terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

SÉRIE CAMINHANDO...

Reforma Íntima


Grupo Espírita Seara do Mestre

A Doutrina Espírita esclarece a respeito da transformação moral que deve ser operada em nós mesmos. Somos todos iguais perante Deus, nosso Criador. Ele nos dá a oportunidade, através de inúmeras encarnações, de modificar o nosso interior, pois possuímos o gérmen divino que dormita em nossos corações.
É imprescindível uma mudança de dentro para fora, sendo necessário identificar todos os sentimentos negativos, como o orgulho, o egoísmo. Vigiar pensamentos, atos e atitudes. A reforma é lenta e gradativa e exige persistência. Através da leitura de bons livros, de palestras edificantes, do estudo que nos eleva espiritualmente, da busca do conhecimento e esclarecimento, vamos nos auto-conhecendo para proporcionar a colocação de valores positivos em nossas vidas.
Necessário se faz, ainda, julgarmos a nós próprios, ignorar os defeitos alheios, empregar o perdão, aniquilar com a maledicência, exercitar a caridade, anular as ofensas.
Nosso modelo e guia é Jesus, que há dois mil anos veio nos mostrar a melhor forma de caminhar até a perfeição, ensinando-nos a amar a Deus e aos nossos irmãos como a nós mesmos.
Muitas vezes, a dor nos bate à porta. Trata-se de uma alerta de que algo em nós não está de acordo com a Justiça Divina. São ocasiões que nos oportunizam melhorias mais intensas.
Também através da convivência com a nossa família e amigos observaremos a ocorrência de mudanças, num exercício diário de despertar virtudes e dominar más tendências.
Grande auxílio, nesse fim, nos proporciona a oração. Quando feita com fé e vibração, ela nos liga ao Pai Celeste e torna receptivos coração e mente às energias que fortalecem o espírito. Além disso, deixa-nos em sintonia com benfeitores espirituais que nos auxiliam na busca do bem viver, estimulando o amor, esse sublime sentimento que conduz à felicidade, à paz interior e à harmonia.
Neste mundo de provas e expiações, onde nos deparamos com inúmeras dificuldades e desentendimentos, sejamos tal qual uma pequena luz, a irradiar esperança, fé, otimismo, alegria. Aprendamos a valorizar as pequenas maravilhas que Deus nos oferece todos os dias, incondicionalmente...
E quem sabe, a partir de agora, cultivaremos melhor aqueles gestos tão simples, mas tão poderosos e importantes: as palavras de gentileza, a saudação jovial e vibrante, o aperto de mão firme e o abraço caloroso, o permanente sorriso no rosto, aberto e sincero...
Evitemos queixas e lamentações, respondendo sempre aos cumprimentos com um "Eu vou bem!". Pois, apesar de eventuais dificuldades, na qualidade de filhos de Deus, possuímos enorme força interior, capaz de vencer qualquer desafio. Dispomos de amparo e de infinitas bênçãos divinas, basta saber ver e direcionar a nossa vontade.
Ao acordar pela manhã, agradeçamos a oportunidade de recomeçar tudo outra vez, de corrigir, de acertar, de melhorar! Mentalizemos bons propósitos para o dia que inicia. E à noite, agradeçamos por tudo o que passou, bons ou difíceis momentos. É importante fazer uma avaliação diária de nossas atitudes. Assim, com o desejo sincero da reforma íntima, vamos trocando valores negativos por positivos.
Através de nossa conduta moral elevada, com nosso exemplo, influenciaremos os que estão a nossa volta, sendo instrumentos de Jesus a transmitir os seus ensinamentos, que são todos de amor.
A única maneira de nos unirmos a Deus é com a auto-reforma. Ele espera pacientemente cada um de nós, sem violentar nosso livre-arbítrio, para que atinjamos a perfeição, a felicidade absoluta, e nos unamos em uma grande e fraterna família universal.
Aproveitemos as oportunidades presentes para apressar nossa evolução, através de melhoria íntima. Nosso Pai sempre nos dá novas chances, mas nunca iguais a estas. Na encarnação atual essa pode ser a última oportunidade, e talvez amanhã não haja mais tempo. Portanto, não adiemos a felicidade para amanhã!

Boletim Informativo Seara - Ano II Nº 15 Fevereiro de 2000

sábado, 14 de fevereiro de 2009

SÉRIE DEPOIMENTO...

SAUDADE É O AMOR QUE FICA...

De um médico oncologista do Recife.

No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem com suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades. Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses.
Somos forçados a reconhecer nossos limites! Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim. Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. Meu anjo respondeu: - Tio, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida! Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei: - E o que a morte representa para você, minha querida? - Olha tio, quando agente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é? (Lembrei que minhas filhas, na época com 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.) - É isso mesmo, e então? - Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é? - É isso mesmo querida, você é muito esperta! - Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado". Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação. - E minha mãe vai ficar com muita saudade minha, emendou ela. Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: - E o que saudade significa para você, minha querida? - Não sabe não, tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica! Um anjo passou por mim... Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo "meu anjo, que brilha e resplandece no céu." Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudades!

O amor que ficou é eterno.

Rogério Brandão
Médico oncologista clinico
RC Recife - Boa Vista D4500
Cremepe 5758"

APOMETRIA É ESPIRITISMO?

ESCLARECIMENTOS À LUZ DOS ENSINAMENTOS KARDECIANOS
Vitor Ronaldo Costa


“Que faz a moderna ciência espírita? Reúne em corpo de doutrina o que estava esparso; explica, com os termos próprios, o que só era dito em linguagem alegórica; poda o que a superstição e a ignorância engendram, para só deixar o que é real e positivo. Esse o seu papel”. (1)

Certa feita, alguém nos interpelou: “— Apometria é Espiritismo?” E eu retruquei: “— Depende do ângulo pelo qual se analise o assunto. Em nosso modo de ver, a Apometria enquadra-se perfeitamente no elenco de atividades espíritas.” Semelhante resposta tem a sua razão de ser, e aqui nos propomos a dirimir qualquer controvérsia a respeito.
O Espiritismo, por definição, é uma doutrina abrangente e evolutiva; portanto, situação bem diversa das demais religiões, quase sempre eivadas de dogmas, práticas exteriores e obediência cega aos pontífices infalíveis.
O termo doutrina pode ser definido como o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, entre outros.
A seu turno a proposta kardeciana assevera: O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. (2)
Muito sabiamente ao conceituar o Espiritismo, Allan Kardec logo de início o rotulou de ciência de observação, qualificação que nos autoriza a lançar mãos de artifícios experimentais, mesmo que “sui generis”, com o objetivo de devassar a realidade espiritual que nos cerca e nos interpenetra. Essa é a razão pela qual o codificador nos alerta: A Ciência propriamente dita é, pois, como ciência, incompetente para se pronunciar na questão do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julgamento, favorável ou não, nenhum peso poderá ter. (3)
A ciência acadêmica tem por escopo a investigação dos fenômenos materiais, aqueles que se manifestam nos limites do nosso universo matemático. Todavia, a ciência espírita, ao se utilizar do instrumental mediúnico e das propriedades do magnetismo humano, revela-nos a realidade da dimensão extra-física e descortina, portanto, novos horizontes para a medicina integral. Por isso, admitimos que a explanação aqui feita se reveste de uma certa relevância, caso queiramos entender o significado de espiritismo-ciência, com vistas à inserção em seu contexto experimental do capítulo referente à Apometria.
Por sua vez, a Apometria nada mais é do que um conjunto de técnicas magnéticas aplicadas sobre o médium afeito às tarefas desobsessivas, com a finalidade de induzir o sonambulismo artificial, de tal modo, que ele possa interagir mais facilmente com os desencarnados, reconhecer os mentores, localizar os obsessores, vislumbrar as patologias complexas na própria tessitura perispirítica dos enfermos e identificar os pormenores das paisagens astrais.
Diríamos, então, que a Apometria, a exemplo da mediunidade, do passe magnético e de tantas outras expressões de reconhecida utilidade em nosso movimento, inclui-se no rol das atividades espíritas e dessa maneira deve ser reconhecida. Aliás, a bem da verdade, as inúmeras tarefas exercidas nas casas espíritas se multiplicam de acordo com os objetivos pretendidos pelas instituições, mas só devem merecer o título de atividade espírita se subordinadas aos critérios éticos que alicerçam a doutrina, inferência óbvia, impossível de ser refutada
Ora, ao elaborar a sua conceituação, Kardec não especifica o que deve ou não ser considerado Espiritismo, pois a complexidade científica da doutrina e a multiplicidade de tarefas enobrecidas agregadas ao seu contexto, de acordo com a Lei do Progresso, ampliam-se constantemente. Contudo, um pormenor permanece soberano: o aspecto ético das citadas atividades. O Espiritismo será aquilo que fizermos dele. E a sua excelência como doutrina libertadora dependerá única e exclusivamente do bom senso e da honestidade de propósitos de seus profitentes.
Desse modo, mais uma vez, gostaríamos de bem frisar as particularidades que se devem destacar no conceito kardeciano de Espiritismo. O primeiro deles envolve a prática experimental implícita na própria atividade mediúnica. Por se tratar de ciência de observação, o Espiritismo se vale de métodos e de técnicas experimentais próprias, que variam de acordo com as pretensões e objetivos a serem alcançados pelos pesquisadores. O segundo aspecto diz respeito ao componente filosófico-moral derivado dessas mesmas práticas, e, aí, incluem-se as soberanas diretrizes evangélicas.
Pois bem. O exercício disciplinado da mediunidade, a transmissão de bioenergia através das mãos, as preces e irradiações à distância, a água magnetizada e a aplicação das técnicas apométricas devem ser entendidos na conta de atividades espíritas, caso se efetivem em plena consonância com os postulados doutrinários: gratuidade, vontade de ajudar os semelhantes e interação afetiva com os bons Espíritos. Eis aí a chave da questão. Assim, admite-se que tais práticas, por si sós, não se caracterizam como espíritas, pois algumas são de uso corriqueiro em outras religiões, a exemplo do exercício mediúnico e da imposição das mãos. Contudo, se dispensadas evangelicamente em instituições espíritas, tornam-se consagradas e devidamente incluídas no rol das atividades espíritas. Por extensão de raciocínio, aceitamos a existência da música, do teatro, do cinema e da literatura espíritas, caso essas expressões culturais enalteçam os aspectos positivos da vida e contribuam para a elevação da dignidade humana. Isso, para que se tenha uma idéia de quantas atividades podem ser exercitadas em nosso âmbito doutrinário, com o objetivo de levar o estímulo renovador e o conhecimento maior às criaturas abatidas que nos batem as portas.
Cremos que, agora, após essas breves digressões, nos sintamos aptos a responder na íntegra a pergunta inicialmente formulada. Apometria é Espiritismo? “A nossa experiência no assunto aliada aos ideais de fidelidade à causa nos mostram tratar-se de excelente atividade espírita, desde que praticada por dirigentes capacitados, médiuns devidamente esclarecidos e dispensada gratuitamente em ambiente espírita, em prol dos sofredores de ambos os lados da vida.” Concluindo diríamos: Atividades Espíritas são todas aquelas que envolvem o espírito com o amor fraterno e Universal para a transformação do homem e da humanidade.

Dr. Vitor Ronaldo é autor de “Desobsessão e Apometria – Análise à Luz da Ciência Espírita”, recentemente lançada pela Editora O Clarim. Trata-se de uma proposta com enfoque absolutamente doutrinário, destinada aos espíritas estudiosos, especialmente, aqueles que se dedicam às lides desobsessivas. O assunto é tratado de uma forma simples, objetiva, sem misticismos, crendices nem fantasias inaceitáveis.

Bibliografia:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Conclusão, item VI. 13ª ed. de bolso. Brasília-DF, FEB, 2007. pág. 518
(2) ___________. O que é o Espiritismo. Preâmbulo. 15ª ed. , Rio, FEB, 1973.
(3) ___________. O Livro dos Espíritos. Introdução, item VII. 13ª ed. de bolso. Brasília-DF, FEB, 2007. pág. 35
Postado por Sérgio Vencio às Quinta-feira, Fevereiro 12, 2009 0 comentários

SÉRIE PARA ESTUDO...

JESUS E OS FLUIDOS- por Jacob Melo

“A qualidade desses fluidos lhe conferia (a Jesus) imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem.” – Allan Kardec, in.: A Gênese, Cap. XV, item 2 – Superioridade da natureza de Jesus.


Embora com destaque especial no Ocidente, também é conhecido e respeitado no Oriente. Sendo, a nosso ver, o maior e mais evoluído Espírito que já passou pela Terra, Jesus possuía a superlatividade em praticamente todos seus sentidos e percepções. Daí, d’Ele os melhores exemplos de amor e humildade, de perseverança e renúncia, de sabedoria e ação, de cura de corpos e de almas. Seu nome traz impregnada a força de sua vida — curta em extensão, incomensurável em profundidade. O registro de sua passagem pela Terra, ainda que mesclado de interesses os mais diversos e tendo sofrido as mutações e adaptações patrocinadas pelos mais variados narradores, tradutores e historiadores, continua preservando toda a pujança de uma doutrina de exemplo e ação, amor e coragem.

Tamanho o brilho de Jesus que muitas religiões o igualam a Deus. Decorre tal fato, assim percebo, tanto do reconhecimento de sua inigualável força moral quanto por seus feitos ainda incomparáveis — popularmente tidos por milagres.

É exatamente nesses "milagres" que vamos encontrar um Jesus profundo conhecedor das leis Naturais. Não apenas daquelas leis que estão limitadas ao saber da época ou mesmo de hoje, porém da intimidade, extensão e sutileza de tudo e todos fenômenos fluídicos (por “fluídicos” queremos nos referir aos reflexos e às influências do psiquismo humano e do mundo espiritual sobre o mundo dos fluidos). Evidências disso não faltam...

Quando Ele falava que a fé definiria a cura de determinada enfermidade (Mc 10, 46-52), induzia o paciente à mobilização de todo potencial fluídico (anímico) próprio em seu próprio benefício. — Com certeza, nessas ocasiões Ele coadjuvava no processo através da emissão de sutilíssimos e penetrantes fluidos, posto que oriundos de um Ser Harmônico.

Ordenando que ficassem curados (Mc 1, 40-42), os enfermos de toda espécie recebiam vigorosos potenciais fluídicos de reparação, vindo seus organismos a participarem de monumentais transformações, tamanha a profundidade e o alcance daqueles fluidos. — Sem dúvida, esses fluidos eram orientados por uma vontade que sabia, por uma determinação que “queria”, de fato, fazer... e que fazia.

O poder de ação magnética de Jesus se patenteava máxime em vitalidade quando determinava que aquele que parecia morto retornasse à vida (Lc 8,49-56). — Na momentânea ou aparente quebra do circuito vital, onde os princípios vitais demoravam-se na execução ou registravam dificuldade em fazer seus papéis de conectores entre os reinos do Espírito com o da Matéria, o fluxo magnético do Mestre ampliava os campos magnéticos e seus potenciais de atração do paciente, favorecendo, quase que instantaneamente, ao pronto restabelecimento do circuito chamado vida.

Sob seu comando, Espíritos em situações infelizes, Espíritos obsessores em violentos processos de vingança e ódio (Mt 8, 28-34), simplesmente se acalmavam, retirando-se da zona de percepção de suas vítimas. — É quando fica mais evidente que à força fluídica Ele impunha sua irresistível força moral, a qual potencializava a primeira.

Situação excepcional foi registrada quando a mulher hemorroíssa (Mt 9, 20-22), vencendo a multidão que o cercava e, mesmo estando, acreditamos, extremamente debilitada, já que perdia sangue há mais de 12 anos, conseguiu tocar-lhe as vestes; na ocasião, não apenas aquela criatura obteve a cura imediata e definitiva quanto Jesus, mesmo cercado, tocado e apalpado por inúmeros que o rodeavam, registrou que d’Ele saíra “uma virtude”, vindo a perguntar: “Quem me tocou?”. — Só grandes doadores fluídicos têm condições de doação expontânea, com efeitos tão positivos, quando uma “fonte” carente dele se acerca de maneira “atrativa, assimilativa” (atração magnética por assimilação, onde, no dizer de Kardec, as moléculas mal-sãs são substituídas pelas sãs). E, mais que isso, só detentores da prática e do conhecimento dos campos fluídicos, tanto em suas feições de exteriorização quanto de usinagem (produção fluídica), conseguem detectar, mormente em situações complexas quanto a ocorrida com a hemorroíssa, o circuito usinagem-doação fluídica, ali representado pela “extração de uma virtude”.

Mas, ao contrário do que quase sempre lembramos, nem só de “resultados positivos” foi registrada a ação fluídica de Jesus em nosso meio. (Colocamos entre aspas o termo “resultados positivos” porque pretendemos destacar a relatividade da expressão, já que nem sempre o que achamos seja o melhor e o mais correto realmente o é e vice versa; até porque o efeito a curto prazo nem sempre coincide ou corrobora com suas conseqüências no longo prazo).

Nesse enfoque, analisemos apenas duas dessas situações que muito têm intrigado alguns.

Quando Jesus curou o cego de Betsaida (Marcos, 8, 22-26), notamos que não houve, ao contrário de outras vezes, uma instantaneidade na ação fluídica, pelo menos no nível do que a maioria esperava. Embora pretendendo deixar reflexões para muitos outros campos, a Jesus foi levado um cego (o que sugere que o cego não queria ver) para ser “tocado”. Depois, passou argila (arreia da rua) com saliva (do próprio Jesus) sobre os olhos do deficiente que, abrindo-os, ainda via “vultos humanos como se árvores fossem”, ao que foi preciso o Senhor acrescentar “nova imposição das mãos”. Ficam as perguntas: Teria o fluido de Jesus fraquejado na ocasião? Não seria uma demonstração da necessidade da fé como um dos importantes móveis do sucesso das curas? Não estaria Jesus testando a confiança dos assistentes? Ou não quereria Ele apenas deixar claro que muitas outras formas e técnicas de cura existem? Dentre tantas indagações, ressalta que o Carpinteiro de Nazaré tinha total domínio da ação fluídica de que era detentor. Evidencia-se tal conclusão quando, ao final da operação, percebe-se que, mesmo a contragosto, o cego voltou a ver. Como Jesus nunca desprezava uma oportunidade de registrar mais e novos ensinamentos à humanidade, com certeza aproveitou-se do estado de refratareidade do cego para demonstrar que, mesmo a contragosto do paciente, a força fluídica, quando bem direcionada, supera qualquer barreira ou obstáculo.

Quando Jesus ressuscitou mortos, conforme falamos acima, deixou patente a dimensão de seu domínio sobre o mundo fluídico, mas é no exemplo da figueira ressequida (Mt 21, 18-22) que o Maior Nazareno se supera (força de expressão apenas), até porque é neste exemplo que Ele mais foge dos padrões daquilo que chamamos de “resultado positivo”. O que os tradutores vulgarmente chamam de “maldição da figueira improdutiva” demonstra o quanto Ele sabia manipular os fluidos, qualquer que fosse o sentido. Sabendo que, por magneticamente incompatíveis, haveria instabilidade magnética entre os fluidos d’Ele emanados e objetivamente direcionados e o circuito vital da planta posteriormente ressequida, deixou notável demonstração da lei dos fluidos, os quais sofrem interferência de ordem moral, mas que, nem por isso, deixam de ser físicos, são anímicos mesmo. Significa dizer que, num exemplo de convite ao homem à perseverança e à frutificação positiva perene e não apenas sazonadamente, sempre restam observações valiosas para estudos noutros terrenos, como o fluídico. — Ressalte-se ainda que Ele, no caso, demonstrava pretender ressaltar a extensão de sua força fluídica pois, numa outra passagem (Lc 13, 6-9), O reencontramos fazendo uma parábola sobre uma figueira estéril, à qual Ele recomenda se espere mais um ano, mesmo já fazendo três que ela não produzia frutos e, caso no período não venha a dar figos, só então seja cortada (e não amaldiçoada).

Vemos muitas pessoas condenando outras com a pecha de “mau-olhado”, a elas atribuindo personificações inferiores. Na verdade, os portadores desse “poder” magnético, que fazem murchar plantas, aniquilar animais e adoecer crianças, nada mais são que pessoas dotadas de potenciais fluídico-magnéticos de grave incompatibilidade com reinos inferiores ou mais sensíveis. São criaturas que, reconhecidamente, têm o poder de exteriorização de consistentes campos fluídicos. O mal está no não direcionamento a algo positivo, no não condicionamento de uma vontade firme, na falta de uma estrutura de moral nobre e de uma vivência da auto-doação e da ajuda desinteresseira.

Da mesma maneira que Jesus, fonte do amor entre os seres, pôde, com seus fluidos, atuar numa planta de maneira desintegrante, os que possuem mau-olhado ou campos fluídicos muito densos e/ou incompatíveis a ponto de interferirem negativamente junto a outrem, também podem redirecionar seus potenciais, suas usinas fluídicas e seus campos vitais para o sentido do bem comum, da ajuda ao próximo.

Observações no dia-a-dia demonstram que pessoas portadoras de tais características magnéticas, quando se propõem a ajudar através da transmissão do passe ou da doação fluídica consciente e responsável, respaldada na reforma moral e no desejo sincero de fazer o bem, conseguem obrar verdadeiros milagres, para os outros e, por conseqüência, para si mesmas.

A questão, pois, como tão bem aprendemos e apreendemos com Jesus, é de controle, educação e direcionamento. Para tanto, necessário estudar, fundamental praticar, indispensável amar.

Parafraseando o que disseram os Espíritos da Codificação, também nestes casos, “Jesus é o nosso modelo e guia”.

Nota: De cada caso, apenas registrei uma das citações de O Novo Testamento a fim de não tornar maçante a leitura.

Jacob Melo é autor dos livros "A cura da depressão pelo magnetismo", "Manual do passista", "Há coisas boas por todos os lados"entre outros.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ética , Estética e Comportamento : Uma contribuição para a Construção do Pensamento e da Ação no interior do Movimento Espírita .

Atitude Doutrinária, Hierarquia (In)Formal e Postura (Des)Comprometida




É muito comum de se observar narrativas efetuadas no interior dos grupos espíritas que ainda evidenciam um forte componente hierárquico no discurso de alguns de seus membros, sutilmente fundado na implícita supremacia que, no entendimento destes, o Espiritismo exerce sobre as demais Religiões e, por conseqüência, dos espíritas sobre as demais pessoas. Isso sempre é um tema polêmico nos grupos. No entanto, alguns sustentam que a simples autodenominação de uma condição espírita ou o conhecimento de todos os preceitos evangélicos, se estes não forem aplicados diariamente de nada adianta . Assim, a superioridade dada pelo suposto esclarecimento doutrinário, de nada vale, na visão de alguns membros, se não estiver associada a uma responsabilização moral maior, como a exigência de um programa de reforma íntima.
Ainda que a referência central da nossa exposição seja a Doutrina Espírita e os seus adeptos e os argumentos invocados devam gravitar à volta desse referencial, os enunciados e as argumentações colocados aqui como válidos oferecem simplesmente um ponto de vista pessoal à discussão. Nesse caso, pensamos e trazemos a nossa contribuição, que está construída e carregada da nossa vivencia e de alguma experiência frente às questões que se apresentam ao nosso olhar. Em outras palavras, não temos nenhuma pretensão ou autoridade de apresentar ou esgotar assunto de tamanha relevância no interior do nosso Movimento. Acreditamos meramente que podemos contribuir com essa reflexão com alguns argumentos que estão fundados na nossa prática como médium e trabalhador no Movimento Espírita.
Primeiramente, acreditamos que na Prática Espírita, as relações estão fortemente sustentadas por um sistema de organização formal aparentemente igualitário, onde a sua estruturação hierárquica é implícita. No meu modo de ver, isso quer dizer que o uso e o modo de expressão verbal – a fala e a palavra, por exemplo, são frutos de uma cooptação individual praticada no interior dos pequenos grupos. É interessante perceber que essa ação, na maior parte das vezes privilegia aspectos pouco claros de ponderação, ficando simplesmente entre a simpatia ou o favorecimento pessoal cabendo aos outros participantes ter o entendimento do seu lugar nos grupos de que participam. Nestas oportunidades, pouco conta a trajetória no Espiritismo, as referências morais de cada um, e em muitos casos valem mais alguns interesses particulares em detrimento de eventuais avanços coletivos, que em algumas oportunidades deixam de ser alcançados muito em nome de uma disfarçada disciplina que acaba por controlar moralmente (?) os eventuais destaques não-autorizados dentro do grupo.
São posturas que acabam por desconsiderar em muitas ocasiões a fala e a ação de muitos companheiros que não receberam o aval e o consentimento para se expressarem em nome do grupo. Para reforçar essas atitudes, também é muito comum encontrarmos no meio um argumento bastante forte no que diz respeito à conduta, a postura e a atitude que não podem ser questionadas. É o que chamamos tempo de serviço ou de freqüência, geralmente ininterruptos . Freqüentemente, os irmãos que se utilizam desta postura colocam-se como detentores de uma grande vivencia – e em algumas vezes o são, conhecedores de toda a Doutrina e na maior parte das vezes não se sentem mais estimulados a troca, a crítica e ao estudo tão necessários a transformação de sua conduta diária, por se acharem acima da discussão e da reflexão necessárias ao dia-a-dia do Movimento. Essas são , sem dúvida , atitudes que reforçam o autoritarismo ao invés da autoridade e em muitas vezes enfraquecem a construção de um senso critico revelador com vistas ao favorecimento de atitudes verdadeiramente comprometidas com o Evangelho no seu aspecto mais renovador.
Longe de questionarmos simplesmente essas atitudes , pensamos que é de fundamental importância que reflitamos sobre elas em qualquer espaço de relação . Acreditamos mesmo , que antes de tudo estas posturas devam ser vistas com respeito e bom senso e sobretudo tratadas com ordem e tolerância. Confiamos que , mais ainda no Centro Espírita , devemos nos empenhar para compreender que todos os esforços devem ser colocados e toda contribuição neste sentido deva ser fortemente valorizada para o alcance de um natural estado de disciplina. Ainda mais porque cremos que a necessária disciplina no interior dos grupos espíritas é principalmente de ordem moral e espiritual, em todos os seus aspectos e da grande pureza de propósitos dos seus membros. Podemos então pensar nas nossas atitudes , refletindo sobre a natureza de cada uma delas , especialmente as que praticamos no interior dos espaços espíritas – sem perdermos de vista as relações do nosso dia-a-dia , já que estamos nos avaliando do ponto de vista do interior do Movimento .
Precisamos verificar se as nossas ações e atitudes estão verdadeiramente voltadas para o serviço e a oração . Apesar de não precisar de maiores esclarecimentos, é importante demarcar que não estamos fazendo nenhuma apologia à contemplação desmedida , mesmo porque não acreditamos nesta postura para o espírita comprometido . Estamos falando do compromisso com a Causa e com a Casa que abraçamos e trazemos a alegoria da oração como sinal de comunhão que defendemos entre iguais com o Divino. Sem dúvida, devemos aprofundar verdadeiramente as nossas atitudes nesta direção e para tal, precisamos nos valer dos exemplos e dos ensinamentos dos que nos antecederam na gênese e na constituição da nossa Doutrina e principalmente no reconhecimento do esforço desprendido pelos fundadores da nossa história e da nossa origem . Esta valorização é , sem dúvida de importância vital para o nosso fortalecimento pessoal e coletivo e nos levará naturalmente a um aprofundamento do entendimento da nossa real condição no grupo que pertencemos . Assim , reconheceremos de fato a nossa identidade e falaremos sobre uma realidade que nos pertence e nos liga verdadeiramente a um ideal comum . Ao agirmos assim, deixaremos de lado a postura acomodada e pouco crítica, porque a nossa expressão estará carregada do nosso compromisso.Ao optarmos por esse caminho, precisaremos estar prontamente alimentados pelo estudo e pelo discernimento que as nossas atitudes com o esclarecimento preciso puder nos oferecer. Acreditamos que só desta forma a nossa postura e o nosso compromisso estarão verdadeiramente a serviço do trabalho que nos aguarda.
Em outras palavras, só a confiança verdadeira nos princípios que sustentam a nossa Doutrina é que nos trará o entusiasmo necessário para o trabalho com equilíbrio . É assim que deixaremos de lado e até abandonaremos as “misturas”, os conceitos “místicos” e “estranhos” que estão levando o Espiritismo a se distanciar casa vez mais de sua essência. É com esse foco que deveremos sustentar o trabalho a ser encarado. Nesta oportunidade, deveremos analisar com muito respeito e consideração todas essas idéias novas, separando o que pode ser verdadeiramente considerado para a Doutrina Espírita. Longe de nos mantermos afastados do progresso e do avanço da Ciência, devemos ter muita deferência com o esforço empreendido por Kardec e pelos Espíritos da Codificação, lembrando do grande trabalho executado na construção de toda a base espírita. Lembremos que o próprio Kardec, orientado pelos Espíritos Superiores, colocou-nos que a Doutrina ainda não estava fechada e pronta, que nós poderíamos aceitar novas contribuições, principalmente as que fossem trazidas pela Ciência e pela própria Espiritualidade, desde que utilizássemos o mesmo tratamento e o mesmo rigor empregado na época da Codificação. Então, só precisamos analisar todas as contribuições que nos chegam à luz das bases da Doutrina - essa é a chave, para verificarmos a sua utilidade e inclusão nas bases da Codificação. Mas é preciso muito cuidado, rigor e seriedade nessa empreitada. É necessário extrema compreensão, esclarecimento e, sobretudo muito coragem, já que em todas as ocasiões , para garantir a seriedade e o discernimento do nosso trabalho e conseqüentemente da Doutrina , precisaremos seguir rigorosamente as orientações dos Espíritos Codificadores que nos alertam que é melhor rejeitarmos dez verdades que assumirmos uma mentira .
Uma outra questão que também precisa ser considerada por nós diz respeito a grande importância que ainda continua sendo dada ao fenômeno espírita no interior do Movimento. Devemos nos lembrar que a Doutrina está alicerçada no tripé Filosofia-Ciência-Religião e que a Mediunidade é instrumento e oportunidade para resgate e superação de provas . Sabemos também que a intercomunicação entre espíritos de diferentes planos e elevações é fato já há bastante tempo naturalmente comprovado e muito mais comum do que a nossa condição pode perceber e alcançar . Mais ainda , já deveríamos estar compreendendo e aceitando mais serenamente esses episódios que são em essência , exemplos da grande misericórdia do Alto . Precisamos efetivamente avançar da condição do encantamento que o fenômeno pode nos trazer para passarmos a experimentar as conseqüências efetivas destes no nosso processo de renovação espiritual . É o próprio Evangelho que nos alerta para a nossa condição espírita , fazendo alusão com a parábola do semeador que nos mostra as diferentes maneiras de nos valermos dos ensinamentos trazidos pelo Mestre Jesus para a nossa vida. Sem dúvida , devemos empreender em nós todo esforço para nos colocarmos fora do grupo dos que , como a semente que caiu sobre os pedregulhos e não germinou , escutam , mas ainda consideram a palavra do Cristo , letra morta. O nosso empenho deve ser então o de , longe de desqualificar os fenômenos e as comunicações , tirar deles a condição de fato curioso , de episódio brilhante e espetacular , para colocá-los como verdadeiras oportunidades de renovação da fé e do verdadeiro trabalho de união que pode resultar de um esforço compartilhado por muitos.
Por último , mas sem a ambição de esgotar essas reflexões, devemos alimentar em nós uma postura de paz. A partir de sempre e em todas as oportunidades - e a Casa Espírita é mais uma dessas oportunidades , precisamos criar , manter e sustentar em torno de nós um permanente estado de bem-estar . É nosso compromisso desenvolvermos em nós e compartilharmos com todos que se aproximam de nós as nossas melhores virtudes . Nesta linha de raciocínio , podemos citar Leonardo Boff em uma de suas proposições , quando nos aponta os caminhos que podem nos levar ao desenvolvimento de uma atitude e de um comportamento baseado na hospitalidade para com todos com os quais cruzarmos e não apenas com os que nos cercam. Precisamos demonstrar uma boa vontade incondicional com todos e com tudo . Devemos afastar a malicia e a suspeita e trabalhar com boa vontade para assim , colaborarmos na construção de algo bom para todos. É a boa vontade que nos levará a cooperação e nos colocará na condição de iguais. Neste caminho , aprenderemos a acolher generosamente , sem preconceitos , deixando de lado eventuais diferenças que possam nos afastar .Assim,naturalmente veremos no outro , um companheiro, um irmão ,uma irmã ,componentes da mesma família – a nossa grande e verdadeira família e reunidos na mesma Casa - o nosso Planeta Terra. Como conseqüência , (re) aprenderemos a ver e escutar mais atentamente , porque o faremos mais com o coração e com o sentimento e em muitas vezes o outro não precisará usar palavra alguma , porque se expressará também com o coração .E é dessa forma de escutar que poderemos apreender, incorporar, completar e enriquecer mais naturalmente em nossa identidade a renovação e o crescimento tão necessário em nós .Somente a partir desse diálogo, abriremos os caminhos para a construção de novas experiências baseadas na vivencia de todos nós. E dessas novas experiências poderão surgir novas maneiras de fazer e aparecer , de reconstruir e trocar novos valores que estarão sustentando em nós a passagem para o Divino e o Sagrado.
Para tal,no nosso dia-a-dia , precisamos resgatar naturalmente a dignidade , o respeito, a solidariedade , o cuidado , a participação, a transparência e a não-violência nas nossas relações cotidianas , deixando de lado os nossos interesses particulares e priorizando o que for importante para todos .Dessa maneira , compreenderemos que essas nossas atitudes não nos trarão perdas , mas sim uma responsabilidade consciente , fruto de uma nova relação e de um projeto coletivo de vida. Esse é sem dúvida o grande salto que precisamos dar para incorporar verdadeiramente a nossa condição espírita cristã ao nosso projeto coletivo de vida . Lembremo-nos que a nossa evolução enquanto indivíduos está diretamente ligada a nossa evolução espiritual e essa à evolução planetária . E é só assim que estaremos efetivamente , pela nossa condição e responsabilidade , dando a nossa parcela de esforço para a evolução planetária . Afinal , como nos ensinam os nossos Amigos Superiores , precisamos verdadeiramente agir como espíritos imortais , mas precisamos sobretudo transformar essa convicção em ação , coerência e propósito.

Marco Aurélio Faria Rezende/mafr...