quarta-feira, 14 de agosto de 2013

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Só a reencarnação explica Diário da Manhã Enviado em 13/08/2013 às 21h44 Jávier Godinho
Hugo Nakamura, mestre de artes marciais e educador de duas gerações de goianos, não se cansava de repetir a seus alunos: – Se o malandro soubesse as vantagens de ser honesto e de ser bom, ele seria honesto e bom por malandragem... Quanta sabedoria nestas palavras! Tudo que o homem sofre é consequência do que fez de errado, em existências passadas ou na atual. Quando ele viola uma lei natural, praticando o mal, rompe um equilíbrio que está obrigado a restabelecer, o que só pode ser feito com dor ou com amor. Ninguém escapa a essa determinação cósmica e, para ser livre, está obrigado a pagar o que deve até o último ceitil, conforme expressão de Jesus. A isso se denomina lei do carma, lei de causa e efeito ou lei do retorno, que funciona infalivelmente, nas mínimas coisas. No livro Chico Xavier – Mandato de Amor, publicado pela União Espírita Mineira em 1992, alusiva aos 65 anos de mediunidade exercida por Francisco Cândido Xavier, encontramos referência a espíritos que renascem na Terra em processo de resgate cármico. Por exemplo, alguém com miopia acentuada, porque, no passado, usou indevidamente sua vista, vendo coisas que não devia e assim prejudicando ao próximo e a si mesmo. Os recursos cada vez mais adiantados da medicina lhe devolvem a visão e, então, ele perde a oportunidade de ficar livre daquele débito. A propósito, Chico Xavier – Mandato de Amor traz o seguinte relato: “Há uns 30 anos, aproximadamente, um pequeno grupo de espíritas, no meio deles Chico Xavier, comentava problemas relacionados a imperativos cármicos, determinantes de inibições suavizadas ou corrigidas pela medicina moderna. A questão gravitava em torno do seguinte: como conciliar os recursos da medicina terrestre, especialmente na área da cirurgia, com a correção de anomalias orgânicas em criaturas em processo de resgates cármicos. Chico explicou: – Não importa que a cirurgia faça desaparecer anomalias inibidoras ou deformantes de implementos somáticos. O perispírito conservará a deficiência, que vai se projetar para reencarnações futuras, a não ser que o espírito devedor se reajuste com a lei da Justiça, cobrindo com o amor a “multidão de pecados”, conforme o Evangelho. A cirurgia corrige transitoriamente as deficiências físicas. O amor, trabalhando nos tecidos sutis da alma, purifica a redime para a eternidade”. O extraordinário médium de Uberaba se referia à Primeira Epístola de São Pedro, 4;8: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados”. No caso de quem recuperou a visão, este ensinamento se aplica no sentido de que o beneficiário da cirurgia passe a usar seus olhos com responsabilidade, impedindo que eles se transformem novamente em motivo de erros. Aprendendo a ver corretamente os homens e o mundo, o felizardo usará a luz de seus olhos para também iluminar o caminho dos outros. Ao praticar assim o amor, estará se livrando do castigo de ontem e não precisará mais ser míope, no presente e no futuro. Carma, em sânscrito, a língua mais antiga do mundo, quer dizer “ação”, designando “causa e efeito”. Os hindus o conhecem há milênios e, somente no século XIX, ele começou a ser assimilada no Ocidente, graças ao pioneirismo de Allan Kardec. É o correspondente, no mundo espiritual, a uma lei da física: toda ação motiva outra reação igual, diametralmente oposta. Se eu pratico o bem, recebo de volta o bem. Se faço o mal, o mal retorna sobre mim, na mesma proporção e intensidade. Carma é a conta do destino, criada por nós mesmos. Há carma individual, coletivo, de povos e raças, de estados e instituições. Semeou, seja individual ou coletivamente, se colhe, individual ou coletivamente. Newton Boechat, no seu livro Ide e Pregai, observa que o carma é tão inflexível que pune a quem nele acredita – se errar –, e beneficia a quem nele não acredita – se acertar. O carma explica as doenças inexplicáveis pelas religiões, as causas dos desastres, dos acidentes, dos sofrimentos que surgem de repente, como também do sucesso que chega sem se fazer anunciar. Cada existência na Terra contém, em última análise, o fruto das vidas passadas, cristalização dos nossos atos e pensamentos, dos nossos desejos e aspirações, bons e maus, e o embrião de reencarnações futuras, na lógica sequência e encadeamento de causas e efeitos, dinamizados dentro do psiquismo de cada alma, na explicação de Rodolfo Calligaris, em As Leis Morais. É a reencarnação a única chave segura para equacionar quase todos os problemas que afligem o ser humano, simbólica “escada de Jacó” para lhe conceder os altiplanos felizes da vida. A reencarnação dignifica a vida. Sem ela não teria sentido a existência humana. É a luz que aclara as noites do destino e bênção que suaviza todas as dores – conceitua Divaldo Pereira Franco, em Loucura e Obsessão. Não existem, pois, favoritismos, predestinações ou arbítrios divinos. Para cada vida, no plano terrestre ou no mundo espiritual, o homem é o juiz do seu próprio destino, subordinado ao determinismo cósmico, essencialmente complacente e progressivo, transcendendo o espaço e o tempo. Invariavelmente, prevalece a lei do mérito. Cada qual tem exatamente o que merece. Ninguém sofre uma dor que não provocou, ninguém desfruta da felicidade que não construiu. (Jávier Godinho, jornalista)

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