domingo, 23 de março de 2008

“NÃO BASTA QUE EU SEJA ESPÍRITA..."

“Não basta que eu seja espírita .Tenho que parecer espírita”


Marco Aurélio Faria Rezende


"Bem-aventurados os que choram,pois que serão
consolados.Bem-aventurados os famintos
e os sequiosos de justiça ,pois
que serão saciados . Bem-aventurados os
que sofrem perseguição pela justiça , pois que é
deles o reino dos céus.”
(Mateus ,cap. V , vv.5,6 e 10)



Uma das práticas mais sadias que adquiri desde que venho me assumindo espírita cristão é a do estudo do Evangelho em casa com os meus familiares. Primeiramente , quero registrar que não vem sendo muito fácil reunir todas as pessoas da casa – alguns não participam por opção,outros já participaram , estando agora fora e atualmente compomos o nosso pequeno grupo de três encarnados , o que convenhamos , no nosso caso é muita gente , pois houve ocasião em que me reunia apenas com as minhas cadelinhas. Mas não é sobre a disposição dos meus familiares que quero refletir e sim do que estamos estudando nos últimos encontros . Ao invés de abrir ao acaso , preferimos estudar o Evangelho de forma seqüencial e , já há algumas semanas estamos estudando os capítulos que falam das bem-aventuranças . Muito já se falou e escreveu sobre o Sermão do Cristo e portanto não tenho nenhuma pretensão de deitar falação sobre qualquer das partes dessa maravilhosa herança que recebemos . Mas , quero dividir com os meus companheiros esse aspecto bem peculiar do Sermão do Nosso Mestre. Se concordamos que somos herdeiros desse legado divino , somos também responsáveis em trazê-lo para o nosso dia-a-dia , em cada oportunidade que tivermos para praticá-lo. Mais ainda , se estamos tendo essa oportunidade ao longo das muitas encarnações que tivemos , precisamos parar para pensar exatamente sobre esse aspecto. Ou será que achamos que poderemos continuar a (re) encarnar eternamente sem nenhuma necessidade de refletir sobre a questão? Afinal , se já compreendemos que o céu colocado no Sermão é alegórico , se cremos verdadeiramente que a conquista das bem-aventuranças tem exclusivamente a ver com a nossa disposição para alcançá-las ,podemos concluir que é a nossa transformação que nos levará a esse caminho .
Assim , é exatamente por isso que venho acreditando cada vez mais no Sermão do Cristo como o Caminho das Pedras para a nossa tão falada reforma moral. Falamos muito e trabalhamos tão pouco para alcançá-la. Estou falando verdadeiramente . Não vale pensar só no trabalho que realizamos na Casa Espírita . Devemos lembrar que estamos ali pela misericórdia do Nosso Pai e somos os maiores beneficiários dessa nossa ação. Acredito verdadeiramente que é a nossa atitude que nos faz sujeitos da nossa intenção .Por isso vamos falar nas nossas atitudes. Vamos,por exemplo, pensar nos motivos das nossas aflições . Mas , pensemos nas nossas , como as de todos e não somente nas nossas como a minha ou a sua. Será que ainda olhamos com um olhar diferenciado para os nossos irmãos – familiares , amigos , vizinhos e inimigos ? Se ainda não é assim , vejamos. O nosso cuidado e a nossa atenção já são verdadeiramente (?) espíritas quando nos deparamos com as aflições alheias e fazemos clara e calmamente uma imediata correlação com possíveis faltas ou falhas pretéritas ou atuais , mas quando precisamos exercitar em nós a aceitação e a resignação , achamos que não merecemos esse rigor da parte de Nosso Pai . Compreendemos bem, que os nossos irmãos são os únicos responsáveis pelos seus infortúnios , pelas suas desgraças , pelos excessos , pelas vaidades , pela infelicidade familiar , por fraquezas , pelo egoísmo , etc e até por doenças graves . Mas será que são só eles? Será que já praticamos esse entendimento em nós? Ou será que já estamos nos percebendo como seres angélicos? Falamos com tanta clareza e a toda hora que vivemos num mundo de prova e expiação e , no entanto , já somos pretensiosos em nos achar os primeiros escolhidos da Criação Divina para a próxima era planetária. É , somos e nos achamos os máximos .Todos nós. Mas , no entanto esquecemos que a expiação que ainda é comum a todos nós , serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação . Está no Evangelho . E , no nosso caso serve para nos esclarecer que todos nós estamos na mesma condição evolutiva. Nenhum de nós está em posição de destaque .Muitos de nós , que nos julgamos o máximo , estamos em oportunidade compulsória .
A Bondade Divina está a todo o momento nos orientando para o caminho de volta que empreendemos para a nossa verdadeira casa – a Casa do Pai e tem nos favorecido com o livre-arbítrio , o esquecimento de faltas e dívidas e o consolo das nossas dores. E nós, do alto (?) da nossa condição evolutiva já fazemos assim também com todos os nossos irmãos? Se recebemos de Nosso Pai , a força para a nossa própria melhora ,para o alcance do nosso resgate , porque não podemos fazer também dessa forma com os nossos desafetos?Afinal , se já começamos a nossa transformação , e recebemos todo o estímulo mesmo quando ainda erramos , porque não podemos começar a pensar em fazer o mesmo no nosso dia-a-dia? Afinal , se somos firmes e perseveramos , se alimentamos verdadeiramente a nossa crença e a nossa fé no Nosso Pai , porque não acreditamos também no nosso irmão , independente da sua condição ou vínculo junto a nós?Se nós , quando rogamos pela Providencia Divina , justificamos as nossas falhas e erros pela nossa condição de eternos endividados , porque não consideramos essa mesma condição dos nossos irmãos quando o julgamos e criticamos?Será que estamos exercitando a nossa tolerância? Na verdade , a nossa condição ainda nos impede de ver o outro com o olhar que pedimos ao Nosso Pai que nos ampare. Ainda falta muito, mas temos clareza que precisamos verdadeiramente recomeçar a nossa caminhada.
Para isso , é imperioso que testemos a nossa humildade e o nosso orgulho .Em muitas ocasiões , durante o convívio necessário a nós,somos colocados em prova nessas virtudes. Nesta hora , podemos lembrar , muito a contragosto , das inúmeras situações em que já nos colocamos em posição e condição superior a muito(s) de nosso(s) irmão(s). E mais , em muitas dessas situações acabamos por justificar , quase que naturalmente essa nossa postura tomando por base a nossa vantagem em um ou mais atributos que temos em relação ao(s) outro(s) . Nos dias de hoje , penso eu , se ainda temos essa atitude , rapidamente repensamos a nossa postura porque já começamos a compreender que não temos nem possuímos nenhuma vantagem com relação ao(s) nosso(s) irmão(s) e que a verdadeira riqueza - a que podemos entesourar e que não se perde nunca , cabe no nosso coração. Mas é sempre bom lembrar que já fomos duros e brutos , que a nossa preocupação guardava uma direta relação com a nossa incapacidade de perceber o(s) outros(s) como iguais. Já valorizamos muito a riqueza material , já sentimos muita alegria e orgulho da nossa capacidade de ter em detrimento da nossa possibilidade de ser . Hoje , já começamos a despertar e entendemos que a outra possibilidade - a da generosidade , é mais prazerosa e nos sustentará na caminhada da volta.
É certo que já constatamos que precisamos ultrapassar da condição de espíritas em uma casa espírita para sermos espíritas atuantes . Precisamos parecer espíritas . Precisamos ter atitude espírita. Precisamos utilizar essa nossa condição para o nosso bem e para o bem de todos que nos cercam e que se aproximam de nós. Penso , sem nenhuma atitude piegas , que esse é o nosso verdadeiro propósito daqui para frente . Ou seja , compreendo que ainda precisamos melhorar muito , mas vejo que será assim , nesse exercício de muitos acertos e erros que estaremos colocando a nossa capacidade de cair , mais que levantar ,de perdoar mais que ser perdoado , de ajudar mais que ser ajudado e de fazer mais que cobrar , a serviço da nossa redenção. Acredito também que temos em nós, guardado no fundo as nossas melhores possibilidades. O Evangelho do Cristo nos instrui muito claramente acerca delas : temos que ser puros e simples de coração. E nos alerta da nossa condição de crianças espirituais .É dessa forma que começaremos a resgatar o nosso melhor para assim dividi-lo com o(s) nosso(s) irmão(s) . É assim que deixaremos a nossa condição de transgressores por pensamentos , palavras e atos para experimentarmos a pureza e a simplicidade nas nossas atitudes e no nosso coração. Aprenderemos e valorizaremos muito mais a possibilidade de encontrar em nós mesmos a resposta para as nossas angústias e apreensões e deixaremos de lado a busca externa que fazemos ao Nosso Pai porque o encontraremos dentro de nós .Por enquanto , ainda sentimos essa possibilidade muito distante de nós, mas já identificamos a imperiosa obrigação de nos prepararmos para ir ao seu encontro . Já deixamos muito tempo de lado . Precisaremos fazer mais uso de novas virtudes . Teremos a brandura , a moderação , a afabilidade e a paciência para balizarmos as nossas relações. O nosso ouvir vai estar carregado de comoção . O nosso olhar vai estar impregnado de doçura. As nossas atitudes não terão mais nenhuma violência e não sentiremos nenhuma vontade de explorar o nosso irmão, nem sofreremos por nenhuma injustiça . Aprenderemos a viver no Bem, porque já estaremos cultivando o Bem há muito tempo entre nós . Para tal , precisamos começar agora , já , a responder sempre com o Bem e a desejar sempre o Bem a todo(s) o(s) nosso(s) irmão(s).
Por isso , precisamos começar a praticar mais e melhor atitudes mais positivas . Precisamos (re) aprender a exercitar o perdão e a ter grandeza em nossas ações . Avançaremos no nosso propósito na medida em que começarmos a deixar de lado atitudes mesquinhas carregadas de ego , vaidade e orgulho ferido e trabalharemos em nós a única forma de perdoar – a incondicional. Seremos grandes , nobres e generosos porque seremos humildes . É necessário que (re) iniciemos o nosso caminho sendo mais indulgentes com o(s) nosso(s) irmão(s) , olhando-o(s) mais fraternalmente, deixando que a compaixão e a beneficência inspirem os nossos pensamentos e o nosso coração . Assim , estaremos verdadeiramente sendo mais caridosos com os que nos cercam e procuram e estabeleceremos uma ligação mais profunda com cada um baseada no verdadeiro amor que respeita , cuida , ampara e não cobra. Aprenderemos que quanto mais pensarmos e agirmos assim , mais estaremos atraindo para nós boas vibrações e elevaremos cada vez mais a nossa sintonia.
O Evangelho nos aponta que precisaremos praticar a caridade , tê-la no coração e reparti-la com o próximo , como a fazemos conosco para então podermos dizer que amamos a Deus , o Nosso Pai . Acreditaremos que isso é verdadeiramente possível porque estaremos verdadeiramente comprometidos com essa tarefa – a do nosso progresso ,do progresso do(s) nosso(s) irmão(s) e de todo o planeta . Nós , se pensarmos e agirmos como verdadeiros espíritas , passaremos a incorporar naturalmente no nosso dia-a-dia esses ideais de justiça e renovação ,porque acreditaremos que os mesmos guardam a natureza divina adormecida em nós. Então , passaremos ao entendimento universal ,destruindo as últimas sementes de injustiça , discórdia e desunião . Construiremos , a partir daí uma nova ordem social que estará alicerçada na indulgência , no respeito , na união , e na harmonia geral entre todos nós .
Ao terminar a minha reflexão , penso que a nossa transformação nos levará naturalmente ao encontro da probidade e da igualdade . A nossa defesa se levantará a favor da prática desinteressada da fraternidade , da esperança e da paz . A nossa nova e verdadeira condição nos colocará com sujeitos atuantes e semeadores do Bem pelo Bem . Responderemos - junto com muitos outros , pelo estado renovado das coisas , porque teremos contribuído com o(s) nossos suores e trabalho para tal alcance. Todos nós seremos chamados ditosos , porque trabalhamos no campo sagrado de Nosso Pai . E todos nós , colheremos o produto dos nossos esforços e o colocaremos no banquete preparado pelo Nosso Pai e o compartilharemos entre todos. O Espírito de Verdade nos lembra que é chegada a hora em que Nosso Pai , procede à identificação dos seus servidores mais fiéis , marcando a cada um com o dedo e separando aqueles cujo devotamento é apenas aparente dos mais animosos e ao final cumprir-se-ão estas palavras : “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.” Então , a escolha é nossa . Arregacemos as nossas mãos e vamos (re) começar o trabalho...

mafr.

terça-feira, 18 de março de 2008

ESPIRITISMO E RELIGIÃO

O Espiritismo é uma Religião?

Religião é o culto prestado às divindades e os deveres dos crentes para com elas.

A elas estão associados elementos essenciais, que não fazem parte da doutrina espírita, como os exemplos abaixo indicados:

O espiritismo não tem estrutura hierárquica, nem clerical;
Não tem sacerdotes, nem chefes religiosos;
Não tem templos sumptuosos;
Não adopta cerimónias de espécie alguma;
Não tem rituais;
Não usa vestes especiais;
Não tem qualquer simbologia;
Não utiliza ornamentações associadas a práticas exteriores;
Não tem gestos de reverência, sinais cabalísticos, benzeduras...
Não tem talismãs, defumadouros;
Não usa cânticos nem danças cerimoniosas,
Não utiliza bebidas, oferendas...
Não tem dogmas indiscutíveis;
Não fazem parte do seu vocabulário as palavras - misticismo, sobrenatural, milagre...

(...)

Algumas razões pelas quais o espiritismo vem sendo confundido sendo designado por alguns dos seus adeptos como mais uma religião:

Ignorância nesta matéria;
Desconhecimento doutrinário;
Hábitos pretéritos, enraizados no ser;
Movimentos espíritas internacionais e locais, que adoptaram o termo religião e que, por desconhecimento, são tidos como exemplo/modelo;
A fonte moral sendo Jesus, é indevidamente associada às religiões...

O espiritismo, não diz que fora dele não encontremos a salvação. Afirma sim e faz dessa máxima sua divisa: fora da caridade não há salvação.
Portanto não se encontra na doutrina espírita o proselitismo das religiões e a ânsia na obtenção de adeptos. O respeito para com todas as práticas religiosas é uma característica do espírita.

O Espírito da Verdade avança com outra máxima: Espíritas: amai-vos, espíritas instruí-vos, sublinhando desta forma e mais uma vez as fortes vertentes morais e culturais da doutrina espírita.

Depois deste breve estudo, a doutrina espírita pode ser apreendida na sua verdadeira essência, como uma doutrina de aperfeiçoamento moral, ética - ciência do bem -, do comportamento e do procedimento, decorrente ou consequência da sua filosofia de vida, solidamente apoiada na sua base científica.

Allan Kardec, o codificador, prevendo os rumos a que o movimento tenderia no futuro, profere um discurso com um belo texto, na abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, da Sociedade Espírita de Paris, no dia 1 de Novembro de 1868. A seguir e em jeito de conclusão desta matéria, transcrevemos partes desse elucidativo e eloquente discurso:

"Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que esta deve exercer toda a sua força porque o objectivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria. Infelizmente, na sua maioria, afastam-se desse princípio, à medida que faziam da religião uma questão de forma."

(...)

"O isolamento religioso, como o isolamento social, conduz o homem ao egoísmo."

(...)

"Religião, é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças."
(...)
"O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objectivo, é, pois, um laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações e não somente o facto de compromissos materiais, que se rompem, à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como consequência da comunidade de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas." Se assim é perguntarão: o espiritismo é uma religião?"

(...)

"Ora sim, sem dúvida, senhores. No sentido filosófico, o espiritismo é uma religião, e nós glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza."

(...)

"Por que, então, declaramos que o espiritismo não é uma religião?"

(...)

"Porque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o espiritismo não tem. Se o espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimónias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública."

(...)

"Não tendo o espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral..."

Kardec, no livro "O que é o espiritismo" define espiritismo assim: "O espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações."

É evidente que o significado do vocábulo - religião -, na sua origem, serviria para codificar a nossa ideia (mental) de espiritismo. Mas a linguagem constitui um movimento vivo e, ao longo da história, os diversos vocábulos vão adquirindo uma carga que lhe vai modificando o seu significado original. Assim, às religiões, como atrás foi apresentado, estão agora, associadas variadas práticas e elementos essenciais que não se encontram no espiritismo, pelo que afasta qualquer hipótese de o catalogarmos como mais uma religião.

O assunto tratado, deverá servir não para desunir os espíritas em discussões inúteis ou para debates injustificáveis, mas para situar o espiritismo no contexto universal das ideologias, que vão interpretando a vida.

Retirado do Curso básico de Espiritismo da Associação de Divulgadores do Espiritismo de Portugal - 3.º Caderno - O ESPIRITISMO E AS RELIGIÕES

O LADO OBSCURO DO ABORTO

O lado obscuro do aborto

Quase passa desapercebido de todos alguns aspectos obscuros sobre o desejo do Governo Federal de pugnar a legalização do aborto no Brasil. Há todo um jogo de encenações, contradições, equívocos e de dados e pesquisas duvidosas favoráveis a essa ou aquela parte. A opinião pública precisa saber a verdade sobre o aborto, para poder se posicionar acerca desse obscuro tema.

O Governo Federal brasileiro usa como argumento principal para a sua propositura para legalizar o aborto a hipótese de que milhares de mulheres morrem, por ano, no Brasil por conta de abortos clandestinos e por causa disso e com “compaixão” delas almeja legalizar o aborto geral para o bem das mulheres. Mas não é bem assim essa história e pode-se considerar defesa subliminar e obscura que acaba levando e dando margem a diversas interpretações e hipóteses. Há muitos interesses obscuros por trás dos países que pugnam pela legalização do aborto no mundo.

Em 22 de janeiro de 1973, nos Estados Unidos, uma equivocada decisão da Suprema Corte de Justiça, liberou o aborto naquela plaga, num episódio que ficou conhecido como o caso “Roe versus Wade”, em que a jovem texana Norman McCorvey – apelidada de Jane Roe – dizia ter sido estuprada. Porém, em 1995, na revista americana “Newsweek” ela revelou que havia mentido para os juízes e que nunca houvera sido violentada. Hoje, arrependida, trabalha no Movimento Pró-Vida para América. Ainda nos Estados Unidos, no dia 10.12.1974, veio à tona o malfadado Relatório Kissinger, que diz, em apertada síntese, que nenhum país conseguirá fazer controle de natalidade se não recorrer ao aborto, o que acabou mostrando o verdadeiro interesse dos governos na legalização do aborto.

Os movimentos pró-vida, também nos Estados Unidos, explodiam as clinicas de abortamento com as pessoas dentro, numa contradição sem fim, pois não se pode lutar pela vida matando as pessoas. Por outro lado, os que defendem o aborto nunca tiveram coragem de mostrar o outro lado da moeda e o mesmo fica como se fosse um “oásis”.

Legalizar o aborto no Brasil não trará nenhum beneficio para as mulheres, pelo contrário, pois o que se tem visto, são mutilações psíquicas e físicas nelas, muitas vezes irreversíveis, e não há nenhuma garantia que essas indigitadas mortes – se é que existem mesmo – irão acabar ou mesmo diminuir com a legalização do aborto, pois o sistema de saúde brasileiro beira o caos.

O Governo Federal quer na verdade fazer o controle de natalidade no Brasil e usa discurso obscuro de “preocupado” com a saúde e a vida das mulheres, quando na verdade, está é usando as mulheres para seu programa de controle populacional. A legislação infraconstitucional penal já disciplina as hipóteses em que o aborto é permitido no Brasil e qualquer lei que generalize essas hipóteses deverá ser considerada inconstitucional. O discurso governamental é sofismático e é preciso que o mesmo diga a verdade para a população sobre suas reais intenções em pugnar o aborto no Brasil.



* LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é advogado e psicanalista e apóia o Movimento Nacional em Defesa da Vida – Brasil Sem Aborto

segunda-feira, 17 de março de 2008

"SLOW DOWN"

PISE NO FREIO...
Nova moda européia: o "slow down" (desacelere)

Irmãos, paz!
Um amigo muito querido enviou-me, ontem, um power point escrito por um argentino que mora e trabalha na Suécia, falando sobre a nova moda européia: o "slow down" (desacelere), que surgiu para se contrapor ao "do it now" (faça já), norte-americano.
Ainda que não goste de termos importados, ambos descrevem bem as duas maneiras de viver da atual raça humana.
No "do it now", somos obrigados a viver tensos, priorizando a quantidade de tudo, informações, produção, dinheiro, valores materiais, etc. "Tempo é dinheiro", aprendemos a ouvir em nossa infância. Hoje, talvez, disséssemos "cada segundo é dinheiro".
Aonde ficou nossa qualidade de vida nesse vórtice vertiginoso no qual se jogou a atual humanidade, tão preocupada com o possuir, com o ter, com o mostrar que se perdeu de si mesma, gerando a energia necessária para que a destruição do planeta tornasse-se uma realidade de agonia aos seres dos outros reinos, vítimas da civilização.
E nem podemos dizer que este é um problema que afeta apenas ao mundo ocidental pois que os países orientais já assumiram para si a forma de capitalizar bens materiais em detrimento das cultura milenar do silêncio interior.
Estamos de tal forma acelerados que o tempo, por si mesmo, acelerou, como esta cientificamente, comprovado.
Acordamos pensando na hora de dormir e dormimos pensando no momento de acordar. Vivemos exaustos, exasperados, desanimados, desesperançados.
A depressão se tornou a coqueluche da humanidade. A moda atual.
Corremos para não perdermos a hora porque estamos com a sensação de estarmos sempre atrasados. Ao corrermos, não vemos o que nos esta em volta. Não modificamos a energia que nos rodeia. Corremos demais, comemos demais, falamos demais, pensamos depressa demais, queremos demais e vivemos de menos, sentimos de menos, amamos menos.
O "fast food" é o almoço de três dentadas (pobre estômago!), que nos leva às academias, aos consultórios de psicólogos e psicanalistas, aos bares e aos guetos das drogas e que nos afasta das famílias, da boa música, do admirar as flores, da leveza do tempo que se vai por si só.

Será isso vida?
Ou será isso prenuncio da morte do "eu".
Por que os anciãos de hoje, com mais de 75 anos, falam de suas infâncias calmas e nós nos sentimos tão infelizes, tão desejosos de termos podido fazer as brincadeiras que eles dizem ter feito? Temos tão mais tecnologia que eles mas eles chegam à idade avançada tão facilmente. Chegaremos nós até os 80?
Independentemente dos avanços da medicina, viver sem qualidade, viver escravos de remédios com tantos efeitos colaterais será viver?
E, ai, no Velho Continente, alguns passam a valorizar exatamente o oposto: faça sua comida devagar, coma devagar, ande devagar, converse com seus familiares, seus amigos, brinque com seu cachorro ou gato, observe a natureza, encante-se com o canto dos pássaros, com a beleza das árvores, das flores, faça imagens engraçadas com as nuvens no céu, sorria de nada e chore como criança. Respire fundo, se estique e espreguice como se não houvessem problemas no mundo.
Mas, sobretudo, mentalize Jesus. Não para pedir . Apenas para sentir em você o eco da energia doce e extraordinária deste Divino Ser.
Sem pressa e sem medo, abra seu coração para que a energia de cura do universo que habitamos possa circular em seus chacras.
Liberte-se de todo e qualquer pensamento que possa impedi-lo de alçar este vôo rumo à liberdade.
Abrace-se com carinho, pois você é seu mestre e depende de você, só de você, para ser feliz.
Olhe para sua família, procurando sentir o quão precioso é o mosaico que a compõe.
Ao comer, agradeça do Sol à Terra e tudo o que nela existe e que propiciou ao alimento chegar até você.
Não desperdice água mas venere-a pois ela é vida.
Não se alimente de animais mortos em tortura. Alimente-se de vegetais altamente energéticos pois absorveram a energia primaz do Sol.
Olhe-se no espelho com carinho, procurando se descobrir.
Jogue fora o relógio.
Viva para ser e não para ter.
Seja feliz!

Mônica de Medeiros, médica cirurgiã formada pela Unicamp e com mestrado na University of Illinois at Chicago. Fundadora e presidente da Casa do Consolador, centro universalista de fundamento cristão e base espírita. A Casa do Consolador responde pela ONG Árvore da Vida que socorre animais em sofrimento e apóia protetores dos mesmos.
TEXTO PESQUISADO NA WEB.

sábado, 15 de março de 2008

CRISE NA AMÉRICA DO SUL?

10 DE MARÇO DE 2008 - 21h02

Deu zebra, New York Times!
por Bruno Barbosa (Lobão)*


“É difícil acreditar que no século 21 os governos eleitos democraticamente na Colômbia, Equador e Venezuela falem de guerra”. A partir deste comentário introdutório, o diário norte americano The New York Times, em editorial publicado dia 06 de março de 2008, com o titulo: “a América do Sul está em pé de guerra?” passou a deitar regras, com sua peculiar arrogância, aos membros da OEA e aos paises envolvidos recentemente no conflito gerado pela condenável invasão promovida pela Colômbia ao vizinho Equador.
Seguindo a fórmula adotada pela “grande” mídia burguesa, da qual aliás o NYT é uma das musas inspiradoras, concentrou seus principais esforços em desancar as Farc e o Governo Venezuelano como elementos de instabilidade na América Latina.
Críticos abertos dos movimentos e governos populares, sempre manipulando a noticia, optaram por fazer sumir do noticiário o argumento central do governo venezuelano para enviar tropas para a fronteira com a Colômbia, qual seja, o temor, diante do evidente conluio fascista Bush/Uribe, de desdobramento da crise para dentro do território venezuelano uma vez que a Revolução Bolivariana tem sido o principal desafio aos ditames imperialistas nos Andes. Como diz o ditado, boi que acorda cedo bebe água limpa. Chaves não vacilou em defender seu pais. O resto e má fé da grande mídia, sorridente por prestar seu servido de desinformação. Também tem sido omitido, de forma permanente há quatro décadas, o histórico de lutas das Farc contra a oligarquia colombiana, uma das mais aguerridas, violentas e antidemocráticas do continente, status conquistado entre muitas concorrentes temos que reconhecer.
Neste momento, por estarem construindo uma saída humanitária para a troca de reféns, parece irreversível ter a iniciativa política passado às Farc e aos estados interlocutores, Venezuela, Equador e França. Desesperados, Álvaro Uribe e Bush, perceberam a ameaça representada pela potencial adesão internacional à agenda pacifista e decidiram atacar. Mataram o principal negociador da troca humanitária, o histórico guerrilherio Raul Reyes. A agressão fascista, orquestrada desde a Casa Branca, deixou uma escura nuvem de fumaça que vai muito além das selvas equatorianas, atinge toda a América Latina, com seus sinais de perigo para a estabilidade tanto do continente como para todos os demais paises do mundo. Os EUA perseveram com sua doutrina agressiva de guerra ao terror afrontando a soberania dos povos e o direito internacional.
O Imperialismo Estadunidense estimulou a selvageria de Uribe ciente de que isso representaria, no caso da atual troca de reféns das Farc, uma pública e retumbante trombada no Governo Francês. Num momento em que cresce no mundo um leve ensaio do imperialismo europeu em voltar a disputar a hegemonia mundial. A França de Sarkozy, ansiosa por se tornar referência no continente americano a partir da libertação da senhora Ingrid Betancourt esteve ate agora diretamente envolvida nas negociações com as Farc, mantendo representantes acampados nas selvas equatorianas. Isso a mídia alinhada a Washington não destaca no noticiário. Em seu editorial o NYT nem toca no assunto da participação do Governo Francês no imbróglio tratado na OEA.
O jornalão elenca, pateticamente, sua fórmula para que uns e outros as cumpram imediatamente: todos devem passar a perseguir os guerrilheiros das Farc numa guerra sem fronteiras. Ordena também o NYT que “Equador e Colômbia devem rejeitar a intervenção e manipulação do líder da Venezuela”. Deve o “esquerdista Correa” recusar-se, como se estúpido fosse, a dar ouvidos à Venezuela, único estado que de fato se preparou para ajudar a defender o Equador com homens e armas. Aproveito para perguntar se a França, que tem em Chaves seu principal apoio na libertação de reféns, está sob essa ordem também?
Reeditando o principezinho espanhol, o New York Times determina ainda: “Chávez deve ficar quieto. Quanto mais ele se mete, fica mais fácil de acreditar que as acusações contra ele são verdadeiras.“ De novo daria vontade de rir de tamanha empáfia, querendo calar a voz que na América do Sul mais espreme com genuíno antagonismo os interesses do Imperialismo Estadunidense. Mas na verdade não consigo rir diante de tudo isso, os assassinatos que estes senhores da mídia buscam legitimar por ai me enojam.
Segue o NYT: “Recebemos garantias, na quarta-feira, que a Organização dos Estados Americanos decidiu enviar uma comissão para investigar o ataque e convocou uma reunião de ministros do exterior para analisarem os resultados.” Receberam garantias? É de fazer rir a maneira como abordam a decisão da OEA. Seu Governo, Bush, foi fragorosamente derrotado no debates ocorridos na OEA. Não lhes deram garantias, lhes deram uma derrota diplomática e política. Fracassaram os EUA, e seu apadrinhado Governo Uribe, ao tentar barrar o grito da totalidade dos outros paises membros contra a invasão delinqüente promovida no Equador.
Demonstrando falta de informação, o “grande” jornal NYT, acostumado com uma OEA a serviço dos EUA, chega mesmo a ameaçar Equador e Venezuela com condenação tendo por base afirmações do governo da Colômbia de que possui provas inauditas que demonstram conspirações esquerdistas nos Andes destinadas a... neste momento o NYT não afirma nada, nem lhes convém afinal, pois ai já é o terreno onde a mídia marrom aposta nas subjetividades dos leitores, nas construções que o inconsciente realiza de forma sutil e duradoura, apostando nos efeitos de seu veneno.
Mas, e isso merece grande destaque aqui, o maior fracasso dos EUA esta no fato de que, talvez pela primeira vez na sua história, a OEA atuou com dignidade e independência. Com novos e importantes atores agindo com brilho e construindo consensos em torno de princípios que negam e renegam as doutrinas do fascismo.
Quanto a isso é preciso parabenizar a diplomacia brasileira por sua atuação firme e determinante para o isolamento das posições defendidas pelos EUA/Colômbia. Ao contrário do que pensa o NYT quem recebeu garantias neste processo fomos nós, povos latino-americanos, de que os estados do continente têm espaço para manter suas cabeças erguidas e de que os movimentos sociais devem permanecer alinhados, e vigilantes em seu avanço por justiça, democracia e soberania.
Por fim, pensando melhor sobre a frase introdutória do editorial do NYT que diz “É difícil acreditar que no século 21 os governos eleitos democraticamente... falem de guerra”, acabei concluindo que pode haver ai uma certa mea culpa velada, afinal pensar em guerras de agressão em pleno século 21 é mesmo coisa de ditadura fascista.



*Bruno Barbosa (Lobão), Bacharel em Direito (UFMG)

terça-feira, 11 de março de 2008

MÉDIUNS E MEDIUNIDADES

Médiuns e Mediunidades
Marco Aurélio Faria Rezende



É cada vez mais oportuno que reflitamos sobre as condições em que exercitamos a Mediunidade e nos colocamos na condição de médiuns cristãos. É fundamental que compreendamos a nossa posição de meros intermediários em um processo que transcende à nossa participação e tem a sua gênese na própria evolução espiritual da humanidade . Alguns estudos apontam que a prática mediúnica é na verdade uma das possibilidades que existem de intercâmbio entre os mundos físico,material e suprafísico , sendo em uma determinada época da evolução humana , um fenômeno bem mais comum e natural . Nos dias atuais , já compreendemos que essa questão ainda guarda uma evidente relação com a natureza humana , mas o seu exercício está atrelado à procura que o homem vem experimentando do seu “eu superior”. É uma espécie de retorno a sua condição divina, que ficou perdida na noite dos tempos. A Mediunidade então é o instrumento utilizado por nós para o resgate das conseqüentes relações que viemos vivenciando ao longo de sucessivas experiências na Matéria e que acabaram por embotar o nosso espírito no caminho da luz .
Daí então , venho internalizando melhor a minha condição de encarnado em processo de constante aprendizado e resgate do endividamento espiritual. É essa a nossa verdadeira situação evolutiva . Portanto , se como conseqüência dessa condição , estamos experimentando mais ou menos ostensivamente a nossa possibilidade no campo mediúnico, temos que tratar de usar a ocasião e empreendermos todo esforço com o nosso melhor. Afinal , esta é uma oportunidade de trabalho e de confiança , dada pelo Nosso Pai , que deve ser usada exclusivamente como um instrumento de aprimoramento da nossa condição moral .Longe de nos qualificar , essa condição caracteriza a nossa imperfeição ainda renitente .Se a usamos adequadamente , essa circunstancia pode apressar ou abreviar a liquidação de faltas passadas .E , no final , os primeiros beneficiados dessa empreitada somos nós mesmos . É como se tivéssemos em condição de liberdade para retomar o nosso caminho na estrada do Bem , trabalhando no Bem .
No entanto , precisamos crer que até para essa oportunidade , o Nosso Pai é extremamente misericordioso. Quando estamos verdadeiramente comprometidos com a nossa tarefa no campo mediúnico , usando a boa vontade , o estudo e a responsabilidade necessários , estamos preenchendo a nossa parcela no plano de trabalho planejado por e para nós no mundo espiritual . E como conseqüência , acabamos por favorecer mais especial e permanentemente a (re) ligação com nossos Amigos Espirituais que orientam e guiam a nossa caminhada mediúnica com ordem, segurança e eficiência .
Em contrapartida a essa ajuda – consistente e precisa , precisamos estabelecer seriedade nas nossas ações . No que me diz respeito , venho tentando desenvolver essa experiência de forma a colocar verdade e disposição a serviço da minha condição mediúnica. Primeiramente , já aprendi e venho exercitando que existe toda uma pré-condição a ser observada para o trabalho que deve começar muito antes do dia em que ele se realiza efetivamente . É fundamental toda uma preparação que inclui desde a alimentação – exclusivamente feita sem carne de qualquer espécie , sendo liberado só o peixe , passando pelas restrições à bebida e ao fumo – no meu caso , sem problemas , até ao cuidado com leituras e situações de extrema emoção e conflito , pelo menos dois dias antes do dia do trabalho. Ainda dentro desse aspecto , é muito importante que tenhamos postura física adequada considerando principalmente a nossa aparência , o vestuário que utilizamos e as condições de limpeza e higiene com que nos apresentamos .
Para o trabalho mediúnico , tenho observado ser de grande ajuda o desenvolvimento do autodomínio das nossas atitudes . Tenho percebido ser de grande ajuda que comecemos a experimentar algumas sensações, reconhecer certas impressões e identificar determinadas reações tão comuns à vivência mediúnica ,afim de que alcancemos a autocrítica fundamental para o exercício mediúnico responsável. Desta forma , podemos compreender mais claramente que a responsabilidade pelo trabalho que estamos empreendendo é exclusivamente nossa ,não cabendo neste caso , sob nenhuma hipótese, a tentativa de buscar imputar alguma carga ao Plano Espiritual .Devemos ter sempre em mente que temos o domínio completo de nossas ações e atitudes e que o trabalho mediúnico é encargo nosso e , quando realizado de forma responsável tem sempre a orientação de Nosso Pai . Portanto , é imperioso o cuidado que devemos ter com a qualidade das mensagens que podemos “transmitir”, das vidências que podemos “narrar” e das incorporações que podemos “receber”. Nesse processo , a nossa condição é de intermediário crítico e consciente , conforme nos oriente André Luiz em psicografia de Chico Xavier na obra “Domínios da Mediunidade” .
Já podemos também afirmar que Mediunidade é efetivamente sintonia e que essa sintonia guarda relação direta com todas as nossas ações – veladas e reveladas no dia-a-dia da nossa vida.. Ou seja , construímos essa sintonia em cada dia , no convívio que estabelecemos em todas as nossas relações – em casa , na vizinhança , no trabalho e não somente na Casa Espírita , na hora do trabalho de atendimento na hora da reunião pública . Longe de ser bom ou obsessor , o irmão que se aproxima de nós , o faz por afinidade , estabelecendo conosco um acordo mútuo e recíproco . Logo , está em nós – só em nós , alimentar ou afastar essa combinação . Só nós podemos identificar e distinguir a natureza e o propósito dessa aproximação . Se já compreendemos assim , podemos fazer as nossas escolhas fundamentados na oração e na vigilância dos nossos pensamentos, no estudo constante e sistematizado da nossa Doutrina , no respeito às orientações recebidas e com humildade permanente em nossas atitudes e ações .
Ao terminar , acredito verdadeiramente que se firmamos o compromisso de exercitar a prática mediúnica , devemos fazê-lo de forma ordenada , segura e eficiente . Por isso , julgo ser vital a busca de um único grupo espírita que tenha a nossa total confiança , afim de que possamos educar as nossas possibilidades no campo da Mediunidade com a necessária garantia do uso dessas possibilidades no uso da prática do Bem e sob a orientação de Irmãos Espirituais de elevada condição moral .



Mafr.