velhice e a morte.

Respeitemos os princípios divinos do bem para todos.

Confiemos, trabalhando.

Caminhemos, servindo.

“Não te deixarei, nem te desampararei”— disse-nos o Senhor.

Sim, o Senhor jamais nos deixará, nem nos desamparará, mas, se não queremos experiências dolorosas, espera naturalmente que não nos releguemos à ilusão, nem lhe desprezemos a companhia. (Do livro Palavras de vida eterna, cap. 142, psicografia de Francisco Cândido Xavier)

Aos que quiserem aprofundar um pouco mais sobre esse assunto:

SOUZA, Juvanir Borges de. Tempo de transição. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 5 (Necessário e supérfluo), p. 50.

XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Por diversos Espíritos. 14. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 1 (Problemas do mundo - mensagem do Espírito Bezerra de Menezes), p. 15-16.

sábado, 18 de abril de 2009

SOBRE A CURA

A Cura , por MIRAMEZ


São várias as maneiras pelas quais se processa a cura dos enfermos. Nos casos operados por Jesus e os apóstolos, foram curas instantâneas, nas quais, como por encanto, as enfermidades desapareciam rapidamente. Para essa operação, é preciso grande saber espiritual, conhecer os fundamentos da vida do enfermo e, por vezes, modificar algo em sua mente, afim de que ele mude o modo de pensar e de agir. A enfermidade é a fermentação de muitas existências vividas desregradamente; é a resposta, a conseqüência. Por isso, a dor, em certas circunstancias, é a própria cura. Os duros padecimentos são indícios de elevação de alma, porque ela já começou a pagar os débitos passados, pelo guante da enfermidade.
O enfermo, ao ser curado, abre-se como a flor ligada ao caule e os seus centros de força ativam toda a sua sensibilidade, de maneira a facilitar a absorção dos fluidos doados pelo operador. Em muitos casos, Jesus já dizia “A tua fé te curou”. Isso porque determinados enfermos fazem o trabalho quase por si próprios. Assim a fé é de muita importância em toda a nossa vida .Quando existe fé, na cura a distancia, de cuja operação curativa o enfermo não participa, e por vezes, ignora por se encontrar inconsciente, o operador se desdobra, de modo impressionante em todas as direções do saber, para encontrar a equação desejada, ou seja, a cura. Examina pela clarividência, o tipo de doença, suas causas e busca no grande manancial divino elementos para substituir os que já estão cansados e gastos . Observa e ativa os pontos energéticos do corpo e da alma, faz transfusão imediata de força vital, serena a mente adoentada e acomoda nos seus mais sensíveis departamentos, idéias favoráveis à cura. Pensamentos positivos, alegria de viver e uma grande paz caem na sua consciência profunda. Aí o doente favorece o trabalho, como se fosse submeter-se a uma operação e como se relaxasse na mesa de cirurgia, pelas bênçãos da anestesia completa. Mas, tudo isso ocorre em minutos, dependendo da elevação do Espírito encarregado da cura e, em muitos casos, do tipo de enfermo. A variação é infinita. Entra em ação, como já falamos, a lei do carma.
Há forças desconhecidas que se interpõem às curas imediatas. Não é muito repetir que o Evangelho não pode deixar de nos acompanhar em todo esse trabalho. Ele é a força de Deus que faz a cura se eternizar, pois traduz os princípios das leis. Todos os desequilíbrios orgânicos e psíquicos são a não observância dos preceitos divinos. No entanto, ainda existem muitas coisas no campo da cura que os homens não estão preparados para conhecer. O tempo, na dinâmica do progresso, vai revelar essas coisas gradativamente, a todas as criaturas, na Terra e fora dela.
Existem muitos métodos de curar, desde a mastigação de ervas entre os índios às mais sofisticadas invenções no reino de Hipócrates, desde os xaropes de longa vida na área iniciática, à medicina homeopática, fundada por Samuel Hahnemann, nas concentradas gotas de energismo curativo, desde as benzeções dos camponeses com ramos específicos, à flora medicinal, desde as massagens dos antigos egípcios às famosas agulhadas orientais, desde os sopros dos Pais Iogues, aos passes nos templos espíritas. Enfim, há um sem número de modalidades de curas, por todos os ângulos que podemos imaginar E hoje, há muitas pessoas se curando pela alimentação; no entanto, todas as curas mencionadas e as de que não precisamos falar carecem da força do (nosso) pensamento, cuja energia é transmutada naquilo que dispusemos a transformar, pela luz do coração.
Pedimos licença a todos os curadores, encarnados ou desencarnados, para dizer que toda cura divina nasce da energia sublimada que vem de Deus, passando pelas mãos santas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como está comprovada, as mãos que tocam os enfermos de qualquer natureza e que curam instantaneamente, por trás delas estão as do Mestre dos mestres. Somente Ele sabe transformar a luz de Deus, para restabelecer a harmonia orgânica dos homens.

(*) Este material foi retirado do livro Francisco de Assis psicografado por João Nunes Maia e ditado pelo espírito Miramez, Editora Espírita Cristã Fonte Viva.